Pelo oitavo ano consecutivo uma representação da equipa das LEBRES E TARTARUGAS deixa a suas pegadas, que não ecológicas, numa das Maratonas existentes em Portugal Continental. Seja com apenas um, dois ou mesmo três atletas, temos marcado invariavelmente presença na prova rainha das Corridas de Estrada.
A nossa representação deste ano esteve a cargo do Carlos Teixeira e do Carlos Gonçalves. Em paralelo, e numa zona diametralmente oposta, encontrava-se o terceiro tartaruga. O Frederico manteve-se fiel à participação na Meia Maratona de Lisboa cujo ponto de partida deveria ter sido em cima da Ponte Vasco da Gama. A sua estratégia de “Treino Zero” não lhe permite abalançar-se aos quarenta e dois quilómetros e cento e noventa e cinco metros de uma Maratona, tendo como perspectiva fazer uma prova em condições mínimas. Como já li algures o nosso organismo não está preparado para uma tão longa distância. Quem ousa desafiar tantos quilómetros tem/deve sujeitar-se a um rigoroso e mínimo plano de treino.
Concentremo-nos na Maratona já que coube ao Frederico passar ao papel a crónica/história da sua participação na Meia-maratona.
Uma corrida que se inicia a mais de trinta de cinco quilómetros do local da chegada obriga a uma logística mais apertada. Se acrescentarmos o facto de a partida ter lugar em Cascais e às oito da manhã obriga os maratonistas a “acordarem com as Galinhas”. O Carlos Gonçalves planeou levantar-se por volta das cinco horas de molde a chegar a casa do seu companheiro de corrida por volta das sete da manhã. Há que tomar o pequeno-almoço com calma e necessariamente mais recheado do que se faz quotidianamente antes de sair para trabalhar. E há também outras necessidades, mais de ordem fisiológica, que apertam mais em dias de provas.
Uma ameaça pairava sobre as nossas cabeças. Durante a noite o furacão LESLIE tinha prevista uma visita a Portugal Continental. Os maiores e mais devastadores efeitos previam-se para a zona litoral entre Lisboa e a zona centro e que se deveriam prolongar noite dentro.
Atenta à segurança dos atletas e do bom desenrolar da prova a organização optou por atrasar em uma hora a partida da maratona mantendo o percurso inicialmente delineado. Do outro lado da barricada verificar-se-ia alteração do local da partida mudando da Ponte Vasco da Gama para um local algures no IC2 no acesso a Lisboa. As alterações previam também algum atraso na hora da partida.
Faltavam pouco mais de quinze minutos para a hora da partida e já os dois maratonistas se perfilavam no seu compartimento das 4 horas e trinta. O tempo, sem chuva, afigurava-se como muito perto do que podemos considerar para uma prova que se irá estender por algumas horas.
Às nove é dada a partida junto ao Hipódromo de Cascais. Após alguns quilómetros entramos na estrada que vai dar até ao Guincho. Apesar de tudo o vento não era muito forte, embora de frente para os atletas, o que poderia ser considerada uma boa notícia já que, após a “viragem de sentido”, nos daria certamente uma ajuda empurrando-nos em direcção a Cascais, o que sucedeu. O mar estava muito bravo, aliás tremendamente bravo como não é habitual. As ondas executavam um bailado nunca visto, de tal modo que alguns atletas paravam momentaneamente junto à berma do outro lado da estrada para admirarem tão belo espectáculo e tirarem algumas fotografias com os seus telemóveis. Foi sem dúvida um excelente passatempo de tal modo que os quilómetros voavam sem que déssemos por eles.
A marca dos quinze quilómetros coincidia com a passagem pelo local onde outrora se erguia o antigo Hotel Estoril. Agora temos lá aquele grande “MAMARRACHO”. Sem comentários.
A Maratona de Lisboa é sem dúvida uma das mais belas, pelo menos das que conhecemos, já que, além desta, só participámos em homóloga corrida da cidade do Porto. Os quilómetros corridos ao longo da Marginal Cascais/Lisboa até parece que não pesam tanto. Os atletas vão-se distraindo com a vista. O mar continua tenebroso mas, ao mesmo tempo, encantador. As ondas rebentam lá muito fora, para lá mesmo do Farol do Bugio.
A pouco e pouco, e sem que nos apercebamos, vamos deixando para trás os vários marcos. Num ápice chegamos a Santo Amaro de Oeiras e a uma das mais acentuadas subidas de todo o percurso só mesmo ultrapassada pela que nos leva ao Alto da Boa Viagem. Nas edições anteriores os atletas foram poupados a este esforço adicional fazendo alguns quilómetros ao longo do “passeio” que acompanha a linha de comboio. Os possíveis efeitos do furacão terão aconselhado a organização a introduzir este pequena alteração do traçado.
Ao longo da marginal não vai faltando o apoio popular aos heróis.
A descida para a Cruz Quebrada permite recuperar algum do esforço despendido. Entramos nos últimos dez quilómetros. A nossa já conhecida enorme recta, ou quase, levar-nos-á a passar por locais emblemáticos e bem conhecidos de outras corridas: Algés, Belém, com os Jerónimos à nossa esquerda, e a zona de Alcântara marcam a fase final da maratona. Há muito que já se faz nas nossas cabeças a contagem regressiva dos últimos quilómetros.
Ultrapassado o empedrado da zona ribeirinha entramos na Praça do Comércio e vislumbramos finalmente a Meta. O imenso público presente não regateia aplausos e incentivos. "Todos vocês são heróis e não apenas aqueles que terminam nos primeiros lugares", atira uma espectadora. Faltam algumas centenas de metros. Entramos na rua do Ouro em sentido contrário ao do trânsito automóvel. É só mais uma voltinha para a entrada fulgurante no Terreiro do Paço. E dá-se também o encontro com os atletas da Meia-maratona cumprindo lado a lado, em corredores separados, as duas últimas centenas de metros.
Mais uma Maratona para o currículo dos atletas das Lebres e Tartarugas: treze para o Carlos Teixeira e onze para o Carlos Gonçalves. Cumpriram-se e ultrapassaram-se as expectativas de cada um.
A Maratona de Lisboa tem sabido resistir ao passar dos anos reinventando-se constantemente com alterações de percurso de modo a manter o “apetite” e o interesse em participar na corrida.
Uma palavra final para os abastecimentos em grande quantidade e bem organizados com equipas de um e de outro lado da “pista”. Evitaram-se muitas confusões e atropelos dos atletas.
Para o ano há mais. Para o Carlos Teixeira esta corrida foi a antecâmara da Maratona Cidade do Porto que se segue já no princípio do mês de Novembro.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
Atletas que concluiram a Prova: 3240
Vencedor: LIMENIH GETACHEW (Etiópia): 2:07:34
CARLOS TEIXEIRA (Dorsal Nº 3684)
Classificação Geral: 1675º - Classificação no Escalão M55: 107º
Tempo Oficial: 4:07:39/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): 4:05:28
Tempo médio/Km: 5m:49s <=> Velocidade média: 10,31Km/h (*)
CARLOS GONÇALVES (Dorsal Nº 3445)
Classificação Geral: 2300º - Classificação no Escalão M60: 78º
Tempo Oficial: 4:30:28/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): 4:28:16
Tempo médio/Km: 6m:21s <=> Velocidade média: 9,44Km/h (*)
(*) - O Tempo médio/Km e a Velocidade média foram calculados em função dos tempos cronometrados (tempo do chip)
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