Este ano mais do que a Corrida do Monge tivémos a AVENTURA DO MONGE!
No primeiro domingo da hora de inverno estavam reunidas as condições para tudo dar certo e ser mais uma prova de sucesso do Circuito Nacional de Montanha. Elevada adesão de atletas tendo em consideração que neste tipo de corridas o número de participantes costuma ser substancialmente inferior ao das provas de estrada. Por outro lado o bom tempo o percurso, se bem que difícil, era previamente conhecido e bastante desafiante. Todos estavam mentalizados e ansiosos para disfrutar a beleza da Serra de Sintra no seu interior com todas as dificuldades inerentes a uma corrida de montanha curta mas dura.
Com um começo bastante exigente - eram cerca de dois quilómetros e meio sempre a subir desde a partida - o pelotão foi-se esticando perdendo desde logo a compacidade do início. Praticamente nenhum atleta corria sozinho. Tinha sempre em linha de vista outros atletas, tanto à sua frente como na retaguarda.
Entretanto começávamos a ter a companhia de alguns ciclistas de todo o terreno. Apercebemo-nos que para a mesma zona da Serra de Sintra tinha sido igualmente organizada uma prova de BTT. Serra acima, serra abaixo, cumpríamos cada quilómetro do percurso seguindo escrupulosamente as marcas de orientação previamente colocadas pela organização. Passado o primeiro abastecimento, por volta dos 3,5 quilómetros, tudo parecia correr sobre rodas. Seguindo pelos trilhos assinalados, com alguns "single treks" dignos do BTT, íamos ao encontro do derradeiro obstáculo que nos aguardava perto da barragem do rio da mula. Ao quilómetro nove tínhamos de vencer a aguardada subida, direi mesmo escalada, radical onde seria praticamente impossível correr. Só que algo parecia ter mudado. Tínhamos deixado de ver as marcas dos quilómetros já percorridos. Quanto ao segundo abastecimento, previsto para perto dos 6,5 quilómetros, nem sombra dele. Talvez estivéssemos distraídos e apenas concentrados na corrida. Tudo bem até porque não estava muito calor e, apesar de tudo, a corrida só deveria ter cerca de 11 a 12 quilómetros.
A certa altura, ao entrarmos num segundo "single trek", ficámos com a estranha sensação de estarmos a caminhar em sentido errado. Apesar de tudo o percurso continuava bastante interessante e até parecia bem mais fácil do que há um ano atrás. Será que me tinha enganado em algum troço? Contudo não estava sozinho. Tanto à minha frente como atrás de mim continuava com a companhia de vários atletas. Consultando o relógio com GPS ia vendo passar os quilómetros: 12, 13 14 ... Mas a prova já deveria terminado. Então, ao ultrapassar atletas supostamente mais adiantados, a maioria já tendo deixado de correr, avisaram-me que a prova já tinha acabado para quem ali estava. Soube que vários atletas tinham seguido caminhos errados. Lá continuei a correr até aos dezassete quilómetros quando cheguei ao Parque de Merendas perto do convento dos capuchos. Avistando um grupo de caminheiros tentei obter informações sobre qual o caminho a seguir para mais rapidamente regressar à aldeia de Janes. Com mais três atletas também perdidos regressámos serra abaixo à procura do trilho mais adequado que nos iria conduzir ao local de partida. Sem água, pois todos tínhamos falhado o segundo abastecimento, uma das atletas deste grupo "cravou" uma garrafa de água a um grupo que almoçava naquele parque de merendas. Longe de estarmos desidratados mesmo assim aquele litro e meio de água, a dividir por quatro, veio mesmo a calhar.
Com a aldeia de Janes já no nosso horizonte visual olhámos para trás e vislumbrámos no alto da serra outros tantos atletas que também se tínham perdido.
Ao chegarmos finalmente à meta soubémos então que a confusão de percurso teve origem no facto de ter sido organizada (ou desorganizada) uma prova de BTT para a mesma zona. A culpa até nem tinha sido da organização da Corrida do Monge que antempadamente garantiu a necessário autorização para a realização desta corrida. A corrida de BTT essa não tinha sido autorizada. E ao marcarem o seu percurso tiveram um profundo desrespeito pela Corrida do Monge. A sinalética utilizada confundiu a maioria dos atletas levando-os ao engano seguindo por um percurso que não era o seu.
E constatámos ainda que nem todos se enganaram exactamente no mesmo ponto. Houve atletas que correram 17 quilómetros, outros 21, outros ainda 27 e um afirmou mesmo ter corrido 30 quilómetros. Será que alguém cumpriu integralmente o percurso original? Fica a dúvida.
Quem aguardava pelos três TARTARUGAS cedo começou a perceber de que algo não estava a correr bem. Ouvindo os comentários tecidos por acompanhantes de alguns "PROFISSIONAIS" constatou que os primeiros já deveriam ter chegado há mais de dez minutos ...
E mesmos os três TARTARUGAS realizaram distâncias diferentes. Afinal não tínham feito o mesmo percurso.
No final o sentimento de cada um era diferente. Os dois mais amantes e acérrimos defensores deste tipo de corridas até desculparam a organização. Afinal não tiveram culpa e não valia a pena "bater mais no ceguinho". Em 2012 até queremos voltar a esta corrida. O terceiro elemento, aquele que normalmente "vota contra" as corridas de montanha, não foi tão condescendente para com a organização. Afinal tinha feito quase uma meia maratona em montanha e ainda por cima sem água. E até foi atropelado por uma bicicleta pondo em risco a sua integridade física.
Felizmente tudo acabou em bem. Foi mais uma experiência para mais tarde recordar e contarmos aos nossos familiares e amigos. No entanto consideramos que não deveria haver uma classificação oficial até porque provavelmente alguns dos que lutavam por um bom lugar também saíram seriamente prejudicados. Em nossa opinião a edição deste ano da Corrida do Monge não deveria contar para a classificação final do Circuito Nacional de Montanha.
Assim não se apresentam os tempos e classificações dos TARTARUGAS.
Corridas do mês de Outubro
Calendário para o mês de Novembro
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