Depois de algumas perturbações devido ao famigerado COVID 19 do qual já nos começamos a esquecer regressei este ano a uma prova de Trail da qual tenho guardadas boas memórias.
Lembro-me da minha primeira participação no Cork Trail em que fiquei intrigado como seria possível montarem uma prova de Trail numa zona predominantemente plana na lezíria do rio Sorraia.
E, desde logo, guardei desta prova um tal encanto que passou a fazer parte do meu lote restrito de “trails” por mim considerado como apostas seguras.
Desde a primeira participação que guardo a memória de uma prova exigente, bastante mais exigente do que esperava, e na qual a lama tem marcado uma presença constante. Como já referi anteriormente o Cork Trail faz-me recordar os trilhos de Almourol nos quais o piso enlameado é uma constante e que contribui para aumentar a dureza e a dificuldade do “Trail”.
E tenho também a certeza de que esta corrida seria certamente do agrado do meu colega trailista Frederico que, comigo, tem participado em muitas corridas do ultrafamoso “Trail Running”. Espero contar com a sua companhia numa das próximas edições do Cork Trail.
No presente ano a intensa chuva que se fez sentir nos últimos dias contribuiu, de sobremaneira, para que o piso se apresentasse pesado e consideravelmente enlameado.
Contrariamente às anteriores edições a organização montou um percurso para uma única distância de aproximadamente doze quilómetros. Esta era a distância ao antigo Trail Curto. O Trail Longo, com cerca de vinte e cinco quilómetros, desapareceu do mapa. Aliás penso que houve alguns contratempos na organização do Cork Trail pois também o local de partida e de chegada foram alterados. Ficou no ar que algo se passou…
Bem cedo que a habitual calmaria desta pacata localidade de Vila Nova da Erra se viu interrompida pela chegada de um número considerável atletas fosse para a prova de Trail fosse para a Caminhada. Estavam inscritos 262 atletas no total das duas modalidades.
Mas, apesar da agitação causada, os habitantes mostravam-se nada perturbados com a animação desta fria manhã de oito de Dezembro e receberam-nos de braços abertos.
Erra, mais propriamente Vila Nova da Erra, é uma pequena aldeia perto de Coruche. Ninguém passa por lá. Só se vai a Erra com algum motivo.
Uma das vantagens do Desporto é ter a capacidade de levar pessoas a locais onde provavelmente nunca iriam em circunstâncias normais. Nos últimos anos temos verificado que as Corridas têm colocado no Mapa locais que passam despercebidos à maioria das pessoas. E o “passa palavra” vai contribuindo para que mais atletas decidam participar no Cork Trail.
Uma das minhas recordações foi a presença da muito conhecida Analice Silva que foi uma presença constante desde a primeira edição. Talvez esta tenha sido uma das últimas provas desta atleta antes de ter desaparecido do Mundo dos Vivos. E no habitual “Briefing” que antecede a corrida a Analice foi uma vez mais recordada em face da sua ligação ao Cork Trail.
O facto de ter havido somente um Trail Curto contribuiu para uma animação maior durante toda a corrida. As diferenças entre os atletas desvanecem-se ao longo dos quilómetros do percurso. Os mais rápidos, que lutam por uma boa classificação, seja na Geral seja no Escalão Etário respectivo, partem rapidamente desaparecendo logo nas primeiras centenas de metros. Os outros, a maioria, entrega-se à corrida com o principal objectivo de disfrutarem ao máximo a Natureza e privilegiando o convívio com os restantes atletas. É o espírito do “Trail” onde o sentimento de entreajuda prevalece.
Como já referido esta foi uma verdadeira prova de Trilhos. O percurso baseava-se em duas voltas, uma inicial mais curta que nos levaria a passar de novo pela zona da partida seguindo-se uma segunda volta maior e repetindo-se o troço final até à Meta.
Foi ,ogo de início que a lama se fez sentir. Depois de alguns quilómetros um pouco mais secos os últimos dois marcaram o regresso do piso mais mole e enlameado com a passagem por zonas bem difíceis com bastante menor aderência e onde todo o cuidado era pouco. Se não abordássemos cada passagem mais estreita e mais técnica com maior cuidado certamente que que nos sujeitaríamos a alguma queda mais aparatosa e, provavelmente, com consequências mais graves. Este cenário tem sido uma constante em todas as edições. Mas quem se abalança a um “Trail” espera tudo menos facilidades. Aliás nem as procuramos.
Terminada a prova fazem-se as despedidas dos outros atletas nossos conhecidos. E também nos despedimos da Vila Nova da Erra com um “até para o ano”.
[Carlos Gonçalves]
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