Com o aparecimento do terrível Covid19 desapareceram as provas de atletismo a que invariavelmente o nome da nossa equipa e seus representantes se associavam.
Para não perderem completamente a forma e os hábitos de uma salutar prática desportiva os nossos atletas mantiveram os seus treinos semanais embora sem a regularidade e a exigência a que habitualmente estavam habituados quando o calendário desportivo estava na sua plenitude e cheio de corridas nas várias vertentes e distâncias.
Agora que já vemos uma luz ao fundo do túnel, embora ainda muito ténue, renasce a esperança de que voltaremos à normalidade desportiva com o regresso das provas de cariz popular as quais, além da vertente competitiva, propiciam o convívio com os nossos “companheiros de luta”.
Os Atletas das LEBRES E TARTARUGAS estão sempre disponíveis para abraçar novos desafios e novas experiências desportivas. Foi assim que, na mesma semana, o Pedro e Carlos Gonçalves se viram envolvidos em duas experiências que fogem à rotina das Corridas.
Na mesma semana fizeram uma dose dupla em ciclismo de estrada. Na segunda-feira dia 9 de Agosto participaram na “Etapa da Volta” na Guarda e, passados quatro dias, percorreram a Eco Pista do Dão no sentido Viseu Santa Comba Dão. Foram duas experiências a merecerem as respectivas crónicas num espaço habitualmente dedicado ao atletismo.
1. A ETAPA DA VOLTA - 9 de Agosto
A “Etapa da Volta a Portugal em Bicicleta” vai na décima quarta edição e ocorre invariavelmente no dia de descanso da competição profissional. O objectivo é proporcionar aos amantes do ciclismo de estrada a experiência e as sensações vividas pelos atletas de competição da principal prova de estrada que se realiza anualmente em Portugal. Com uma extensão aproximada de 73 quilómetros, a parte final do percurso é semelhante à da prova oficial estando a meta localizada exactamente no mesmo local onde terminou a etapa do dia anterior.
Sendo essencialmente um evento de diversão, os últimos dezasseis quilómetros são disputados em regime de “roda livre” sendo atribuída uma classificação em função dos tempos gastos neste sector final.
Ainda não eram 9 horas e já os nossos dois atletas se encontravam na cidade da Guarda para o cumprimento das habituais formalidades e novas exigências de ordem sanitária:
O Pedro já tinha procedido a estes trâmites de véspera já que, natural da Guarda, cumpria alguns dias de férias em casa dos Pais.
Com cerca de oitocentos atletas inscritos a organização estabeleceu duas vagas de partida sendo a primeira às dez horas e a segunda trinta minutos mais tarde. Em cada vaga os atletas foram ainda colocados em sectores diferentes por forma a evitar grande aglomeração de pessoas e também para dar cumprimento às regras da Direcção Geral de Saúde. Apesar de pertencerem à primeira vaga, e sem saberem porquê, o Pedro e o Carlos partiram em “compartimentos” diferentes.
A participação estava aberta a todo o tipo de bicicletas, estrada ou BTT, incluindo as eléctricas. No entanto estas últimas estavam fora da classificação prevista no sector “Roda Livre”.
O percurso não era fácil com uma fase inicial a descer ou em plano, bom para os atletas aquecerem e se adaptarem às exigências deste tipo de prova, mas logo seguida de sucessivas subidas dignas de um prémio da Montanha.
Mal foi dada a partida os ciclistas lançam-se num ritmo bastante rápido só abrandando já fora da cidade da Guarda. Afastamo-nos da cidade mais alta de Portugal e rumamos a Vila Fanca das Naves. Mudamos de rumo em direcção ao Porto da Carne altura em que somos ultrapassados pelos ciclistas que partiram na segunda vaga. Ao quilómetro 45 terminam as facilidades começando as primeiras subidas dignas desse nome. É o local onde está localizado o único Reabastecimento Líquido de toda a prova. Mas é ao quilómetro 57 que as coisas começam a “doer” com o início do sector de Roda Livre. Faltam 15 quilómetros para a tão desejada meta.
A distância percorrida começa a pesar nas pernas dos atletas, principalmente para aqueles que não estão habituados a estas “andanças”. E, fazendo jus ao facto de estarmos em pleno mês de Agosto e numa zona habitualmente quente, o sol abrasador exigiu um esforço adicional aos ciclistas. Ah. Não podemos deixar passar em claro que um dos nossos atletas rejubilou com o calor que se fez sentir… Quem seria ?
Sempre que passávamos por alguma fonte alguns atletas paravam para se reabastecerem. E começamos também a ver algumas paragens momentâneas para a ingestão de algum suplemento sólido ou para recuperação de algum fôlego. Alguns ciclistas chegam mesmo a desmontar e a levar as suas “biclas” à mão.
À medida que vamos avançando começamos a ver a sinalética com a indicação do que temos ainda de percorrer. É simultaneamente bom e mau. Para uns já só faltam cada vez menos qulómetros. Os mais pessimistas lêem aquele marco com o pensamente de que ainda falta muito e logo quando as forças e as reservas energéticas já se encontram muito em baixo.
Entretanto alguns ciclistas vão desistindo e regressando à cidade da Guarda numa viatura da Organização.
5 Km. É a indicação de que nos aproximamos derradeiramente da meta. Vamos buscar forças, principalmente anímicas, que pensávamos que já não existiam.
Entramos na Cidade da Guarda. Após a passagem pela Estação de Camionagem atacamos a última e derradeira subida. Provamos do mesmo que os ciclistas da etapa da véspera. O declive aumenta e muito, aliado a um piso em empedrado que incrementa a dificuldade deste final de prova. Os últimos quinhentos metros são diabólicos. Com a Meta à vista aumenta drasticamente a pendente da subida. Alguns desmontam e levam a sua companheira à mão.
Terminada a prova os elementos da nossa equipa reencontram-se.
É tempo do merecido descanso. Espera-nos um retemeperador almoço em casa dos Pais do Pedro. Optamos por irmos montados nas nossas companheiras. O percurso é sempre a descer. E as últimas centenas de metros são feitos na companhia do nosso elemento mais novo. O Afonso fez questão de acompanhar o Pai e o Avô neste final de aventura. Já se estava a preparar para um novo desafio que iria ocorrer alguns dias mais tarde.
Há que salientar que no percurso cronometrado os nossos atletas fizeram boa figura com o Pedro a classificar-se em 589º com um tempo de 1:46:25 enquanto que o Carlos Gonçalves teminou 603º e com a marca de 2:00:27.
Registe-se que o vencedor desta competição fez o tempo de 0:33:57 e que terminaram 611 atletas.
É, sem dúvida, uma experiência a repetir.
2. ECOPISTA DO DÃO – 13 de Agosto
A Ecopista do Dão é uma via ciclável exactamente no mesmo traçado onde anteriormente ciculavam os Combóios da extinta Linha do Dão. Os pontos extremos são a Estação de Caminho de Ferro de Santa Comba Dão e a Cidade de Viseu.
Com uma distância de aproximadamente quarenta e nove quilómetros a Eco Pista do Dão pode ser feita nos dois sentidos. Apesar do traçado ser praticamente plano, se partirmos de Viseu vamos encontrar uma pendente ligeiramente negativa pelo que, muitas vezes, principalmente no início, não precisamos de pedalar. Bastava não travar.
A Eco Pista do Dão faz-nos regressar a um tempo onde o Comboio era um dos principais meios de transporte utilizado pelas pessoas para se deslocarem dentro do nosso País, e numa altura em que o automóvel só estava acessível aos mais privilegiados. A ditadura das Autoestradas só viria a surgir algumas, muitas, décadas mais tarde. Entrar nesta aventura é como que regressar a um tempo não muito longínquo e do qual permanecem boas memórias.
Atravessamos três Concelhos correspondendo a cada um deles uma côr diferente no piso: Vermelho para Viseu, Verde para Tondela e Azul para Santa Comba Dão.
Apesar de muito divulgada, quem se atreve a percorrer a Ecopista do Dão tem alguma dificuldade em encontrar o Ponto de Partida. De Viseu apenas resta um antigo depósito de água onde se abasteciam as antigas locomotivas a Carvão e perto da localização da antiga Estação da cidade e da qual já não há qualquer vestígio. Mas até encontrarmos o início do trajecto temos de andar às voltas dentro de uma urbanização e sem qualquer sinal de aviso. Só a presença de uma Ciclovia, e após perguntarmos a alguns transeuntes, conseguimos, finalmente, encontrar o início da Ecopista do Dão. Valeu também a memória do nosso atleta Carlos Gonçalves, e restante comitiva de apoio constituída pela Ana e Catarina, que em 2017 já tinham percorrido este percurso exactamente em sentido inverso, para reencontrarmos o caminho certo a seguir.
O dia apresentava-se agradável. Aos atletas que tinham disputado a Etapa da Volta juntou-se o nosso atleta mais novo Afonso Antunes. Em 2017 já tinha acompanhado o Avô Carlos em curtos segmentos da Ecopista do Dão. Mas este ano o desafio era bem maior. Numa fase em que já domina a sua bicicleta o Afonso abalançou-se a fazer um pouco mais de dez quilómetros do percurso desde Viseu até Santa Comba Dão. E como ele pedalou. Só interrompeu a sua actividade quando nos vimos forçados a abandonar o traçado original devido a obras de manutenção na Ecopista e tivemos de seguir por uma estrada nacional. Aí o Pai Pedro não se sentiu seguro e optou por meter o Afonso dentro do carro até que pudéssemos retomar o percurso do nosso passeio.
E como o Afonso estava divertido, e também o Pai e o Avô. Ora pedalava no meio da comitiva ora tomava a dianteira do “pelotão”.
Em Torredeita estava prevista a primeira paragem. Nesta Estação, actualmente em fase de recuperação, encontramos uma antiga composição com a Locomotiva a carvão logo à cabeça. Pena é que as carruagens estivessem todas “grafitadas”. O respeito pela história é nulo.
Um pouco mais à frente, na Estação de Farinhão, fazemos a nossa pausa para almoço. E relembrámos a paragem de 2017 com uma fotografia do Afonso junto a um comboio em Madeira. Nova foto no mesmo local, mas com quatro anos de distância.
O Afonso nem queria acreditar. Com o cansaço a pesar nas pernas, e o calor a apertar, o nosso atleta mais novo adoptou um novo meio de transporte. Recorrendo a um atrelado de bicicleta podia continuar a acompanhar Pai e Avô e a disfrutar as belas paisagens e envolvente.
A nossa equipa não era constituída só pelos ciclistas. A Mãe Catarina e a Avó Ana eram a nossa equipa de apoio fazendo o percurso pela estrada até se reencontrarem com os ciclistas nas estações desactivadas e previamente combinadas.
E as pausas de repouso para os atletas eram também destinadas a “reforço” alimentar do elemento mais novo da Família. Ainda alheio a tudo o que o rodeava o Filho/Neto António procurava interagir com os restantes membros da nossa comitiva.
Com as energias a começarem a faltar a nossa equipa aproxima-se do fim do passeio. Contrariamente ao início da Ecopista do Dão os últimos quilómetros são sempre a subir.
Já na Estação de Santa Comba Dão a equipa das LEBRES E TARTARUGAS dá por concluída esta aventura.
Fim da Linha. Prova superada.
Agora havia que descansar um pouco e retemperar as nossas energias. Uma pacata esplanada no centro de Santa Comba Dão foi o local eleito. Faz-se um balanço da aventura igualmente divertida tanto para os ciclistas como para a equipa dos nossos carros de apoio. Tudo muito profissional. Fica também a promessa para, de aqui a alguns anos, voltarmos a repetir a Ecopista do Dão mas com o Afonso fazer muitos mais quilómetros a pedalar, quiçá com o atrelado já com o mano António lá dentro.
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