O início do ano de 2023 foi de grande actividade para os nossos corredores com a participação em três provas de dificuldade e distância acima da média.
Foram três domingos de seguida. Depois da Meia Maratona de Torres Vedras e da Corrida do Fim da Europa foi a vez de regressarmos a uma clássica das corridas de fundo em Portugal. A Meia Maratona de Cascais, outrora 20 quilómetros de Cascais, fechou este ciclo de maior intensidade em comparação com o nosso passado mais recente. Longe vão os tempos em que víamos os atletas das LEBRES E TARTARUGAS fins de semana consecutivos em tudo o que fosse prova de estrada.
Não direi que o nosso abrandamento se deva principalmente à nossa idade, mas sim à nossa preocupação em não ganhar lesões que, nesta fase, são de mais difícil recuperação. Mas também temos de evitar entrar em saturação. Devemos encontrar alternativas que nos permitam “limpar” a cabeça e assegurar que mantenhamos uma actividade física regular tão necessária como essencial.
A Meia Maratona de Cascais continua a atrair muitos atletas. Sem alterações de percurso comparativamente com as edições anteriores aplica-se o princípio de não mexer numa fórmula que se tem afirmado como vencedora.
A partida, em frente ao Hotel Baía, foi algo confusa em virtude de ser o palco do início das várias modalidades previstas: Corrida das Crianças, Corrida de 5 Km, Prova de 10 Km, para os menos afoitos e menos preparados para grandes distâncias e, finalmente, a Meia Maratona.
Como já é habitual os atletas dos 21 quilómetros foram divididos em diferentes blocos de partida consoante o tempo previsível para a conclusão da corrida.
A confusão parecia estar instalada tal era o aglomerado de atletas que não conseguiam entrar para o seu compartimento de partida. Mas, “despachadas” as provas mais curtas, a Organização conseguiu que tudo decorresse com a normalidade possível para o início da prova principal.
A diferença em tempo entre as partidas da corrida de dez quilómetros e da Meia Maratona evitou que se gerasse algum conflito entre os atletas das duas provas com andamentos bem diferentes. Quanto mais longa é a distância menor é o ritmo imposto pelos atletas. Os participantes da Meia Maratona apenas se juntaram aos da distância de cinco quilómetros mas durante pouco tempo.
Feita a separação entre os participantes nestas duas provas os semi-maratonistas atacam o troço mais longo que os leva até às imediações do Guincho. É, talvez, a parte do percurso mais agradável com a vista do Oceano Atlântico na sua imensidão e grandeza. Estamos na Costa Oeste da Europa. Mas é também uma zona onde a nossa força psicológica é mais colocada à prova dado que, por mais que fixemos o nosso olhar na estrada, nunca mais vemos o tão almejado ponto de viragem. Ultrapassada a antigamente muito temida subida entre os quilómetros dezassete e dezanove, passamos pela zona do hipódromo. Sabemos que o fim está próximo e que, mais à frente, temos as últimas centenas de metros que antecedem a meta. É sempre a descer em que a maioria faz a “sprintar” dentro das suas capacidades físicas.
A grande surpresa foram as condições meteorológicas. Depois de semanas em que o frio se fez sentir de sobremaneira a Meia Maratona de Cascais presenteou-nos com um tempo mais primaveril. E, por mais estranho que pareça, a temperatura mais alta fez-se sentir no segmento da estrada do Guincho. Com a inversão do sentido da corrida apareceram algumas rajadas de vento mais frio tornando a temperatura mais apetecível e estabelecendo condições mais agradáveis para uma corrida com a distância de uma Meia Maratona.
Mais uma participação a juntar-se ao nosso bastante extenso currículo.
Há situações que um atleta nunca deseja encontrar numa no decorrer de uma qualquer prova. A principal é não aparecer uma lesão, antiga ou recente, que pode mesmo levar à desistência. A outra são as famigeradas cãibras que surgem quando menos se espera e que são resultado de um esforço mais intenso e para o qual não estávamos preparados. Por último, e com a qual nunca contamos, é, de repente, surgir um dor de barriga que tem tudo de inesperada como de resolução difícil. Foi o que sucedeu a um dos nossos atletas. Aliás já à partida tinha alguns sintomas mas que esperava que passariam à medida que a corrida fosse avançando. Mas o contínuo movimento só faz aumentar aquele suplício. Foi mais um obstáculo que tinha de ultrapassar.
Apesar de ter estabelecido como objectivo concluir esta Meia Maratona com um tempo inferior ao que tem conseguido nas últimas corridas nesta distância a sua preocupação passou a estar focada em controlar aquela situação inesperada e terminar os cerca de vinte e um quilómetros nas melhores condições possíveis. Depois de cortada a meta logo se veria.
Foi, sem dúvida, um grande teste à capacidade de superação do atleta.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
Há tradições que se vão mantendo. E a participação na Corrida do Fim da Europa é uma delas. Esta prova, a par da Corrida do 1º de Maio, é uma das que pertence ao nosso grupo de favoritas nas quais as LEBRES E TARTARUGAS fazem sempre questão de marcar presença.
Apenas por motivo de lesão é que algum dos nossos atletas do grupo Fundador não compareceu à chamada. E que o diga o Frederico que, não estando em condições de desafiar o frio da Serra de Sintra em pleno mês de Janeiro, fez questão de comparecer e de contribuir para engrossar o lote de corredores presentes à partida. Aliás o Frederico é o nosso único totalista em participações nesta Corrida.
A manhã apresentava-se bastante fria de tal modo que até o Frederico considerou que a temperatura era mesmo baixa. Felizmente que o Sol apresentava-se em grande força e sem a presença de vento. É preferível o frio à chuva, pelo menos na hora da Partida.
A Corrida do Fim da Europa começou mais cedo com a deslocação de véspera a Sintra para deixarmos um carro na Azóia que se destinava a transportar os nossos atletas no regresso no dia seguinte após terminarem a corrida.
Ano após ano há duas certezas. Uma é a de que o percurso não muda nem um milímetro. A outra é a forte adesão popular àquela que tem sido apelidada como a Corrida Mais Bonita do Mundo. De assinalar que dos 2458 atletas inscritos terminaram 2029. Nada mau.
A Corrida do Fim da Europa tem mantido uma vitalidade ao longo dos anos tendo sobrevivido a tudo, mormente à pandemia de má memória. Contrariamente ao que tem acontecido nas anteriores edições este ano não vimos caras conhecidas. Este facto significa que a Corrida está a atrair novos atletas substituindo os que vão desistindo. A manter-se esta tendência podemos ficar descansados que a Corrida do Fim da Europa tem a sua sobrevivência garantida.
Tudo o que há dizer sobre a Corrida do Fim da Europa já foi praticamente dito. O ambiente mágico da Serra de Sintra contagia-nos de tal modo que quase não damos conta das dificuldades. O início, com perto de três quilómetros sempre a subir, e com uma forte pendente negativa, faz com que os atletas rapidamente aqueçam. E nem mesmo a terrível “parede” entre os quilómetros 9,5 e 10,5 consegue abalar os atletas. Uma inclinação de 15% é bastante exigente mesmo para os mais experimentados e mais bem preparados. Mas a tudo resistimos. Só queremos chegar ao Cabo da Roca e juntar mais uma corrida ao nosso já extenso currículo.
E para o ano voltaremos.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
. TRIATLO DE S. MARTINHO DO...
. 8ºTRAIL DOS MOINHOS SALOI...
. GRANDE PRÉMIO DO ATLÂNTIC...
. CORRIDA SÃO SILVESTRE DE ...