O Natal está cada vez mais perto e o Grande Prémio do Natal é já a seguir.
Às sete e trinta da manhã toca o despertador do Carlos Gonçalves. Não há tempo a perder. Os habituais “são só mais cinco minutos” têm de ficar irremediavelmente de lado. Um calendário apertado para este início de manhã de Domingo 13 de Dezembro não dá grande margem de manobra. Cinco minutos depois das nove passo por casa do Pedro para pegar nele e irmos a tempo do segundo compromisso da manhã. Às nove e quinze temos encontro marcado com o Frederico e com o seu filho Gonçalo para seguirmos em dois carros até perto dos Restauradores. Pelo caminho ainda vamos recolher o João Valério.
O facto dos locais de partida e de chegada distarem alguns quilómetros obriga-nos a uma logística de movimentação de viaturas que foi meticulosamente preparada de véspera pelo Frederico e pelo Carlos Gonçalves. Em primeiro lugar tínhamos de deixar um carro nas imediações dos Restauradores que serviria de transporte de toda a equipa no final da corrida até perto da antiga Feira Popular. E como à chegada seríamos seis atletas um simples automóvel não servia as nossas necessidades. Assim o Frederico optou por levar o seu antigo monovolume para Lisboa - na realidade até foi o Gonçalo o motorista de serviço – que, apesar de ser mais difícil de estacionar, era a solução mais apropriada.
Junto à Partida aguardava-nos no seu carro o Carlos Teixeira. Como o movimento de procura de lugares já era intenso, e atendendo às restrições na circulação já postas em prática pela Polícia de Trânsito, optou por estacionar perto da Faculdade de Direito e aí aguardar pelo encontro com os seus amigos atletas.
Com os cortes no trânsito no eixo Avenida da República/Saldanha a restante equipa viu-se obrigada a encontrar um trajecto alternativo rumo à zona de Entrecampos. O tempo começava a apertar de tal modo que, ao entrarmos na lateral da Avenida da República, optámos por estacionar no primeiro buraco que encontrámos. E esta decisão até contribuía para que, pelo menos por uma vez, dedicássemos alguns minutos ao necessário e tantas vezes esquecido aquecimento.
Um novo telefonema para o nosso amigo solitário para o avisar que estávamos perto do ponto de encontro.
Já com os dorsais colocados pedimos a um outro atleta para nos tirar a fotografia da equipa restando-nos encontrar um lugar no meio do grosso pelotão. Era a foto do "antes".
O Grande Prémio do Natal aproxima-se vertiginosamente de completar um bonito e redondo número de sessenta edições. Em 2015 passou a ser organizado pelo Maratona Clube de Portugal em colaboração com a Associação de Atletismo de Lisboa. Para nós era, à partida, uma garantia de que muito provavelmente não se voltariam a repetir os problemas de anos anteriores com o congestionamento dos atletas mesmo à beirinha da meta. Se as coisas até funcionaram bem nesta vertente não se precebe por que razão não foi feito um pequeno esforço no sentido de ser encontrado um percurso um pouco mais interessante. Já que o local da Partida e da Chegada não coincidem talvez não seja muito difícil encontrar um traçado que não nos obrigue a subir duas vezes a Avenida da República.
Sem novidades relativamente à edição de 2014 o Grande Prémio do Natal é uma corrida boa para se obterem bons tempos e cada um tentar quebrar os seus próprios recordes na distância de dez quilómetros. No entanto o elevado número de atletas presentes dificulta sempre um pouco o início da corrida. Só a partir do quilómetro dois é que se começa a ter algum espaço livre e cada um pode entrar no seu ritmo. Mas se o objectivo é bater recordes então o melhor mesmo é chegar cedo e procurar um lugar bem na zona da linha da frente da partida.
Após a passagem pela última vez pela Praça do Duque de Saldanha temos os habituais dois quilómetros e picos sempre a descer. O majestoso Marquês de Pombal incita-nos à cavalgada final. Apesar de ser sempre a descer até à meta nem por isso nos cansamos menos. Aliás o desgaste até deve ser consideravelmente maior na Avenida da Liberdade dado que nos entusiasmamos mais e tentamos ultrapassar mais concorrentes que vão à nossa frente.
Quase à entrada dos Restauradores, um pouco antes da zona das mangas insufláveis que antecedem a meta, encontramos a nossa claque de apoio ali mesmo à beirinha do passeio. Como o São Pedro decidiu adiar por algumas horas a chuva que estava prevista para a manhã deste Domingo treze, que nada teve de aziago, a Mãe/Avó Ana Luísa, a Filha/Mãe Catarina e o “mais-que-tudo” Afonso resolveram dar uma saltada até à Avenida da Liberdade para uma recepção aos seus heróis e vitoriá-los no seu campo de "batalha".
O Grande Prémio do Natal, tal como a Corrida São Silvestre de Lisboa, tanto atrai atletas de cariz mais popular como a nata do atletismo português. No final da corrida, e misturadas com a imensa multidão, encontramos as ultra famosas Sara Moreira, Dulce Félix e Jessica Augusto, para só nomear estas, que muito humildemente confraternizam com todos os restantes participantes e até aceitam posar para fotos quando para tal são solicitadas. São as verdadeiras “anti-vedetas”.
Reunidos todos os atletas, e depois de devidamente recuperados do esforço, tiramos a fotografia do “depois” e encetamos a parte mais dura do dia.
Como tínhamos deixado o “autocarro” da equipa na zona de São Pedro de Alcântara restava-nos agora ultrapassar a muito íngreme subida do Elevador da Glória. Depois de trocadas as muito suadas camisolas de corrida por roupa mais seca é altura de regressar aos nossos carros e cada um seguir para casa em busca do merecido descanso. Até ao final do ano ainda nos resta a Corrida São Silvestre de Lisboa, a menos que o Frederico nos descubra mais alguma prova para o último fim-de-semana pré-natalício.
Atletas que concluiram a prova: 3601
Vencedor: HÉLIO GOMES (SLB) - 0:29:11
CARLOS TEIXEIRA (Dorsal Nº764)
Classificação Geral: 1193º - Classificação no Escalão Vet 50/55/60: 195º
Tempo Oficial: 0:49:08/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): 0:46:16
Tempo médio/Km: 4m:38s <=> Velocidade média: 12,97Km/h(*)
CARLOS GONÇALVES (Dorsal Nº791)
Classificação Geral: 1544º - Classificação no Escalão Vet 50/55/60: 257º
Tempo Oficial: 0:51:21/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): 0:48:29
Tempo médio/Km: 4m:51s <=> Velocidade média: 12,38Km/h(*)
FREDERICO SOUSA (Dorsal Nº1282)
Classificação Geral: 2657º - Classificação no Escalão Vet 50/55/60: 454º
Tempo Oficial: 1:00:03/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): 0:57:10
Tempo médio/Km: 5m:43s <=> Velocidade média: 10,50Km/h(*)
GONÇALO SOUSA (Dorsal Nº1313)
Classificação Geral: 3425º - Classificação no Escalão Jun/Sen: 709º
Tempo Oficial: 1:12:06/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): 1:09:10
Tempo médio/Km: 6m:55s <=> Velocidade média: 8,67Km/h(*)
JOÃO VALÉRIO (Dorsal Nº1692)
Classificação Geral: 2610º - Classificação no Escalão Vet 50/55/60: 444º
Tempo Oficial: 0:59:42/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): 0:56:48
Tempo médio/Km: 5m:41s <=> Velocidade média: 10,56Km/h(*)
PEDRO ANTUNES (Dorsal Nº2765)
Classificação Geral: 3426º - Classificação no Escalão Jun/Sen: 710º
Tempo Oficial: 1:12:10/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): 1:09:17
Tempo médio/Km: 6m:56s <=> Velocidade média: 8,66Km/h(*)
(*) - O Tempo médio/Km e a Velocidade média foram calculados em função dos tempos cronometrados (tempo do chip)
Calendário do Mês de Dezembro
Não são só as compras de Natal que trazem uma azáfama acrescida à nossa vida nesta parte final do ano. Também no desporto, particularmente no admirável mundo do “running”, o mês de Dezembro é pródigo em corridas de cariz mais popular mas às quais também se juntam atletas de competição. No último trimestre do ano concentra-se uma série de corridas tornando-o no bastante profícuo em termos de oferta e dificultando ao máximo a nossa escolha. Para os mais distraídos, e para aqueles ou aquelas que só agora despertaram para este novo modo de lazer, é nestes três meses que se disputam as duas únicas Maratonas em Portugal Continental. Em Outubro temos a Maratona de Lisboa e, passadas três ou quatro semanas, temos idêntica dose na cidade do Porto. E temos ainda a eterna Meia Maratona da Nazaré que, por ter sido a pioneira nesta distância em Portugal, entrou já há alguns anos na curva descendente. Quem estuda Marketing conhece sobejamente o Ciclo de Vida do Produto. É praticamente uma lei que se aplica a tudo na vida, mesmo à nossa própria existência. Após uma fase inicial de Crescimento bastante rápido segue-se a Maturidade após o que se inicia o declínio, momento este que deve ser acompanhado por uma substituição ou reformulação do produto. É neste ponto que se encontra a Meia Maratona da Nazaré. Urgentemente à espera de uma reformulação, se nada for feito agonizará e morrerá inexoravelmente logo que os “carolas”, que lutam teimosamente pela sua manutenção, desistam ou partam para outra.
E em Dezembro a cidade de Lisboa abre as portas à sua terceira Meia Maratona, denominada de Meia Maratona dos Descobrimentos. É uma distância cada vez com mais adeptos, porventura por muitos dos que ambicionam a correrem um dia uma Maratona.
Beneficiando de um percurso praticamente todo plano a única dificuldade é o ser de “ida e volta” com o peso, principalmente ao nível psicológico, de passarmos duas vezes pelos mesmos lugares mas em sentido contrário. Mas também já estamos habituados a esta característica existente em outras provas que se realizam nesta cidade.
Sendo a partida e a chegada no mesmo sítio facilita bastante a logística dos atletas. A romaria às imediações dos Jerónimos começa bem cedo. Há que encontrar um lugar para o carro, o mais perto possível da Partida e da Chegada. Mas esse mesmo lugar também tem de ser suficientemente afastado da confusão para permitir uma saída rápida e sem problemas de maior após os atletas concluirem a sua prova. E para os mais prudentes não há nada como utilizar os transportes públicos para se chegar calmamente e sem sobressaltos ao local de início das hostilidades.
Os Tartarugas optaram por manter como ponto de encontro a casa do Frederico, a escassos dez minutos de distância da zona dos Jerónimos.
Às oito e quarenta e oito o Frederico recolhia o Carlos Gonçalves na Estação de Comboios de Campolide. De regresso ao Restelo estes dois atletas só tinham de aguardar pelo Carlos Catela que chegaria por volta das nove e meia. Como já tínhamos os dorsais em nossa posse, trinta minutos chegavam e sobravam para nos deslocarmos até à Partida. E até podíamos, devíamos, aproveitar este curto passeio matinal para o aconselhável, e tantas vezes menosprezado, aquecimento dos músculos e das engrenagens. Ao longo deste trajecto o Frederico apelava, de vez em quando, a um abrandamento no já de si brando passo de corrida. Uma coisa é aquecer outra é gastar desnecessariamente algumas energias que poderiam fazer falta lá mais para a frente.
Faltavam dez minutos quando a equipa das LEBRES E TARTARUGAS chega às imediações da “manga de partida”. A confusão era a habitual. Antes de nós já tinham partido os atletas dos dez quilómetros o que serviu para descongestionar um pouco esta zona. Bem pensado. Às dez horas é dado o tiro de partida. Como nos tínhamos posicionado na rectaguarda do pelotão demoramos mais de dois minutos até passarmos pela linha da partida. E mesmo com esta decalagem não significa que pudéssemos começar logo a correr em passo acelerado. Umas escassas centenas de metros mais à frente deparamo-nos com um estrangulamento enorme motivado por obras existentes no pavimento. Uns passam pela esquerda da obra enquanto que os mais acelerados optam por um caminho alternativo. Subimos em direcção ao Estádio do Restelo e o pelotão continua bastante compacto. Quem pode, ou assim o deseja, transforma os passeios em pista alternativa. Só quando entramos na Avenida das Descobertas é que começamos a ter algum espaço de manobra. Em Algés inicia-se o longo trajecto até Santa Apolónia nas imediações da qual está instalado o ponto de retorno.
A equipa das LEBRES E TARTARUGAS ficou logo desfeita mal se iniciou a corrida. Cada um, com o seu ritmo e as suas aspirações, aborda a meia maratona como mais lhe convém. O tempo até ajudava. O Sol estava completamente escondido atrás de uma densa neblina e a temperatura pode-se considerar que era a ideal. Nem parece que estamos em Dezembro. Mas pelo menos a chuva e o vento frio, naturais nesta altura do ano e numa zona ribeirinha, não fizeram questão de nos fazer uma visita.
Ao passarmos pela zona dos Bares da 24 de Julho o ambiente era bastante calmo com os “atletas da noite” a saudarem os muitos semi-maratonistas que passavam no local. O nosso já muito bem conhecido empedrado entre o Cais do Sodré e o Terreiro do Paço lembra-nos que nem tudo são facilidades. Nesta altura já tínhamos cumprido mais de metade da prova. Mas aquela ida até Santa Apolónia deixa as suas marcas.
Meia volta volver e atacamos a última longa recta até à Meta Final.
É nesta fase que a nossa lebre, Carlos Teixeira, sente um grande orgulho por ter ultrapassado uma eterna glória do atletismo luso, Armando Aldegalega, que, com os seus 77 anos, ainda consegue dar cartas servindo como exemplo para muitos atletas bastante mais novos e com idade para serem seus filhos, ou até mesmo netos. Não é todos os dias que se tem uma oportunidade destas. Apesar da diferença das idades há sempre algo que nos mantem muito distantes destas referências. Mas por vezes o sonho transforma-se em realidade. Só por isto o nosso amigo Catelinha já se deve sentir recompensado por ter trocado um pacato descanso dominical em casa por esta aventura.
Após repetirmos a passagem pela zona de diversão da 24 de Julho, o ambiente tinha-se transformado por completo. O que meia hora antes era um sítio pacato estava totalmente transfigurado, como da noite para o dia. Por desacatos entretanto havidos, ou por qualquer "rusga" premeditada, o cenário que se nos deparava era deprimente. A Polícia de Intervenção marcava forte presença. Muitos dos "habitantes da noite" estavam encostados à parede e até se viu uma arma apontada a alguém. O desporto e a degradação humana estavam à distância de uma barreira policial. "Há uma linha que separa a dignidade humana da sua perversão". E ela estava ali bem presente.
Fazendo um pouco por esquecer o que tinham presenciado os atletas concentravam-se na meia dúzia de quilómetros que faltavam e no modo de os ultrapassar o melhor possível.
Terminada a meia maratona os três Tartarugas voltam a reencontrar-se no local previamente combinado. Já recuperados regressamos a casa do Frederico. E, apesar do caminho ser predominantemente a subir, não nos custou muito. Melhor do que o descanso é a recuperação activa de um esforço prolongado e desgastante.
E para uma boa recuperação muscular o ideal mesmo é um banho gelado. E, à boa maneira do saudoso “Mc Gyver”, o Carlos Gonçalves teve uma ideia brilhante. Brilhante para ele que não para os seus dois companheiros. A piscina de casa do Frederico afigurava-se como uma boa opção de retemperamento. Como a água devia estar bastante fria que tal mergulhar até à cintura e aguentar lá cerca de cinco minutos? Se bem o pensou melhor o fez. Com uns calções de banho emprestados pelo Frederico este herói desafiou o frio e lá foi de peito feito até à beira da piscina. De degrau em degrau entrou lentamente naquela água a meio caminho do estado de gelada. Alguns gritos para espantar o frio e com os colegas a observarem a cena. Bem que os chamou mas sem qualquer efeito. Incrivelmente até nem custou muito. O corajoso atleta ainda pensou dar um mergulho total na piscina. Mas o medo de não conseguir sair daquela gélida água, não fossem aparecer cãibras por todos os lados, afastou os intentos mais heróicos do personagem.
Já fora de água, e aparentemente bem recomposto, o Carlos Gonçalves saboreava uma deliciosa limonada que a Maria João lhe tinha preparado enquanto enaltecia quão proveitoso tinha sido aquele banho. Pois…
Fechada esta porta outra se abre no próximo fim-de-semana. Com uma equipa bastante numerosa as LEBRES E TARTARUGAS voltam à carga. Desta vez é o Grande Prémio do Natal. Esperemos que, com uma nova organização, esta prova com quase sessenta anos de idade esteja à altura dos seus pergaminhos.
Atletas que concluiram a prova: 2876
Vencedor: HÉLDER GROSSO (GFD Runnning) - 1:09:41
FREDERICO SOUSA (Dorsal Nº1608)
Classificação Geral: 2557º - Classificação no Escalão M5054: 220º
Tempo Oficial: 2:11:17/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): 2:08:37
Tempo médio/Km: 6m:06s <=> Velocidade média: 9,84Km/h(*)
CARLOS TEIXEIRA (Dorsal Nº1607)
Classificação Geral: 1200º - Classificação no Escalão M5559: 54º
Tempo Oficial: 1:45:32/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): 1:42:52
Tempo médio/Km: 4m:53s <=> Velocidade média: 12,31Km/h(*)
CARLOS GONÇALVES (Dorsal Nº1609)
Classificação Geral: 1800º - Classificação no Escalão M5559: 85º
Tempo Oficial: 1:54:58/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): 1:52:17
Tempo médio/Km: 5m:19s <=> Velocidade média: 11,27Km/h(*)
(*) - O Tempo médio/Km e a Velocidade média foram calculados em função dos tempos cronometrados (tempo do chip)
Calendário do Mês de Dezembro
Correr entrou definitivamente na moda. E não é apenas uma tendência recente mas antes uma realidade que se tem manifestado nos últimos anos.
Correr por uma causa também já não é novidade pois já há algum tempo que se vão organizando Corridas ou Caminhadas “a favor de alguma coisa” ou “contra algum flagelo da humanidade” que incrivelmente continua a fazer parte da realidade de um Mundo híper desenvolvido de uma maneira geral, mas incrivelmente subdesenvolvido em algumas, demasiadas, regiões do nosso planeta.
No caso presente da Corrida em que o Frederico e o Carlos Gonçalves participaram neste último Sábado de Novembro a luta presente tem como finalidade erradicar a fome no seio dos Países membros da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa.
Todos nós corremos por alguma coisa. Seja por uma questão de “bem-estar” físico ou psicológico, seja porque também aderimos à moda da corrida, ou apenas porque nos apetece. Esta é a nossa “causa”. Mas se pudermos, juntamente com o nosso “hobbie”, tentar ajudar a dar visibilidade a algum flagelo da nossa sociedade então estão reunidas as condições para que faça ainda mais sentido a nossa corrida.
O mês de Dezembro é pródigo em corridas na cidade de Lisboa. No primeiro fim-de-semana temos a Meia Maratona dos Descobrimentos. Uma semana depois vem o Grande Prémio de Natal. E, a culminar toda esta sucessão de eventos, temos no dia 26 de Dezembro a Corrida São Silvestre de Lisboa. A oferta é numerosa. A dificuldade está na escolha.
Uma corrida em Lisboa, às cinco da tarde de um pacato sábado de Novembro e com o espírito Natalício bem no ar, reúne as condições óptimas para uma prova de sucesso e funcionando como ante-câmara do que aí vem. O tempo esteve óptimo. Chuva parece coisa do passado. A temperatura amena quer fazer-nos acreditar que estamos próximos de uma Primavera desesperadamente ainda bem distante. Para delícia dos Portugueses, e sobretudo dos muitos estrangeiros que nos visitam constantemente, parece que estamos no Paraíso. O défice de chuva que se sente nesta altura do ano pode vir a fazer-nos falta. Todos concordam com isto. Mas que é bem agradável este tempo com certeza que a maioria concorda. Que chova de noite, ou nos campos, e todos ficaremos bem mais felizes.
A Corrida Juntos Contra a Fome estava marcada para as cinco da tarde de Sábado. Óptimo pois dava-nos alguma margem de manobra para fazermos todo um rol de coisas que relegamos para segundo plano, infalivelmente para o fim-de-semana. Temos toda a manhã para ir ao Supermercado ou, então, para arrumarmos a nossa casa ou fazermos aquilo para o qual não tivemos tempo ao longo de uma semana de trabalho. O almoço de Sábado costuma ser a horas menos próprias de um dia normal de trabalho. Temos tempo para saborear um momento sem “stress” e, se possível, sentarmo-nos no sofá a ver alguns jogos da “Premier League” (Campeonato Inglês para os menos atentos ao fenómeno futebolístico além-fronteiras). Na realidade talvez não vejamos um jogo do princípio ao fim pois, entretanto, adormecemos. Na prática vemos o começo do primeiro jogo e acordamos no final do segundo. Todos sabemos como sabe bem adormecer num qualquer sofá inofensivo a “olhar para dentro” tendo como pano de fundo algum programa de televisão.
Entretanto acordamos sobressaltados pois temos uma Corrida pela frente. O Carlos Gonçalves e o Frederico combinaram encontrar-se junto à Estação Fluvial do Cais do Sodré por volta das vinte para as cinco. Quarenta minutos separavam-nos da hora de início da nossa prova. Podíamos aproveitar para fazer um curto aquecimento até ao Terreiro do Paço. Mas como a distância entre o lugar de estacionamento do carro do Frederico e o local da partida não era assim tão grande a certa altura decidimos parar de correr e caminhar calmamente até à zona da partida. Pelo meio assistimos à cerimónia de fotografias de um “casalinho”, supomos que bem casados, à beira do rio Tejo, cada um agarrado à cana de pesca de um inocente pescador.
Chegámos bem antes da hora da partida. A animação era grande. Não só pela “Corrida Juntos Contra A Fome” mas porque o Terreiro do Paço, ou Praça do Comércio, é um dos ex-libris da nossa encantadora cidade de Lisboa. A animação, uma constante desta zona ribeirinha, atrai inúmeros turistas a uma das mais belas zonas da nossa capital.
Os dois Tartarugas entram no último segmento de partida destinado aos mais lentos. Não estão muito preocupados pois neste tipo de corridas os tempos ficam para última prioridade. Uma vez mais o mais importante é participar.
Às dezassete horas, mais coisa menos coisa, é dado o tiro de partida. A entrada na Rua da Prata transforma-se num autêntico “garrafão” com os atletas a procurarem não se atropelarem uns aos outros mas, mesmo assim, seguirem no melhor ritmo possível. Os passeios são momentaneamente transformados em “pista”, para pânico dos muitos transeuntes que visitavam a Baixa Pombalina. Ao longe vemos a bandeira do “Sub 55” (tempo previsível para conclusão da prova abaixo dos 55 minutos). Este é um alvo a abater. Chegados à Praça dos Restauradores encetamos a subida da Avenida da Liberdade. É um treino para a Corrida São Silvestre de Lisboa reconhecendo a parte mais difícil do seu percurso. Ainda bem que começamos a subir. Sempre dá para aquecer. No ponto de viragem, antes do Marquês de Pombal, começa a cavalgada à procura do nosso lugar. Fixamos como objectivo aproximarmo-nos da próxima bandeira de sub “qualquer coisa” consentânea com os nossos objectivos e depois mantermo-nos no grupo ou até ultrapassá-lo.
Um pouco antes da Infante de Santo chegamos ao ponto de retorno. É uma repetição da Corrida do Montepio e da São Silvestre de Lisboa. Faltam pouco mais de três quilómetros até à meta. Ultrapassamos a nossa bandeira “sub” de referência e mantemos o mesmo ritmo até ao final. Depois do Cais do Sodré entramos num piso empedrado que, apesar de já nosso conhecido, continua a dificultar a nossa progressão.
Com o Cais das Colunas à nossa direita avistamos a meta. Mas ainda temos de dar uma “voltinha” em frente à Estação Fluvial de “Sul e Sueste” onde outrora apanhávamos o barco para o combóio no Barreiro em direcção ao Sul do País.
A noite já tinha caído sobre a cidade. A animação continuava. Pena foi que as Iluminações de Natal ainda não estivessem acesas.
Reencontrados, os dois Tartarugas retomam o caminho até perto da Portugália Rio, local onde o Frederico tinha deixado o seu “bolinhas”. A brisa marítima de “fim de tarde”, aliada à circunstância de estarmos em Dezembro, a menos de um mês do Natal, dificulta a missão destes dois atletas. Passado o calor da corrida apodera-se de nós uma sensação de algum desconforto derivado da temperatura ambiente. Mas a nossa sensação de satisfação superou tudo.
Para a semana há mais.
Atletas que concluiram a prova: 1284
Vencedor: CARLOS CARDOSO (GFD) - 0:32:25
FREDERICO SOUSA (Dorsal Nº2978)
Classificação Geral: 802º - Classificação no Escalão Masculinos: 647º
Tempo Oficial: 0:58:48/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): 0:57:54
Tempo médio/Km: 5m:47s <=> Velocidade média: 10,36Km/h(*)
CARLOS GONÇALVES (Dorsal Nº2979)
Classificação Geral: 356º - Classificação no Escalão Masculinos: 326º
Tempo Oficial: 0:49:47/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): 0:48:53
Tempo médio/Km: 4m:53s <=> Velocidade média: 12,27Km/h(*)
(*) - O Tempo médio/Km e a Velocidade média foram calculados em função dos tempos cronometrados (tempo do chip)
Corridas do Mês de Novembro
Calendário para o Mês de Dezembro
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