DURO, DURO!!
Os nossos atletas já estão preparados para enfrentar adversidades. E nesta prova depararam-se com novos obstáculos.
O percurso nem se afigurava difícil. A maior subida aconteceu logo nos primeiros quilómetros, tendo servido para aquecimento, até porque não era muito inclinada e terminava com uma grande descida dentro da zona antiga da Nazaré. Parecia o prenúncio de uma prova acessível e propícia à obtenção de bons tempos.
Fruto da tradição, por ser pioneira em corridas nesta distância em Portugal, a 35ª Meia Maratona da Nazaré contou com forte adesão de atletas. Talvez já não tenha o fulgor de outros tempos, mas ainda continua a ser a "Meia-Maratona" de referência. Por isso os primeiros quatro/cinco quilómetros desenrolaram-se de forma compacta. Só após entrarmos no trajecto realizado em estrada aberta é que o grupo se começou a dispersar. E foi nesta fase que os atletas puderam comprovar que um percurso aparentemente plano não é sinónimo de facilidade. Longas rectas, com um ligeiro declive ascendente, mostraram como aquilo que por vezes parece fácil é na realidade dífícil. E se juntarmos um ventinho lateral então a situação ainda se torna mais complicada.
O ponto de inversão, algures entre os quilómetros 12 e 13, nunca mais chegava. Estava ali mais à frente. Já eram muitos os atletas que corriam em sentido contrário. Mas onde estava o tão psicologicamente desejado ponto de viragem? A seguir áquela curva? Não, ainda não. Seria a após a subida? Também não. E esta sucessão de sensações contribuia para aumentar ainda mais a ansiedade dos corredores. E não nos podemos esquecer que esta fase era o culminar de uma longa, ainda que suave, subida.
Finalmente inicia-se o percurso de retorno. Sempre a descer e com o vento favorável. Mas o que aconteceu ao vento, que antes servira de obstáculo, e que com o qual todos contariam para ajudar no regresso à Nazaré? Desapareceu. É mesmo inglório.
Foi nesta fase, após o reencontro entre as duas Tartarugas correndo em sentidos opostos, que Carlos Gonçalves começou, inexplicavelmente, a dar sinais de quebra física. Sem razões para tal, o cansaço mostrou que ali estava para impedir a conclusão da prova. O atleta já só pensava em terminar a corrida de forma digna, isto é ,sem parar de correr. Que se lixe o tempo. Desculpem o termo mas foi mesmo assim.
O que estaria a acontecer, perguntava para si? Seriam reflexos da lesão que antes atormentara esta Tartaruga e que chegara a equacionar a sua participação? Mas não, nem sinais de qualquer lesão. A única razão encontrada foi poder estar relacionada com a tomada de um ILVICO para debelar uma constipação que tinha aparecido. Foi o "estouro" quase total a que não está habituado.
Nos últimos cinco quilómetros esta Tartaruga literalmente arrastou-se pelo alcatrão. A "uma hora e cinquenta minutos" que o atleta se propunha atingir foram literalmente esquecidos. O objectivo era unicamente terminar a prova de uma forma digna, ou seja, sempre a correr, mesmo que muito lentamente. E essa foi talvez essa a força psicológica que animou este "zombie" no qual se tinha transformado.
Finalmente entrava-se na recta da meta. Era já ali. Afinal ainda era mais à frente. Mais um pouco e avistava-se meta. Mas qual meta? Era só mais uma barreira publicitária. Quando por fim se vilslumbra o ponto final da prova já nem sequer houve forças para o costumado e derradeiro "sprint". VITÓRIA. Apesar de tudo a prova foi superada.
A nossa outra Tartaruga (Carlos Catela) lá fez a corrida sempre dentro do seu ritmo, imune às adversidades encontradas e com o ritmo que lhé habitual. E assim honrou a imagem e tradição das Tartarugas. O cansaço também era grande. Mas ainda maior era a satisfação pela conclusão de uma corrida mítica a qual esteve longe de ser um simples passeio. E, no final, a tão prometida chuva apareceu com grande intensidade.
E para o ano há mais com o trio completo das nossas Tartarugas.
Terminaram 1039 atletas tendo sido de 1:09:26 a marca do vencedor. Como se vê nem foi um tempo espectacular.
CARLOS CATELA
Tempo Oficial: 2:12:42 Classificação Geral: 1004º
CARLOS GONÇALVES
Tempo Oficial: 2:06:13 Classificação Geral: 971º
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