O dia 7 de Abril fica na nossa história como mais um domingo muito bem passado. Desgastar ao máximo o físico, mas revitalizar a mente e reabilitarmo-nos psicologicamente após uma semana de trabalho, é exactamente aquilo que procuramos nas diversas provas em que nos inscrevemos.
Neste dia as LEBRES E TARTARUGAS marcaram presença com uma frente alargada em provas diferentes:
- Corrida dos Sinos => CARLOS TEIXEIRA
- Trilhos do Almourol
- Maratona Trail => CARLOS GONÇALVES
- 25 Km TRAIL => FREDERICO SOUSA
- Caminhada 15 Km
- MARIA JOÃO
- ANA LUÍSA
- ANA CATARINA
- PEDRO DANIEL
Nesta crónica debruçar-nos-emos especificamente sobre os Trilhos do Almourol ficando a cargo da nossa TARTARUGA solitária a narrativa relativamente à Corrida dos Sinos.
Uma prova que se realiza a mais de cem quilómetros de Lisboa, e com uma especificidade própria atendendo à necessidade de transportar os atletas para os diferentes locais de partida, tornam a nossa logística bastante complicada:
Concentração em Lisboa às 6H45
Partida do "Autocarro da Equipa" rumo ao Entroncamento
Levantamento dos dorsais e reserva dos almoços, tudo isto antes das horas de partida das diferentes comitivas
- Caminheiros - 8H30
- Maratona - 8H45
- Trail 25 Km - 9H00
O temporal que se tem registado nos últimos meses obrigou a Organização a alterar muitos dos troços mudando significativamente o percurso relativamente à edição de 2012. Mas, nem por isso, se pode dizer que tenha ficado menos interessante, antes pelo contrário. Pode-se mesmo dizer que a versão 2013 foi mesmo mais agradável sem nunca termos a sensação de que andávamos às voltas só para fazer quilómetros.
Lama, muita lama. Esta foi uma constante ao longo de todo o percurso. Podíamos chafurdar à vontade em todo aquele lamaçal sem nos termos de preocupar como o nosso miserável/glorioso aspecto. Em vários momentos coloquei a mim próprio a seguinte questão: "Que reprimenda dariámos há alguns anos aos nossos filhos se se sujassem daquela maneira?" Cabe algora a eles, alguns até já adultos, darem-nos a devida resposta: "Pai, já reparaste na tua triste figura? Estás maluco ou quê?". Sinais dos tempos ... Mas também ao longo de toda a minha corrida, cumprida em alguns momentos de forma solitária, imaginava quão feliz deveria estar o Federico. Como ele gosta de estar com os pés molhados. Certamente que estaria a ser para ele uma aventura inesquecível.
Com alguma frequência tivémos de cruzar algumas linhas de água e dos mais diversos modos, desde a ponte de barcaças feita por miltares até algumas frágeis e inseguras pontes de madeira. E, suprema alegria, algures no "Caminho da Água" um pequeno riacho, aparentemente sem fundo à vista, não nos dava grandes hipóteses: só tínhamos duas pedras visíveis aonde colocar os pés e um tronco de árvore para nos agarrarmos e não cairmos.
O traçado muito desgastante exigia de todos uma eficaz gestão do esforço. Por vezes é preferível abrandar um pouco o ritmo quando os músculos parecem querer dizer "NÃO". Neste aspecto os abastecimentos valem "ouro". São uma pausa retemperadora e que surgem na altura exacta. Frutas, doces, diversos alimentos e bebidas às descrição: sumo, água, cola e até nos chegaram a oferecer uma fresca e retemperadora cerveja. Neguei esta última oferta pois se já corria aos "zigue-zagues" certamente que, a partir deste ponto, começaria a andar às voltas.
A Organização dos Trilhos do Almourol 2013 esteve simplesmente impecável, em todas as diferentes provas. Direi mesmo EXCELENTE. O percurso bemdelineado e correctamente sinalizado não nos deixava grandes dúvidas sobre o sentido a seguir. Apenas uma vez ou outra, e quando estávamos acompanhados e temporariamente distraídos, é que nos íamos quase enganando. E ainda nos reservaram, já na parte final, algumas surpresas. Uma autêntica parede de escalada na qual não subíamos mas, antes, rastejávamos quais répteis à solta.
Uma outra novidade presente nesta edição foi a das marcações das distâncias. A primeira sinalização, e já no percurso comum às três provas, indicava quanto nos faltava cumprir até à meta. Quando vemos a indicação de que ainda temos pela frente quinze quilómetros somos obrigados a passar pelo interior de uma igreja em ruínas. Como o tecto ameaçava poder ruir a qualquer momento ainda vociferei bem alto "Vê lá se não cais em cima de mim"... E o eco até me ajudou neste meu desabafo.
Chegado ao último abastecimento as minhas expectactivas eram de que as grandes dificuldades tinham terminado, fazendo fé nas informações que os elementos da organização nos íam transmitindo. Aguardavam-nos uma outra subida de pequena monta ao longo de um "single trek" típico do BTT.
Não resisti e saciei-me com uma deliciosa e frequíssima "jola". Como aquela mini me soube tão bem. E o efeito foi assaz retemperador. Partindo para a última etapa, e já com o Entroncamento à vista, foi sempre a "dar corda aos sapatos". Em aproximação, e até em ultrapassagem de alguns atletas mais adiantados, sentia que a meta estava cada vez mais próxima. E dizem que o álcool tem um efeito nocivo na actividade física? Esta minha experiência parece desmentir este pseudo mito. Mas atenção que eu não estava a lutar para os primeiros lugares mas sim a fugir dos últimos ...
Terminadas as nossas deliciosas participações, e já depois de repostas, parcialmente, as energias gastas, regressámos à capital Lisboa. O tema de conversa durante a viagem, e enquanto a maioria se mantinha acordada, não poderia ser outro. Em 2014 os Trilhos do Almourol vão voltar a ver o nome das LEBRES E TARTARUGAS. Este tipo de desafios, não obstante nos desgasterem fisicamente e nos deixarem muito maltratados e com mazelas nos dias subsequentes, tornam-nos mentalmente mais fortes. É perante situações de eminente esgotamento que mais nos apetece desistir. Mas é precisamente nessas situações que revelamos o nosso carácter e fortalecemos a nossa capacidade para enfrentar desafios e ultrapassar todos os obstáculos.
RESULTADOS FINAIS DA MARATONA TRAIL
Atletas que concluiram a prova: 304
Vencedor: Vítor Cordeiro (AC Portalegre/UTSM): 3:21:40
CARLOS GONÇALVES (Dorsal Nº1234)
Classificação Geral: 295º - Classificação no Escalão M5559: Não divulgada
Tempo Oficial: 7:10:21/Tempo Cronometrado Individualmente: 7:10:05
Distância medida individualmente: 42,06Km
Tempo médio/Km: 10m:14s <=> Velocidade média: 5,87Km/h (*)
(*) - O Tempo médio/Km e a Velocidade média foram calculados em função dos tempos cronometrados individualmente
RESULTADOS FINAIS DOS 25 KM TRAIL
Atletas que concluiram a prova: 269
Vencedor: Fernando Gomes (C.A: de Ferreira do Zêzere): 1:42:05
FREDERICO SOUSA (Dorsal Nº653)
Classificação Geral: 200º - Classificação no Escalão M4549: Não divulgada
Tempo Oficial: 3:18:40/Tempo Cronometrado Individualmente: 3:18:30
Distância medida individualmente: 23,6Km
Tempo médio/Km: 8m:25s <=> Velocidade média: 7,13Km/h (*)
(*) - O Tempo médio/Km e a Velocidade média foram calculados em função dos tempos cronometrados (tempo do chip)
Corridas do Mês de Abril
- 7 - Trilhos/Mini-trilhos do Almourol - 42 Km/25 Km ==> Carlos Gonçalves/Frederico
- 7 - Corrida dos Sinos (Mafra) - 15 Km ==> Carlos Teixeira
- 14 - Bes Run Challenge3 (Cascais) - 10 Km ==> Frederico e Carlos Teixeira
- 14 - Ultra Trail de Sesimbra - 50 Km ==> Carlos Gonçalves
- 21 - Estafeta Cascais/Lisboa - 20 Km
- 28 - Meia Maratona de Almada - 21,0975 Km