São dez as Maratonas de Estrada que os dois Tartarugas Carlos completaram no passado fim-de-semana.
Foi precisamente na Maratona do Porto que estes dois humildes atletas arriscaram, pela primeira vez, o cumprimento de um sonho já antigo e com maior relevância desde que começaram a participar regularmente em provas de atletismo. E foi exactamente onde começaram que agora celebraram o redondo número da dezena de maratonas.
Na realidade dez não é um número por aí além para qualquer “Corredor de Fundo”. Mas se tivermos em atenção que estes dois Tartarugas só se abalançaram à distância da Maratona já depois de terem dobrado o meio século de vida então maior será o seu feito.
Desde o início da nossa participação em Meias Maratonas que testemunhamos que qualquer atleta comenta no final que para fazer uma Maratona “agora já só falta outro tanto”, o que invariavelmente conduz à desmotivação e descrença imediata em se habilitar aos “quarenta e picos” quilómetros que constituem a prova rainha do atletismo de estrada.
Há ainda outros atletas que, sob a égide das LEBRES E TARTARUGAS, já completaram pelo menos uma Maratona. Falamos do nosso outro Fundador, Frederico Sousa, e do Hugo Ferreira presentemente fora de competição e a iniciar o seu “treino” na qualidade de Pai de um futuro nosso atleta. Temos ainda o Bartolomeu Santos que já completou duas Maratonas mas num misto de estrada e montanha, mais precisamente na Lisbon Eco Marathon.
E não nos podemos esquecer do nosso alemão Georg Waldschütz, actualmente a residir nos “States”, que também já completou uma Maratona mas noutro País, depois de também ele se ter estreado com sucesso na distância da Maratona na Lisbon Eco Marathon de 2015. Grandes saudades do Georg.
A participação numa Maratona requer um longo e exigente plano de treinos que deverá ser cumprido o mais escrupulosamente possível. Temos de contar com, pelo menos, dois a três meses de algum sacrifício para nos apresentarmos no dia próprio em condições mínimas que nos permitam encarar com algum optimismo e segurança os quarenta e dois quilómetros e cento e noventa e cinco metros do nosso contentamento.
Depois de guardarem má memória da edição de 2015 os dois Tartarugas partiram para a cidade do Porto com algum optimismo. Cada um estabeleceu para si objectivos ambiciosos mas nos quais acreditavam poderem ser alcançados, com algum esforço, mas também com algum realismo.
O Carlos Teixeira queria concluir a prova abaixo da hora, marca que nas maratonas mais recentes não conseguiu atingir. O Carlos Gonçalves estabeleceu como meta fazer menos de quatro horas e doze minutos, correspondentes a uma média de 10 quilómetros por hora. Qualquer tempo abaixo deste objectivo já seria uma vitória. A fasquia das quatro horas era um sonho mas de difícil concretização.
E foi com este espírito que os nossos dois Maratonistas rumaram à Cidade Invicta no passado Sábado. Cada um seguiu viagem, independentes um do outro, e na companhia das suas “Mentalistas”.
O encontro das duas "equipas técnicas" estava marcado para o Centro de Congressos da Alfândega do Porto, local onde habitualmente está montado todo o “Staff” de apoio à Maratona e onde tínhamos de levantar os “kits” de participante com os dorsais.
Visitada a Expo Maratona a nossa equipa reuniu-se num simpático Café existente naquele espaço acertando as agulhas para o dia seguinte. Esperava-nos uma longa e exigente jornada. O fantasma do calor sentido em 2015 parecia estar definitivamente de lado. A confusão da Partida e dos primeiros quilómetros também faziam parte do passado. O traçado apresentava-se, à partida, como mais equilibrado. Estavam assim reunidas as principais condições para a nossa prova ser um êxito.
Domingo de manhã. O ponto de encontro era o Bessa Hotel, local de estágio do atleta Carlos Teixeira, e tendo como hora de recolha as oito horas. Com a Partida instalada entre o Castelo do Queijo e a “Anémona”, havia um perímetro muito largo e de difícil acesso por automóvel. Os atletas, depois de muito matutarem, decidiram descer a Avenida da Boavista até onde as autoridades policiais o permitissem. Fazendo alarde ao seu sentido de orientação a equipa procuraria estacionar a sua viatura o mais próxima possível do local da partida e, se possível, a uma razoável distância da chegada.
A Avenida da Boavista registava um inusitado movimento de atletas tendo em consideração a hora e o facto de estarmos numa pacata manhã de Domingo. Alguns, bastantes, deslocavam-se a pé desde a Praça da Boavista até à Partida. Muitos deles nem se aperceberam de quantos quilómetros teriam de percorrer avenida abaixo. Mas o espírito reinante era de grande satisfação.
A partida da Maratona estava marcada para as nove da manhã. Contrastando com o "stress" do ano passado os dois TARTARUGAS chegaram ao seu compartimento de partida sem grandes sobressaltos.
A foto para a posteridade, e também para o nosso Blogue, ficou gravada no telemóvel da nossa Treinadora.
Finalmente é dado o habitual “tiro de partida”. A concentração de atletas é grande. Mas, fruto das alterações introduzidas nesta edição, consegue-se, com alguma margem, cumprir os primeiros quilómetros sem grandes atropelos.
De regresso à zona do Castelo do Queijo dizemos adeus aos participantes na prova da Family Race.
Lançamo-nos definitiva e decididamente à conquista da nossa glória. Contrariamente às edições anteriores, desta vez a manga simbólica da Meia Maratona estaria situada já no concelho de Vila Nova de Gaia, mesmo em frente ao ancoradouro dos vários barcos/cruzeiro do encantador Rio Douro.
À primeira passagem pela Ponte da Arrábida já avistamos os mais adiantados e que se dirigem à zona da Afurada, local habitual do nosso ponto de viragem. A partir daí tudo parece, pelo menos do ponto de vista psicológico, mais fácil.
Ponte D. Luís. Local de passagem por duas vezes. “A Ponte é uma Passagem para a outra Margem”, refrão de uma das canções símbolo dos eternos “JÁFUMEGA”. É, sem dúvida, um dos Pontos Altos da Maratona do Porto. Largas centenas de populares acotovelam-se para festejar e incentivar os magníficos heróis que, muitos deles, percorreram milhares de quilómetros para deixarem a sua “pegada” na Maratona do Porto.
Viragem à direita rumo à zona do Freixo. E encontramos mais pontes para passarmos por baixo delas. Ponte do Infante, Ponte Dª Maria, actualmente desactivada, e Ponte São João. Só nos faltou mesmo a Ponte do Freixo. Num ápice visitamos as principais “Obras de Arte” que ligam os concelhos do Porto e de Vila Nova de Gaia.
O derradeiro ponto de retorno significa que já nos faltam cerca de dez quilómetros até à Meta. Como constava de um cartaz à beira da estrada, agora só falta mesmo mais um “treino”. São os derradeiros incentivos aos magníficos heróis. Daí para a frente tudo é encarado como se fosse sempre a descer. Temos a consciência de que o mais difícil já ficou, seguramente, para trás. Ânimo. Não vamos desistir.
Passada a Foz do Douro resta-nos cumprir pouco mais do que três quilómetros. É uma longa recta até à meta. Mas não é agora que vamos deitar tudo a perder. O cheiro da GLÓRIA paira sobre as nossas cabeças.
Ultima passagem pelo Castelo do Queijo, relembrando fugazmente o local de onde partimos algumas horas antes. Finalmente entramos no Parque da Cidade. Sempre a subir, de manga em manga, ultrapassando uma, outra e ainda mais outra curva, avistamos finalmente a tão desejada Meta da nossa glória.
Cumprimos um sonho. Dez Maratonas.
Os nossos dois atletas têm todos os motivos para cantar vitória. O Carlos Teixeira conseguiu terminar a prova abaixo das quatro horas. Foi uma das suas melhores prestações em Maratonas. O outro Tartaruga, com as suas quatro horas e quatro minutos dá consigo a pensar que baixar a fasquia das quatro horas volta a ser possível. Ele, que tinha decidido não voltar a participar na Maratona do Port,o já pensa em reconsiderar este seu propósito.
Terminada a odisseia os atletas vão recuperar do esforço despendido. Temos à nossa espera novas aventuras.
E também aguardamos pelos comentários do nosso colega TARTARUGA Frederico no rescaldo da Corrida Luzia Dias em que participou neste mesmo fim-de-semana levando o nome da nossa equipa a outras paragens.
Atletas que concluiram a prova: 4746
Vencedor: SAMUEL THEURI MWANIKI (Quénia) - 2:11:48
CARLOS GONÇALVES (Dorsal Nº 5947)
Classificação Geral: 2996º - Classificação no Escalão M60: 78º
Tempo Tempo Oficial: 4:07:53/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): 4:04:52
Tempo médio/Km: 5m:48s <=> Velocidade média: 10,34 Km/h (*)
CARLOS TEIXEIRA (Dorsal Nº 5948)
Classificação Geral: 2693º - Classificação no Escalão M55: 145º
Tempo Tempo Oficial: 4:00:21/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): 3:57:20
Tempo médio/Km: 5m:37s <=> Velocidade média: 10,67 Km/h (*)
(*) - O Tempo médio/Km e a Velocidade média foram calculados em função dos tempos cronometrados (tempo do chip)
Calendário do Mês de Novembro
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