Os atletas das LEBRES E TARTATRUGAS deixaram mais uma marca das suas pegadas num novo local e numa nova corrida. Quase a entrarmos no sexto ano ininterrupto de intensa actividade demos seguimento a um dos nossos grandes objectivos, que consiste numa diversificação de eventos, à procura de novas emoções e de novos desafios.
Na Rota Fonte da Pipa alinharam os dois Carlos, cada um imbuído de espíritos e de motivações diferentes, mas alinhados com o seu estado de forma actual. Um procura, e enquanto pode, quebrar os próprios limites e estabelecer novos recordes individuais. Como quer dificultar o futuro. O outro, ainda a recuperar de uma já longa lesão na coluna, esqueceu por ora os recordes e procura um novo ritmo de acordo com as actuais capacidades.
Na distância de 12 Km apenas tínhamos participado em algumas edições dos 12 Km de Salvaterra de Magos, prova esta que se desenrolava na lezíria ribatejana e num percurso todo ele plano. Na Rota Fonte da Pipa deparámo-nos com um cenário bastante diferente. Um percurso bem mais acidentado com uns primeiros quilómetros praticamente sempre a subir e constituindo a parte mais difícil da corrida. Nada mau para aquecer bem os músculos e os pulmões. Logo aí os nossos dois atletas se separaram já que os ritmos são actualmente diferentes. Só após decorridos cerca de três quilómetros é que o declive começa a abrandar e a velocidade a aumentar. Fora da cidade de Torres Vedras vamos ao encontro do campo. Num sobe e desce constante tanto dá para recuperar nas descidas como para aumentar o nosso ritmo de corrida. As passadas curtas com que se atacam as subidas dão lugar a uma maior amplitude dos movimentos das pernas e, consequentemente, permitindo-nos incrementar a velocidade. Entramos naquela costumeira fase de ultrapassarmos e sermos ultrapassados. Assim é que as corridas têm interesse. Estamos constantemente a encontrar e a colocar a nós próprios desafios temporários. Seja alcançar o atleta que vai mais à frente, seja recuperar um lugar perdido quando outro companheiro nos passa.
Decorridos nove quilómetros deixamos o alcatrão e entramos na várzea de Torres Vedras. Apesar do algum cansaço que já sentimos é motivo de grande satisfação pois será, provavelmente, a parte mais bela desta bela corrida.
Quando ultrapassamos a marca dos dez quilómetros regressamos à estrada para atacarmos a parte final do percurso. A chuva dá mostras de querer aparecer com alguns pingos grossos a refrescarem as nossas cabeças. Mas foi “chuva de pouca dura”. E, se até esta fase as marcações quilométricas estavam certas, uma vez mais, e à semelhança de outras corridas operacionalizadas pela Xistarca, somos involuntariamente obrigados a correr mais algumas centenas de metros. O último quilómetro é mais longo exactamente quando as nossas pernas nos pedem um “desconto”. Os Lebres e Tartarugas registaram mais de trezentos metros na distância cumprida. Não percebemos como isto acontece com uma entidade que ostenta pomposa e gloriosamente um legado de um quarto de século a organizar provas de atletismo. E a qualidade da sua organização tem vindo a variar na razão inversa do aumento do preço das inscrições. Estranho, não é?
Esquecidos estes aspectos menos agradáveis a equipa reagrupou-se e, após troca de camisola no carro de serviço, encetou o regresso a casa. Com a satisfação do dever cumprido fomos unânimes em classificar a Rota da Fonte da Pipa como uma prova seguramente a repetir. Foi mesmo uma das nossas mais interessantes corridas. E logo nos apressámos a ligar ao atleta Frederico que tinha ficado em casa dizendo-lhe quão agradável foi a corrida e como tínhamos pena que ele não estivesse ali connosco a testemunhar esta nova aventura. Decididamente que no próximo ano repetiremos esta corrida, e já com a equipa reforçada.
É tempo de recuperar para o próximo fim-de-semana. Segue-se aquela que muitos consideram a mais bela corrida que se realiza em Portugal: o Grande Prémio do Fim da Europa.
Atletas que concluiram a prova: 677
Vencedor: Alex Scutaru (GDCR Ponterrolense): 0:42:26
CARLOS TEIXEIRA (Dorsal Nº 437)
Classificação Geral: 254º - Classificação no Escalão: ND
Tempo Oficial: 0:59:14/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): 0:59:03
Tempo médio/Km: 4m:55s <=> Velocidade média: 12,19Km/h (*)
MELHOR TEMPO INDIVIDUAL NA DISTÂNCIA DE 12 KM
CARLOS GONÇALVES (Dorsal Nº436)
Classificação Geral: 513º - Classificação no Escalão: ND
Tempo Oficial: 1:09:56/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): 1:09:45
Tempo médio/Km: 5m:49s <=> Velocidade média: 10,32Km/h (*)
(*) - O Tempo médio/Km e a Velocidade média foram calculados em função dos tempos cronometrados (tempo do chip)
Calendário para o Mês de Janeiro
Os meus amigos das LEBRES E TARTARUGAS que me desculpem mas vou ter de utilizar por agora o nosso espaço de reflexão para dedicar algumas palavras ao meu eterno ídolo desportivo EUSÉBIO.
Considero-me um privilegiado não só por ter tido imensas oportunidades de ver actuar ao vivo, ou em directo através da televisão, o melhor jogador português de sempre mas também por porque me lembro do Benfica antes e com o EUSÉBIO.
Desde cedo que me habituei a ir ao futebol com o meu Pai para acompanhar os jogos do meu clube do coração. Lembro-me também das primeiras notícias que falavam de um menino prodígio que tinha sido contratado pelo Benfica e sobre o qual se depositavam grandes esperanças. Sim, eu sou do tempo de um Benfica antes do EUSÉBIO no qual os nomes de maior destaque eram o Coluna, o José Águas e o Santana. Só que o aparecimento do EUSÉBIO veio mudar tudo. Lembro-me de que para mim a partir de certa altura o Benfica era o EUSÉBIO. Quando ia ao Estádio da Luz com o meu Pai para assistir a uma partida do meu clube de sempre a primeira pergunta que fazia era se o EUSÉBIO iria jogar. Em caso negativo preferia ficar com as minhas irmãs a brincar com uma bola nos espaços vazios debaixo da Bancada do Terceiro Anel. Para mim sem o EUSÉBIO o jogo deixava de ter importância de maior. O meu Pai chegava a perguntar-me se eu era do Benfica ou do EUSÉBIO. Timidamente lá dizia que era do Benfica. Mas … o EUSÉBIO exercia sobre mim um enorme fascínio e uma grande influência. Para mim o EUSÉBIO era tudo. Até o chegava a imitar no seu andar cambaleante, meio coxo, resultante das várias operações a que foi sujeito.
O meu maior terror não era o Benfica não ser Campeão Nacional, coisa rara nos anos sessenta e setenta. Perguntava-me sempre a mim próprio o que seria do Benfica sem o EUSÉBIO. INIMAGINÁVEL e INCONCEBÍVEL.
Algures nos setenta dou por mim numa bela tarde de futebol no Estádio da Luz para ver mais um Benfica-Sporting. Quando vejo a formação da equipa do meu clube verifico que não constava o nome do grande EUSÉBIO. Terror. Apenas dois avançados – Móia e Ibraim – que teriam a enorme tarefa de substituir o Rei. Conseguiria o Benfica levar de vencida o seu eterno rival e grande opositor nas competições internas dessa época? Para mim depois do EUSÉBIO seria o caos. Felizmente que não foi neste e em muitos outros jogos. Mas nunca lidei muito bem com a hipótese de um Benfica sem EUSÉBIO. Felizmente que apareceram outras alternativas igualmente eficazes e duradouras. Depois do Eusébio já passaram pela equipa principal de futebol outras estrelas como o Néné, o Artur Jorge, o Jordão, o Rui Águas, o Cardozo etc… que me provaram que o Benfica era um grande clube antes, durante e depois do EUSÉBIO.
Finalmente refeito da minha angústia do desaparecimento do EUSÉBIO como jogador do meu Benfica, muito pelo aparecimento de outras referências e porque mesmo o EUSÉBIO parecia não ser eterno, outra aflição toma conta de mim. Sim, já estava habituado a ver o EUSÉBIO fora das quatro linhas mas sempre omnipresente onde quer que o Benfica, ou até a nossa Selecção de Futebol, jogasse. Mas estaria preparado psicologicamente para a sua morte? Com o avançar da idade começamos a pensar neste fim que a todos nos aguarda. Mas o EUSÉBIO era especial. Não deveria morrer nunca. Não acredito em Deuses. Mas até poderia abrir uma única excepção só para o Rei EUSÉBIO.
As notícias sobre a degradação da sua saúde tiveram sobre mim um efeito de aviso. Teria de me preparar para um dia lidar com esta situação. Tal como me preparei para o desaparecimento de familiares próximos sabendo que ninguém, infelizmente, é eterno.
Mas a notícia de hoje, apesar de esperada, foi um choque. Ninguém está completamente preparado para o desaparecimento de algum ente muito querido.
Lembro-me desde miúdo que a minha maior ambição era tirar uma fotografia junto do meu ídolo EUSÉBIO. Esse sonho nunca se concretizou apesar dos esforços do meu Pai junto dos seus conhecimentos de dirigente e ex-dirigente do SLB. Mas nem sempre se consegue aquilo que mais ambicionamos. Mas tenho o privilégio, e refiro-o uma vez mais, de ter podido acompanhar o princípio, o durante e o fim da carreira de futebolista do grande EUSÉBIO.
Os meus filhos nunca viram o EUSÉBIO a jogar. Para eles a grande referência é, como não podia deixar de, ser o Cristiano Ronaldo e, um pouco, o Luís Figo. O melhor que lhes posso transmitir da real dimensão do EUSÉBIO é pegarem no Cristiano Ronaldo e recuarem quarenta anos. Não entro em comparações estéreis sobre quem será melhor se o EUSÉBIO ou o Cristiano Ronaldo. Uma coisa posso dizer. Na actualidade o jogador que melhor representa o Rei EUSÉBIO é sem dúvida o nosso ídolo português de momento.
Mas para mim o EUSÉBIO é, foi e será sempre o melhor. Só mesmo o Pelé lhe poderá fazer alguma sombra.
Quem me conhece sabe que não me emociono facilmente. Mas o desaparecimento do EUSÉBIO mexeu comigo e abalou um pouco, muito, os meus sentimentos.
Adeus EUSÉBIO.
. TRIATLO DE S. MARTINHO DO...
. 8ºTRAIL DOS MOINHOS SALOI...
. GRANDE PRÉMIO DO ATLÂNTIC...
. CORRIDA SÃO SILVESTRE DE ...