A tradição já não é o que era. O nosso lema “Não ficar em primeiro nem em último para não dar nas vistas” começa a ficar um pouco ultrapassado. Infelizmente não tanto por uma assiduidade junto aos lugares de topo mas mais pela presença de um nosso atleta nas caudas das classificações. Mas temos de nos adaptar à realidade e actuais capacidades dos nossos representantes.
A Corrida dos Moinhos de Penacova é das provas de trail na qual temos marcado presença com maior regularidade. Em dez edições a equipa das LEBRES E TARTARUGAS esteve presente oito vezes. Foi no já longínquo ano de 2010 que nos estreámos numa prova que se veio a tornar emblemática nas nossas participações em regime de “trail”. Com ou sem caminheiros, e com três, dois ou um só atleta, a verdade é que a Corrida dos Moinhos de Penacova tem a assinatura e a colaboração das LEBRES E TARTARUGAS para engrandecer uma prova que já teve dias melhores dias. Tendo mantido ao longo dos últimos uma estabilidade em termos do percurso, o que não é um mal em si, a realidade é que, em termos de organização, começa a perder alguns pontos deixando de cativar não só novos competidores mas também alguns ou algumas atletas de topo que faziam questão de emprestar a sua popularidade e valia à Corrida dos Moinhos de Penacova.
No último fim-de-semana de Agosto vamos encontrar o nosso atleta Carlos Gonçalves a gozar os seus últimos dias de férias na Portela da Cerdeira. Esta aldeia, perdida algures na paisagem protegida da Serra do Açor, apesar de estar integrada numa zona habitualmente fustigada pelos incêndios de Verão tem conseguido manter-se à margem destas catástrofes infelizmente tão habituais na época estival. É a zona ideal para umas férias junto da natureza e num cenário óptimo para uma preparação para as Maratonas de Lisboa e do Porto que se aproximam a passos largos nos próximos meses de Outubro e Novembro.
Mas o nosso atleta, a lutar afincadamente contra uma lesão no joelho direito, começa a perceber que está muito, demasiadamente, longe de poder encarar a sua participação na prova mítica do atletismo com um mínimo de condições. Assim optou por realizar algumas sessões de “jogging” em ritmo lento intervaladas com alguns passeios de bicicleta. A ver vamos qual o seu estado dentro de algumas semanas.
Mas não há lesão que o afaste de uma boa prova de montanha. Nem que tenha de fazer as habituais e vertiginosas descidas a andar. Mas o que interessa é terminar e desfrutar uma das suas corridas preferidas.
Às sete e quinze da manhã atleta e treinadora faziam-se à estrada rumo a Penacova. A Praia do Reconquinho, na margem esquerda do Rio Mondego, era o nosso destino. O dia apresentava-se fresco, bastante fresco em comparação com a temperatura dos últimos dias, e com algum nevoeiro à mistura. A juntar ao habitual frenesim constatámos de imediato uma menor afluência de atletas. É o sinal do menor interesse que esta corrida começa a despertar.
À entrada do passadiço de madeira, que serve de travessia para a outra margem, é feito o controlo dos atletas. Até aqui tudo bem. Aguardando pacientemente pelo “tiro de partida” temos direito ao habitual briefing. Só que as informações transmitidas só foram absorvidas pelos atletas que estavam mais à frente. Não haveria um Megafone disponível para que todos pudessem ouvir o que estava a ser transmitido? Foi a primeira falha.
À hora marcada inicia-se a corrida. Para aquecer e colocar os atletas em sentido encontramos a nossa velha subida que só terminará no antigo Hospital de Penacova, mais tarde reconvertido em Hotel, e que se encontra encerrado há já alguns anos. O Mirante Emídio, do qual podemos observar uma paisagem soberba, fica para um plano secundário. Estamos ali para correr e não para ver as vistas. Talvez no final da prova possamos dar um salto àquele local.
Quanto ao percurso só é novidade para os estreantes. O primeiro abastecimento, normalmente junto ao Forno da Cal, sumiu-se naquela manhã de nevoeiro. Não foi dramático em virtude do calor não ter marcado presença. Cumpridos os primeiros quatro quilómetros começamos lentamente a atacar a subida aos Moinhos de Gavinhos com um percurso bastante acidentado e, porventura, o mais exigente de toda a corrida. Depois de algumas retemperadoras mas arriscadas descidas, nas quais o nosso atleta optou tão só por andar perdendo alguns lugares e relegando-o perigosa e inexoravelmente para a cauda da corrida, temos de vencer a subida até aos Moinhos da Portela, vencendo-se o maior desnível de toda a corrida.
Um dos grandes aliciantes das provas de trilhos é o ambiente de confraternização que se cria entre os atletas. Uns vão trocando informações sobre as suas mazelas e outros vão motivando-se mutuamente para vencerem em grupo as dificuldades que se nos vão deparando. Até se oferecem bananas para recuperar as energias gastas. Atenção que desta vez não foi o nosso a atleta a oferecer tão energético alimento …
À medida que a prova vai avançando o Tartaruga solitário fica entregue a si próprio. Atrás dele nem vivalma. E, na sequência de uma ligeira queda, o seu relógio decide bloquear por volta dos 10,8 quilómetros.
Tomando consciência de que fecha o pelotão constata mais duas falhas imperdoáveis da organização. Não só não há qualquer controlo de passagem dos atletas, não se sabendo quem é o último passar, como deixa de haver qualquer apoio sempre que temos de atravessar qualquer estrada. Fiquei entregue aos “bichos” e ao meu sentido de orientação e de conhecimento do percurso.
Vencendo os últimos sessenta degraus retorno ao antigo Hotel de Penacova e fazendo em sentido inverso um percurso que já tinha percorrido cerca de três horas antes.
Aproximo-me o mais possível do muro do Mirante na esperança de que a Treinadora possa vislumbrar a camisola azul da TARTARUGA solitária.
Terminada a longa descida, que em anos anteriores não corria mas “galgava”, reencontro o passadiço de madeira. Do outro lado recebia-me de “braços abertos” a habitual Caminheira da nossa equipa. Concluí mais uma edição da Corrida dos Moinhos de Penacova. E as mazelas até não foram assinaláveis.
Depois do banho retemperador confirma-se a segunda desilusão desta edição. O habitual almoço feito de sandes de porco no espeto e imperiais à descrição deu lugar a uma mesa com sandes, fruta variada e bebidas à disposição dos atletas. Uma das imagens de marca foi-se, o que mereceu a reclamação de alguns atletas.
Mas mesmo com alguns pontos negativos o mais certo é voltar em 2018.
Atletas que concluiram a prova: 93
Vencedor: VÍTOR BARBOSA (GDC Castelo de Paiva):1:25:45
CARLOS GONÇALVES (Dorsal Nº 77)
Classificação Geral: 77º - Classificação no Escalão M60: 8º
Tempo Oficial: 3:19:40/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): ND
Tempo médio/Km: 9:30s <=> Velocidade média: 6,31Km/h (*)
(*) - O Tempo médio/Km e a Velocidade média foram calculados em função dos tempos cronometrados (tempo do chip)
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