Mais de dois meses após a Corrida do 1º de Maio o atleta regressa à competição, e num ambiente que é o da sua preferência.
A meio caminho entre uma “tendinite” e uma lesão no menisco interno direito, e contra todas as indicações quer familiares quer de natureza médica, o Tartaruga Carlos Gonçalves repetiu, com o seu filho Gonçalo, a participação no Palmela Run, uma prova mista entre alcatrão e trilhos, e que começa ao final da tarde e termina ao início da noite.
Estavam, assim, reunidos todos os ingredientes para uma prova simpática e em “fim de época”.
Sem a dureza de uma prova de estrada, nem a exigência extrema de um “trail”, o Palmela Run serviu como teste perfeito para aferição das reais capacidades e insuficiências deste Tartaruga que se encontra numa fase de grande indefinição e, porque não dizer, de aflição, quanto ao seu futuro próximo em termos de prática desportiva.
Em face de uma arreliadora lesão no joelho direito, o atleta tem-se multiplicado em diversas consultas e exames de avaliação do seu real estado. E aqui começa a grande confusão. O clã dos “médicos ortopedistas” defende acerrimamente a operação ao menisco. Do outro lado da barricada perfilam-se fisioterapeutas e fisiatras para os quais a intervenção cirúrgica deve apenas ser considerada em última instância e quando estiverem esgotadas todas as hipóteses de tratamento. Ir “à faca” será a derradeira opção e quando não houver escolha possível.
Mas vamos ao que interessa, que é a Corrida.
Mantendo o figurino de há dois anos, no ano passado a prova não se veio a realizar, o Trilho Perdido montou de novo uma prova para todos os gostos. Dirigida aos amadores que entendem a corrida como um meio de puro lazer e sem propósitos competitivos, vamos encontrar de tudo um pouco. O primeiro quilómetro, que nos leva a deambular por algumas ruas da simpática Vila de Palmela, serve de aquecimento para o que aí vem. Aliás, como foi dito no “briefing”, as primeiras centenas de metros são muito fáceis e sem qualquer tipo de altimetria. Deixamos o alcatrão para trás e entramos na fase de “trail” seguindo pelo caminho dos moinhos na Serra do Louro, sobejamente conhecido pelos BTTistas que rumam a estas paragens ao fim-de-semana.
Consciente e muito preocupado com a lesão do Pai, o Tartaruga Gonçalo não se cansa de perguntar como vão as coisas. “Está a doer-te? Vais bem?”. “Sim”, e abraçam a primeira subida digna desse nome. Começa a fazer-se a primeira selecção dos atletas.
Ainda tento convencer o meu filho para partir ao seu ritmo. Mas, incansável, prefere manter-se como garante e apoio do atleta mais velho.
Segue-se uma descida mais perigosa, não tanto pelo declive mas pela escadaria em madeira e em alto estado de desagregação. Bem nos alertaram para este troço. De nada nos valerá entrar em loucuras pois não é nesta fase que se marcará a diferença.
Sensivelmente ao quilómetro 4,5 entramos num dos mais bonitos troços do percurso. Em zigue-zague constante percorremos um “single trek” no meio de densa vegetação e exigindo-se do atleta uma atenção constante para não colocar mal o pé.
Perto dos sete quilómetros e meio encontramos o primeiro, e único, abastecimento. Como o cansaço não foi muito a sede também não aperta. À nossa espera está a maior dificuldade de toda a prova. Uma subida com piso irregular e com alternância de declive, digna de uma prova de trail daquelas a que estamos habituados e que tiram do “sério” mesmo o mais afoito. Fazê-la toda a correr só mesmo para os mais preparados.
A noite começa a cair e, quando entramos no Castelo de Palmela, temos de, finalmente, ligar os nossos “frontais”. Não nos podemos deter a admirar a fabulosa vista sobre Setúbal e o estuário do Sado. Não estamos ali a fazer turismo mas sim numa competição. O mais difícil já passou.
Surpreendentemente ainda nos faltam cerca de quatro quilómetros até ao final. Mas estamos tão perto do local da meta. Não haverá qualquer falha no nosso Garmin na medição da distância percorrida? Pai e Filho interrogam-se mas não se detêm por muito tempo com esta preocupação. Há que desfrutar ao máximo esta aventura.
A Meta está próxima, mesmo ali ao virar da esquina. Uma última aceleração e terminamos a segunda edição do Palmela Run. À nossa espera está a Treinadora/Esposa/Mãe, Ana Luísa.
Uns exercícios de recuperação, com alongamentos à mistura, e estamos prontos para atacar a nossa merenda constituída por um Pão com Chouriço e uma Imperial ou uma garrafa de água.
Os primeiros classificados há muito que tinham terminado a sua prova. E começam a chegar os primeiros caminheiros.
Um elemento da organização começa a informar ao microfone que as primeiras classificações já estão disponíveis na página oficial. Avidamente procuramos pelos nossos nomes. E, surpresa das surpresas, verificamos que os atletas das LEBRES E TARTARUGAS até não ficaram assim tão mal na fotografia.
O Gonçalo ficou em sexto lugar nos Sub 23. Se tivesse seguido os conselhos do Pai talvez tivesse conseguido um lugar no pódio. O “Lesionado” acabou por conquistar um terceiro lugar na categoria dos M60 (à chegada foram seis atletas nesta faixa etária).
A equipa aguarda ansiosamente pelo começo da distribuição dos prémios. Apesar de já terem trocado de camisola, a oficial da equipa das LEBRES E TARTARUGAS, o atleta mais velho corre para o carro e volta a vestir a “t-shirt” do seu contentamento. Bem encharcada que estava. Mas fazia questão de subir ao pódio envergando o equipamento oficial da nossa equipa.
Para quem duvidava se estaria em condições de terminar a prova foi bem bom. E foi um sinal de ânimo de que afinal este atleta não está, para já, acabado para o “running”, e, muito particularmente, para o “trail running”. A partir deste final de sábado o futuro volta a mostrar-se sorridente.
Ponto Final. E no próximo ano Pai e Filho, Carlos e Gonçalo, vão tentar manter a condição de totalistas desta original prova que é o Palmela Run.
Seguem-se as férias.
Atletas que concluiram a prova: 236
Vencedor: RUI DOLORES (New ID): 0:49:55
CARLOS GONÇALVES (Dorsal Nº 266)
Classificação Geral: 189º - Classificação no Escalão M60: 3º
Tempo Oficial: 1:37:33/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): ND
Tempo médio/Km: 7:48s <=> Velocidade média: 7,69Km/h (*)
GONÇALO GONÇALVES (Dorsal Nº 267)
Classificação Geral: 188º - Classificação no Escalão Sub23: 6º
Tempo Oficial: 1:37:33/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): ND
Tempo médio/Km: 7:48s <=> Velocidade média: 7,69Km/h (*)
(*) - O Tempo médio/Km e a Velocidade média foram calculados em função dos tempos cronometrados (tempo do chip)
Corridas do Mês de Junho
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