A tradição ainda é o que era.
Pela décima terceira vez inscrevi o meu nome na oficial Corrida do Fim da Europa, não esquecendo o Treino do Fim da Europa num ano em que a habitual organização não avançou com a mesma.
E nestas edições desde 2013 só falhei a de 2020 em virtude de estar em recuperação de uma cirurgia ao menisco do meu joelho esquerdo.
Mas também podia avançar que “ A tradição já não é o que era”, pois, pela primeira vez, não tive, à partida, a companhia de qualquer membro das LEBRES E TARTARUGAS. Os tempos são outros e estamos numa fase em que percorremos caminhos paralelos, desportivamente falando.
O dia começou muito cedo. Levantei-me às seis e trinta da manhã. Tal como no ano passado optei por deixar o carro na localidade de Azóia, na estrada que dá acesso ao Cabo da Roca, e apanhar o “Bus” para Sintra. Deste modo ficava resolvida a questão logística da distância entre a partida e a chegada da corrida. E pela amostra cada vez são mais os atletas a optarem por esta solução.
O percurso não muda. E ainda bem.
Apesar das condições meteorológicas verificadas nos últimos dias quando cheguei a Sintra a temperatura estava amena, para um mês de Janeiro, não chovia e o céu apresentava-se nublado, mas com nuvens altas. E vento era fenómeno que também não se sentia.
Parti por volta das dez quinze, integrado na segunda caixa de partida.
Conhecedor do percurso lanço-me com as habitais cautelas. Os primeiros dois quilómetros e meio são, seguramente, os mais exigentes. Um número significativo de atletas opta por cumprir algumas centenas de metros a andar. É nesta fase que se começam a estabelecer distâncias entre atletas e com reflexos na classificação final.
Só o “Muro” por volta dos dez quilómetros é que nos exige um esforço mental mais desafiante. A partir desse ponto é praticamente sempre a descer até à meta. Mas com cautelas…
Sensivelmente a meio do percurso as nuvens começam a descer dando lugar ao conhecido “capacete”, característica da Serra de Sintra e tão habitual quer no Inverno como no Verão.
Visitar a Serra de Sintra sem um nevoeiro mais ou menos denso é algo a que não se está muito habituado. E com nevoeiro Sintra tem mais encanto.
Apesar de manter o traçado dos anos anteriores a organização decidiu inovar na informação dos quilómetros. Assim este ano começámos por encontrar marcos não indicadores da distância percorrida, mas dos quilómetros que faltavam até à Meta.
Ficou lançada a confusão. De tal modo que até a “parede” dos dez quilómetros quase passou despercebida.
Com o Cabo da Roca em pano de fundo os muitos atletas percebem que o fim da sua aventura está próximo. E o local da meta também foi ligeiramente diferente nesta edição. Porquê não sabemos bem.
Cumpriu-se a 34ª edição daquela que é considerada provavelmente como a Prova Mais Bonita.
E, cumprindo um desejo que formulamos ano após ano, cá voltaremos na próxima edição. Espero que com mais acompanhantes e, caso possível, com estreantes nesta corrida. A ver vamos.
[Crónica de Carlos Gonçalves}
Após um interregno na minha participação em Corridas, com uma participação pelo meio nos Triatlos de S. Martinho do Porto e de Sesimbra, eis-me regressado ao atletismo com a adesão à modalidade de Trail tão da minha preferência.
Mesmo sem a companhia do meu amigo Frederico, também ele adepto das provas de trilhos, e com o outro membro das LEBRES E TARTARUGAS Carlos Teixeira completamente dedicado às provas de Estrada, voltei a uma prova de boas memórias e na qual participei em todas as cinco edições.
À semelhança das edições anteriores o Oeiras Trail englobava duas distâncias: Trail Curto com mais de 10 Km e Trail Longo com mais de 20 Km.
Tal como em 2013 voltei a optar pelo Trail Curto. E uma vez mais considero que foi a escolha acertada. Como já referi várias vezes a opção pela modalidade mais curta tem várias vantagens, principalmente para atletas com a minha idade. Sem esconder as características de dureza e exigência de alguma técnica inerente aos vários tipos de piso, a realização de uma prova mais curta permite-nos fazer uma corrida sempre acompanhado e terminar com a sensação de que poderia ter sido mais exigente. Não é que eu não conseguisse abordar o Trail Longo mas assim acabo por me divertir mais.
A prova deste ano foi substancialmente diferente da de 2023. O percurso foi quase todo novo e concentrou os segmentos de subida logo no início. A partir daí foi um carrosel constante de sobe e desce tornando a prova mais rápida e mais agitada.
Além das duas modalidades competitivas de Trail voltámos a ter a opção da Caminhada com uma extensão de aproximadamente seis quilómetros. E o espírito do Trail esteve sempre presente. Na parte final os percursos dos dois Trails coincidam. Os do Trail Curto foram ultrapassados pelos do Longo. E, ao contrário do que é habitual suceder com os atletas mais rápidos a quase atropelarem os mais lentos, desta vez quase que pediam licença para passarem. Este é o verdadeiro espírito e essência do Trail.
À chegada às instalações da antiga Fábrica da Pólvora de Oeiras, local onde se deram as várias partidas, os atletas confraternizam fazendo "juras" de voltarem no póximo ano.
Para mim este regresso é uma certeza atendendo a que sou um dos totalistas do Oeiras Trail. E quem sabe sei em 2025 não voltarei ao Trail Longo.
A acompanharem-me no Oeiras Trail estiveram dois atletas - Frederico e Bernardo Eliseu - que também eles participaram no Triatlo de S. Martinho do Porto. E já apalavrámos outros Trails nos quais poderemos voltar a fazer em conjunto.
E para diminuir a dureza da corrida desta vez a chuva não marcou presença, nem neste dia nem nos anteriores razão pela qual tivémos uma total ausência de lama e de atravessamento de pequenas ribeiras.
Valeu a pena levantar-me antes das sete da manhã para ir até à Fábrica da Pólvora de Oeiras e responder a este desafio.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
A vida é feita de desafios.
Ao longo da minha vida desportiva fui criando alguns sonhos que, a pouco e pouco, me propus alcançar e que inicialmente me pareciam inatingíveis.
Correr nunca foi um dos meus “hobbies”. Só corria para manter ou melhorar uma boa forma física de suporte ao Badminton, modalidade que pratiquei de forma competitiva, continuada e intensa durante vinte e oito anos.
Terminada esta fase decidi virar-me para outro tipo de prática de exercício físico. Apesar de ter adoptado o BTT como a minha nova modalidade sentia a necessidade de, paralelamente, manter alguma competição inexistente nos passeios de Bicicleta de Todo-o-Terreno. Foi assim que mudei de agulhas para as Corridas do chamado Atletismo Popular. A moda do “running” começava a atrair cada vez mais atletas de todos os sexos, idade ou nível de preparação.
A componente de competição que eu procurava passou a basear-se mais em assumir novos desafios para os quais eu não estava inicialmente preparado nem sabia se conseguiria atingir. Não corria contra ninguém, mas, essencialmente, por mim. As minhas metas eram eu superar alguns novos desafios.
Desde muito cedo que me interessei em atravessar a Ponte 25 de Abril a pé, cenário só possível se participasse na Meia Maratona de Lisboa que incluía, como prato forte, a travessia da Ponte sobre o Tejo. Assim decidi inscrever-me na prova da Meia Maratona já que a outra opção era uma Caminhada de cerca de sete quilómetros e meio sem qualquer componente competitiva. E para quem tinha por trás uma carreira desportiva tão intensa como eu tinha tido este novo desafio era exactamente aquilo que eu procurava.
Tendo dedicado algumas semanas à minha preparação foi assim que comecei a correr com alguma regularidade. Havia uma outra Meia Maratona em Setembro que incluia a travessia da Ponte Vasco da Gama. Voltei a adoptar um novo desafio.
Mas duas provas por ano eram demasiado pouco para mim. E foi assim que comecei a inscrever-me nas Corridas de Estrada na distância de dez quilómetros que começavam a surgir. Estávamos na segunda metade da década de 2000.
E foi assim que comecei a meter novos desafios na minha cabeça.
Fazer uma Maratona era o meu grande objectivo que consegui finalmente concretizar. Depois vieram as Provas de Trail, inicialmente com distâncias mais curtas da ordem da légua. Seguiram-se as Maratonas e Ultra Maratonas que respondiam ao crescente interesse de novas e mais exigentes distâncias. O maior objectivo que então se me colocava era cumprir o Ultra Trail de São Mamede com uma desafiante e redonda distância de cem quilómetros. Pelo meio ficavam os Ultra Trail com distâncias da ordem das Maratonas de Estrada e algumas a realizarem-se à noite. E também a Ultra Maratona Melides Tróia.
Ultrapassada esta fase de superação coloquei a mim próprio um novo desafio. E porque não fazer um Triatlo, prova mais completa e que nos obriga a três diferentes desafios e complementares: Natação, Bicicleta e Corrida? Quem consegue cumprir um Triatlo pode considerar-se como um atleta completo. Matutei durante alguns anos neste desafio. Será que o conseguiria ultrapassar? Só o saberia se me abalançasse a inscrever-me num Triatlo. E foi assim que surgiu a minha participação no Triatlo de S. Martinho do Porto. E contei com o empurrão dos meus fihos André e Gonçalo que, também sem qualquer tipo de experiência, se decidiram inscrever neste Triatlo. E atrás desta pequena loucura juntaram-se o Bernardo e o Frederico Eliseu, primos da Marta, mulher do André. E também se juntou à Festa o Frederico Sousa meu companheiro das Corridas e responsável pelo meu interesse pelo Trail.
Em Julho decidimos dar o nosso tão almejado passo com a inscrição na Prova Aberta que permitia a atletas não Federados e menos experientes participarem numa prova de Triatlo. E começou a nossa preparação. Cada um seguiu o seu próprio Plano de Treinos. O dia 22 de Setembro estava cada vez mais próximo, Decidimos ir de vépera para S. Martinho do Porto. Era seguramente menos desgastante do que viajar no próximo dia da prova e permitir-nos ia tratar com antecedência do levantamento dos nossos “kits” de participante.
Entramos em Estágio ao final do dia com um excelente jantar oferecido pela Família Eliseu, refeição esta à base de grelhados e acompanhada por um excelente vinho tinto. E foi o modo de nos ficarmos a conhecer melhor.
Seguindo as recomendações da Organização apontámos para estarmos no local de “check in” perto das oito de manhã. Após a verificação de todo o equipamento conseguimos colocar as nossas bicicletas no Parque de Transição. Tudo foi feito com a devida calma e com as instruções da equipa de arbitragem da prova. Instruções estas que nos foram bastante úteis atendendo a que eramos estreantes em provas de Triatlo.
Seguiu-se o pequeno-almoço ao longo do qual a nossa conversa versava apenas o Triatlo. Cada um tinha as suas expectativas. E notava-se algum nervosismo no ar.
Como é habitual por estas paragens caía sobre a baía um denso nevoeiro situação que levou a organização a encarar a hipótese de anular o segmento da natação e -substituí-lo por uma corrida adicional. Mas esta hipótese não nos era muito cara dado que estávamos ali essencialmente para fazer um Triatlo completo. Entretanto o nevoeiro levantou por algumas horas possibilitando a realização do Triatlo com os três segmentos normais A hora da partida foi então adiada para as onze horas.
Tiravam-se as fotografias da praxe para mais tarde recordar.
A partida para a Prova de Natação era feita em três fases:
Quando é dado o sinal de partida os atletas lançam-se à água provocando alguns atropelos. Atropelos para a maioria dos atletas que não para mim. O segmento da Natação não era o meu preferido pelo que entrei para a água sem grande convicção. Ao longo do percurso tínhamos algumas embarcações que nos ajudavam para não cometermos qualquer infracção e que também nos davam conselhos úteis para ultrapassar este segmento inicial . Posso dizer que me arrastei dentro de água optando umas vezes pelo “crawl” e outras pelos bruços. Olhando para os lados e para trás constatei que estava completamente sozinho. Os restantes atletas estavm lá mais para a frente. Mas desistir nunca. Teria oportunidade de recuperar este atraso nos outros segmentos nos quais me sentia mais à vontade. Todos os barcos de apoio estavam por minha conta.
Fui inexoravelmente o último atleta na Natação. Mas sentia-me animado e com forças para a prova de bicicleta e para o segmento de Atletismo. E mais animado fiquei com o apoio que me foi prestado quer pelos que incitavam os seus atletas quer também pelo “speaker” de serviço Foi indescritível. Até parecia que eu era o primeiro classificado. Infelizmente que não. Mas todo esta apoio empurrou-me decisivamente para as fases seguintes. Sentia que poderia recuperar algumas posições.
A transição para a Bicicleta não me correu nada bem. Não conseguia abrir o fecho do fato isotérmico, as meias teimavam em enrolar-se e não as conseguia calçar. Valeu a ajuda de senhora árbitra que, contra o Regulamento, me ajudou a abrir o fecho do fato. Nada me corria bem. Perdi cerca de 8 minutos. Durante o tempo em que estive no Parque de transição continuei a ter o forte apoio do público e dos meus familiares sempre a gritarem pelo meu nome. Finalmente pude abandonar a transição e lancei-me à estrada na minha velhinha, mas fiel, bicicleta de corrida. Só temia algum furo ou acidente que pudesse dificultar o meu segmento de bicicleta. Imprimi um ritmo o mais intenso possível, mas com alguma prudência para não deitar tudo a perder. Na segunda parte da corrida de bicicleta começo a vislumbrar mais à frente dois atletas que estavam na mesma volta que eu e ao meu alcance para poder deixar definitivamente o último lugar. E foi com esta determinação que consegui ultrapassar um atleta masculino ainda no segmento da Bicicleta. Mais à frente, e já na fase da corrida de 5 quilómetros, viria a ultrapassar a última atleta feminina. Sentia-me bastante bem e com forças. Estava a conseguir recuperar algum do atraso cometido atrás.
Quando estava prestes a concluir a primeira volta ouço nos altifalantes referirem-se a mim: aí vem o atleta que terminou em último lugar na Natação, mas não sabemos se vai já terminar aa prova”. Senti mais um empurrão de tal modo que nos últimos dois quilómetros e meio quase parecia que estava a voar,
Nas bancadas os meus familiares apoiavam-me incessantemente.
Até o meu Neto Francisco, ao colo da Mãe Loubna, segurava um cartaz de apoio.
Infelizmente só vi o cartaz já em Casa.
Consegui o meu objectivo de concluir um Triatlo.
Agradeço a todos os que me apoiaram quando eu mais dele necessitava.
Os restantes elementos da nossa equipa conseguiram concluir a sua prova.
Mas foi com tremendo desalento que soube que o Gonçalo foi forçado a abandonar a prova ainda no início do segmento da bicicleta quando sofreu um furo irreparável na roda traseira e que lhe impediu de concluir o seu primeiro Triatlo. Preferia que esta percalço tivesse acontecido comigo. O Gonçalo estava a fazer uma excelente prova.
Um grande abraço ao André que completou a sua prova apesar de ter feito o segmento da Bicicleta sem conseguir apertar os sapatos como deveria ser.
Além da nossa enorme satisfação aprendemos muito com esta prova Seguramente que saberemos como ultrapassar no futuro os erros cometidos. Para mim ficou um aviso: tenho de intensificar o meu treino para a Natação.
Cumprido este Triatlo tenho de encontrar um novo desafio para me manter em constante actividade física. Um IRONMAN? Era uma das minhas ambições, mas seguramente, inatingível para a minha idade.
Já no rescaldo de todas as emoções recebo via WhatsApp um elogio da Marta que muito me sensibilizou,
Valeu a pena.
Resta-me a alegria de ter terminado o meu primeiro Triatlo e sem ter ficado em último lugar. Foi mesmo por pouco. E resta-me também o orgulho de ter sido o atleta mais velho a concluir a prova.
Já aguardamos por um próximo triatlo.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
Pela quinta vez a equipa das Lebres e Tartarugas marca presença no Trail dos Moinhos Saloios que se realiza nas imediações da União de Freguesias da Venda do Pinheiro/Santo Estêvão das Galés.
Esta é uma das minhas corridas preferidas na modalidade de “Trail”. Habitualmente tenho marcado presença na versão de 25 quilómetros. Mas como em 2023 terminei a corrida para lá das 5 horas, com muito sofrimento e demasiado desgate, além de uma valente reprimenda da minha esposa, tomei como opção passar a inscrever-me na opção de Trail Curto quando existe essa alternativa. E normalmente tenho-me dado bastante bem. Mais do que participar numa prova é bastante importante disfrutar ao máximo da experiência sem atingir momentos de grande sofrimento e passar a preocupar-me principalmente em terminar a corrida e sem gozar ao máximo do prazer de contacto com a natureza normalmente disponibilizado pelas provas de trilhos.
E foi assim que em 2024 inscrevi-me no Trail Curto com uma distância aproximada de quinze quilómetros.
Numa altura em que a regularidade de participação em provas tem diminuído substancialmente a escolha tem de ser bastante criteriosa. E a opção pelas corridas de trail tem sido a minha escolha.
No panorama actual das Corridas parece que a oferta tem diminuído. E foi assim que decidi por inscrever-me no Trail dos Moinhos Saloios.
À partida já sabia que me iria apresentar sozinho. O meu colega de Trails Frederico não está ainda nas condições mínimas para abraçar uma prova de grande exigência, principalmente para quem padece de uma lesão no joelho e ainda sem contornos bem definidos. Quanto ao Carlos Teixeira esqueçam a sua participação em “Trails”. Ele é mais adepto das corridas de estrada ou de Pista. Cada um é para o que nasce.
E foi assim, sozinho, que me apresentei na Venda do Pinheiro para o oitavo Trail dos Moinhos Saloios e na versão mais curta.
Como é habitual antecede sempre um pequeno “briefing” antes de cada prova. E tínhamos à escolha três opções:
Cada um com a correspondente dureza e para as capacidades e destreza física mais consentâneas com as características de cada um.
Bem cedo que o nosso único participante chegou ao Parque Ecológico da Venda do Pinheiro para levantamento do respectivo dorsal.
Uma das grandes vantagens do Trail dos Moinhos Saloios é que se reinventa de ano para ano.
O tempo apresentava-se um pouco frio e com uma neblina a esconder o Sol que se esperava que marcasse presença na sua máxima força.
Aproveitei para descansar um pouco já que tinha acordado bem cedo por voltas das seis e meia da manhã. Não queria chegar atrasado. Mas por pouco que perdia o início do meu “Trail”. Tendo passado pelas brasas só acordei já perto das nove e cinco.
Num ápice deixei o meu carro e encaminhei-me para o local da partida mesmo a tempo de escutar o “briefing” do Mini Trail e não se antes tirar uma “selfie” com o pórtico da partida em pano de fundo.
Um dos pontos que retive foi de que não iriamos esperar por um percurso fácil mas, acima de tudo, bastante bonito.
Aliás quem espera por facilidades em provas de trilhos esqueça, certamente que está na prova errada.
Após dado o tiro da partida os atletas lançam-se ao ataque à primeira subida logo bastante exigente e para aquecer os músculos e as articulações.
Ao longo da prova, e a cada quilómetro percorrido, constatava que a minha escolha pelo trilho curto tinha sido a mais acertada. Estava em condições para disfrutar ao máximo a beleza do percurso e sem me preocupar em poupar-me para a parte final.
Alguns troços do percurso já eram sobejamente conhecidos, principalmente aquela íngreme escalada até ao Posto de Alte Tensão. Mas daí para a frente tivemos grandes novidades.
Os percursos deste ano foram bastante exigentes. Ouvimos algumas queixas de alguns atletas.
O que posso dizer é que os quinze quilómetros que enfrentei este ano pareceram-me mais duros que os vinte e cinco do ano passado. Terá sido só uma impressão minha: em 2023 completei a prova em cerca de 5 horas e neste ano gastei à volta de quatro horas para menos dez quilómetros.
Fazendo um balanço final cada vez mais considero que fiz a opção correcta. E aquele “tenebroso” quilómetro vertical até não custou tanto a fazer. Já estava bem preparado do ano passado quando este troço nos era “oferecido” na parte final da prova.
E as condições meteorológicas foram as do meu total agrado. O calor marcou presença ao longo de toda a corrida e com aquele permanente bafo de calor que vem do chão, tão do meu agrado.
Gostei.
Espero voltar na próxima edição, se possível com alguma companhia dentro da min equipa.
[Crónica de Carlos Gonçalves)
A Corrida do 1º de Maio de 2024 está bem viva.
A generalidade das corridas de atletismo foi bastante abalada com a pandemia que vivemos em finais de 2019 e durante os anos seguintes. Só em finais de 2022 é que o panorama das provas de estrada começa a mostrar alguma tendência de recuperação. E a Corrida do 1º de Maio é um dos bons exemplos com perto de mil atletas a concluírem a edição de 2024. A nossa primeira impressão foi a de que este ano havia menos atletas, mas os números finais desmentem claramente a nossa avaliação.
Tal como a comemoração do Dia do Trabalhador a Corrida do 1ºde Maio mantém o fulgor de sempre. E uma vez mais a equipa das LEBRES E TARTARUGAS esteve presente com uma versão reduzida mas persistente dos nossos atletas Carlos Teixeira e Carlos Gonçalves.
Novidades não houve. A mesma hora e local de partida e de chegada e o mesmo percurso dos últimos anos. Mas como se justificar a manutenção de muitos atletas nesta Corrida? Mudam-se os Tempos Mudam-se as Vontades mas não muda a nossa vontade de celebrar à nossa maneira o dia do Trabalhador.
Ao entrar na Pista de atletismo para cumprir as derradeiras centenas de metros vejo o outro Tartaruga -Carlos Teixeira - a correr no relvado sintéctico. Estaria a fazer uma corridinha de relaxamento, o chamado repouso activo? Não. Tinha chegado há cerca de trinta minutos e estava preocupado por eu ainda não ter chegado. Como a temperatura ambiente era bastante baixa para o normal do mês de Maio decidiu aquecer um pouco e, ao mesmo tempo, ver quando eu chegaria. É o verdadeiro espírito de equipa.
E, sinais dos tempos e da tão desejada normalização da nossa sociedade pós Revolução do 25 de Abril, nos altifalantes do Estádio do Primeiro de Maio também já houve lugar para a nossa Amália Rodrigues, outrora considerada por alguns como uma artista conotada com o anterior regime.
Temos de fazer as pazes com a nossa história.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
Se quisermos encontrar uma Corrida boa para bater recordes na distância de dez quilómetros o Grande Prémio do Atlântico é, sem dúvida, uma das que nos vem à memória. Com um percurso praticamente todo ele plano e um bom piso temos reunidas as condições para melhorarmos os nossos tempos na distância da légua. Só mesmo os últimos dois quilómetros, com areia à mistura, é que se revelaram o maior obstáculo para todos os atletas.
E se juntarmos ainda um domingo bastante solarengo a chamar pela Primavera que se deve apresentar a pouco mais de um mês então podemos dizer que estivemos perto da perfeição neste penúltimo Domingo de Fevereiro. E longe estão as edições que nos presentearam com chuva e vento forte que abalou fortemente o desempenho dos muitos atletas que, uma vez por ano, vêm visitar a Costa da Caparica, não para ir à Praia, mas para praticar um dos seus desportos favoritos.
A edição deste ano foi uma das mais concorridas com 1128 atletas a concluírem a prova principal com carácter competitivo.
O tempo quase primaveril chamou muitas pessoas, provavelmente muitos deles provenientes de Lisboa, para um passeio no Paredão da Costa da Caparica. Tendo como pano de fundo o Oceano Atlântico alguns surfistas abalançavam-se a tentar escalar algumas ondas, se bem que o Mar estivesse bastante agitado e com ondas muito desordenadas. E, em alternativa, sempre havia a possibilidade de dar uns toques de bola à beira-mar se bem que o espaço entre o mar e o paredão seja bem menor do que noutros tempos. Mas é sempre uma boa oportunidade para gozar o ar livre e despoluído.
A equipa das LEBRES E TARTARUGAS voltou a marcar presença, mas numa versão mais encolhida. Só os dois Carlos – Teixeira e Gonçalves – é que se decidiram inscrever no Grande Prémio do Atlântico que, uma vez mais, se realiza nesta pacata localidade, agora já Cidade, eque se tem assumido como a grande alternativa de Praias para quem vive dos dois lados do Tejo. Na realidade já assim é há muitos anos quando a Costa da Caparica era o local onde alguma classe média lisboeta tinha escolhido para fins de semana de repouso. Ainda existem muitas das vivendas que na década de sessenta e setenta do século vinte se assumiam como o refúgio perfeito para recuperar energias.
Estamos numa fase em que somos mais criteriosos na escolha das provas em que iremos participar. Já não vamos a todas. Temos de preservar a nossa integridade física para podermos continuar a praticar um dos nossos desportos de eleição durante muitos e bons anos.
Algumas provas estão num cantinho particular e o Grande Prémio do Atlântico é uma delas. Qual virá a seguir ainda não sabemos.
O certo é que conseguimos uma boa performance com os nossos dois atletas a concluírem a prova em menos de uma hora. Nada mau, o que nos deixa bastante satisfeitos com o nosso desempenho.
Para manter a tradição só faltou a fotografia dos atletas.
Aguardamos o regresso do nosso atleta fundador Frederico Sousa assim que as suas lesões estejam curadas.
(Crónica de Carlos Gonçalves]
Foi com uma equipa em versão “light” que as LEBRES E TARTARUGAS se fizeram representar numa das mais famosas e concorridas corridas que se realizam em Portugal. Normalmente a Corrida do Fim da Europa regista a adesão do nosso grupo mais avançado na idade e que teima em não perder aquela que é considerada como uma das mais belas corridas do Mundo.
Este ano tivemos a baixa do Carlos Teixeira que esteve envolvido num campeonato de Badminton, modalidade à qual regressou após alguns anos de retirada do mundo da competição. Não tendo comparecido em Sintra esteve, pelo menos, a praticar desporto.
Quanto ao Frederico a sua ausência foi motivada por uma gripe que lhe deu alguma febre e o impediu de se juntar aos colegas.
Assim o João Valério e o Carlos Gonçalves fizeram as honras da casa.O ponto de encontro foi no local habitual no topo da escadaria de acesso ao Parque de Estacionamento nas imediações do Museu Anjos Teixeira.
Contrariando as previsões meteorológicas, e as temperaturas que se sentiram nos últimos dias, a manhã apresentava-se muito fria com um vento cortante que não nos dava algum descanso. Mas nada a que não estejamos habituados. Estranho era estar calor, o que já aconteceu num passado recente.
A Corrida do Fim da Europa obriga a uma logística complexa pois temos de assegurar o nosso transporte no final da prova. Ou deixamos de véspera um carro perto do local da meta ou optamos por nos inscrevermos no transporte disponibilizado pela organização que transporta os atletas desde o Cabo da Roca até Sintra. Não é certamente a melhor solução dado que o transporte só começa depois das treze horas quando a esmagadora maioria dos atletas já concluiu a sua prova.
Normalmente optamos pela hipótese de deixar um carro na localidade da Azóia. Esta é provavelmente a melhor escolha. Os cerca de dois quilómetros e meio desde o Cabo da Roca até à Azóia serve como recuperação activa dos atletas e tem ainda a vantagem de fugirmos à confusão normalmente instalada na zona da Meta.
Este ano optámos por inscrevermos um dos nossos atletas no transporte entre Azóia e o local de início da Corrida. Foi uma solução que se veio a revelar como eficaz. No entanto deparámo-nos com um problema de última hora. Como o nosso colega Carlos Gonçalves mora na Margem Sul teve de fazer uma viagem inesperadamente maior devido ao encerramento da Ponte 25 de Abril durante a noite de Sábado para Domingo para obras de manutenção. Assim teve de fazer uns quilómetros a mais, essencialmente o dobro, para atravessar o Rio Tejo na Ponte Vasco da Gama e, depois, andar para trás para apanhar a A5 de Lisboa até Cascais e depois seguir até à Malveira da Serra antes de virar para o Parque de Estacionamento na Azóia.
Havia um última opção que consistia em, no final da prova, fazer o percurso inverso desde o Cabo da Roca até Sintra. Esta opção é de longe a mais complicada tendo em consideração os cerca de 17 quilómetros que os atletas já tinham nas pernas. Foi uma solução que o Carlos Gonçalves adoptou anos atrás mas que não é muito aconselhável. Mas fica senpre como uma opção de reserva.
A Corrida do FIm da Europa manteve-se fiel ao traçado habitual o qual já não reserva surpresas para os "habituées". Nem mesmo o obstáculo dos dez quilómetros nos causa os mesmos temores de antigamente.
E para aumentar a nosso satisfação de dever cumprido ainda conseguimos realizar a nossa boa acção do dia ao “socorrermos" uma atleta que procurava por uma boleia até à Estação de Combóios de Sintra, local onde o João Valério tinha deixado o carro. E mesmo que o local fosse outro não iríamos deixar aquela atleta sozinha no Cabo da Roca à espera de uma hipotética vaga do autocarro de regresso a Sintra.
Deixados os dois atletas entregues a si próprios tinha ainda pela frente uma viagem uma viagem de regresso um pouco mais extensa do que o habitual. Os meus Filhos e os meu Netos aguardavam por mim em casa do Gonçalo e da Loubna para um almoço em família.
E agora só nos resta aguardar pela abertura das inscrições para a Corrida do Fim da Europa de 2025, talvez até com novos participantes das LEBRES E TARTARUGAS.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
E para terminar o ano desportivo em beleza é tradição participarmos na Corrida São Silvestre.
Hoje em dia o difícil mesmo é escolher em qual das S. Silvestre é que nos vamos inscrever tal a quantidade de provas com esta denominação que se realizam, principalmente na zona de Lisboa. E mantendo-se fiéis à tradição os nossos atletas optaram, uma vez mais, por se inscreverem na S. Silvestre LIDL que se realiza no último fim de semana antes do fim do ano e com partida ao final do dia já noite dentro.
A São Silvestre de Lisboa foi mais uma entre as várias provas que se interrompeu durante a pandemia do Covid 19.
Inicialmente tinha como patrocinador oficial o El Corte Inglés, e trocou de “main sponsor para o LIDL com o retomar da sua realização.
Além de servir como fim do ano desportivo de 2023 a Corrida São Silvestre de Lisboa marcou também o reencontro em força dos três Fundadores das LEBRES E TARTARUGAS.
Temos de recuar à Corrida do Fim da Europa realizada em Janeiro deste ano para encontrar o Frederico, o Carlos Teixeira e o Carlos Gonçalves juntos numa mesma prova. A nossa participação teve ainda o reforço da Paula que acompanhou o Frederico nesta Corrida, embora a ritmo bastante lento devido à Lesão deste atleta e que tarda em ser curada.
No próximo dia 28 de Janeiro voltar-nos-emos a reencontrar na Corrida Fim da Europa, prova esta em que só não participamos se estivermos impedidos de todo.
A São Silvestre de Lisboa manteve os atributos de sempre: forte adesão, grande animação e o mesmo percurso das últimas edições. E sem esquecer a habitual “guerra dos sexos” com as mulheres a tentarem ganhar a prova aos Homens beneficiando da vantagem de partirem alguns minutos antes dos atletas masculinos. E, com já é da tradição, tivemos a tradicional competição do último quilómetro dentro da própria competição da Corrida de dez quilómetros.
Devido à elevada quantidade de Atletas presentes manteve-se a compartimentação em vários grupos em função do tempo expectável para a conclusão da prova.
E quanto mais à frente partirmos melhor, se quisermos cumprir algum objectivo de tempo para concluir a prova. Todavia mantém-se a dificuldade em percorrer os primeiros dois quilómetros até à zona do Cais do Sodré. Nesta fase não conseguimos imprimir grande ritmo tendo em atenção que temos de ultrapassar continuamente atletas consideravelmente mais lentos em passo de Caminhada mostrando que estão ali apenas para se divertirem imbuídos do verdadeiro espírito natalício. O estranho é encontrarmos este cenário num lote de atletas que partiu no escalão dos Sub60 e que estão ali não só para disfrutar de uma bela prova à noite mas também para puxar um pouco mais pelas pernas e conseguir tempos mais ousados, se possível completar os dez quilómetros num tempo abaixo da hora.
E assim fechámos mais um ano desportivo sem o fulgor de outros tempos e sem a quantidade de corridas a que estávamos habituados. Temos de gerir com algum cuidado as inscrições para não entrarmos em saturação nem puxarmos demasiado pelo nosso corpo. Quer queiramos quer não temos de dosear o nosso esforço para podermos andar ainda por cá durante muitos mais anos.
Excelente ano de 2024 para todos os nossos atletas e para os nossos seguidores.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
Depois de algumas perturbações devido ao famigerado COVID 19 do qual já nos começamos a esquecer regressei este ano a uma prova de Trail da qual tenho guardadas boas memórias.
Lembro-me da minha primeira participação no Cork Trail em que fiquei intrigado como seria possível montarem uma prova de Trail numa zona predominantemente plana na lezíria do rio Sorraia.
E, desde logo, guardei desta prova um tal encanto que passou a fazer parte do meu lote restrito de “trails” por mim considerado como apostas seguras.
Desde a primeira participação que guardo a memória de uma prova exigente, bastante mais exigente do que esperava, e na qual a lama tem marcado uma presença constante. Como já referi anteriormente o Cork Trail faz-me recordar os trilhos de Almourol nos quais o piso enlameado é uma constante e que contribui para aumentar a dureza e a dificuldade do “Trail”.
E tenho também a certeza de que esta corrida seria certamente do agrado do meu colega trailista Frederico que, comigo, tem participado em muitas corridas do ultrafamoso “Trail Running”. Espero contar com a sua companhia numa das próximas edições do Cork Trail.
No presente ano a intensa chuva que se fez sentir nos últimos dias contribuiu, de sobremaneira, para que o piso se apresentasse pesado e consideravelmente enlameado.
Contrariamente às anteriores edições a organização montou um percurso para uma única distância de aproximadamente doze quilómetros. Esta era a distância ao antigo Trail Curto. O Trail Longo, com cerca de vinte e cinco quilómetros, desapareceu do mapa. Aliás penso que houve alguns contratempos na organização do Cork Trail pois também o local de partida e de chegada foram alterados. Ficou no ar que algo se passou…
Bem cedo que a habitual calmaria desta pacata localidade de Vila Nova da Erra se viu interrompida pela chegada de um número considerável atletas fosse para a prova de Trail fosse para a Caminhada. Estavam inscritos 262 atletas no total das duas modalidades.
Mas, apesar da agitação causada, os habitantes mostravam-se nada perturbados com a animação desta fria manhã de oito de Dezembro e receberam-nos de braços abertos.
Erra, mais propriamente Vila Nova da Erra, é uma pequena aldeia perto de Coruche. Ninguém passa por lá. Só se vai a Erra com algum motivo.
Uma das vantagens do Desporto é ter a capacidade de levar pessoas a locais onde provavelmente nunca iriam em circunstâncias normais. Nos últimos anos temos verificado que as Corridas têm colocado no Mapa locais que passam despercebidos à maioria das pessoas. E o “passa palavra” vai contribuindo para que mais atletas decidam participar no Cork Trail.
Uma das minhas recordações foi a presença da muito conhecida Analice Silva que foi uma presença constante desde a primeira edição. Talvez esta tenha sido uma das últimas provas desta atleta antes de ter desaparecido do Mundo dos Vivos. E no habitual “Briefing” que antecede a corrida a Analice foi uma vez mais recordada em face da sua ligação ao Cork Trail.
O facto de ter havido somente um Trail Curto contribuiu para uma animação maior durante toda a corrida. As diferenças entre os atletas desvanecem-se ao longo dos quilómetros do percurso. Os mais rápidos, que lutam por uma boa classificação, seja na Geral seja no Escalão Etário respectivo, partem rapidamente desaparecendo logo nas primeiras centenas de metros. Os outros, a maioria, entrega-se à corrida com o principal objectivo de disfrutarem ao máximo a Natureza e privilegiando o convívio com os restantes atletas. É o espírito do “Trail” onde o sentimento de entreajuda prevalece.
Como já referido esta foi uma verdadeira prova de Trilhos. O percurso baseava-se em duas voltas, uma inicial mais curta que nos levaria a passar de novo pela zona da partida seguindo-se uma segunda volta maior e repetindo-se o troço final até à Meta.
Foi ,ogo de início que a lama se fez sentir. Depois de alguns quilómetros um pouco mais secos os últimos dois marcaram o regresso do piso mais mole e enlameado com a passagem por zonas bem difíceis com bastante menor aderência e onde todo o cuidado era pouco. Se não abordássemos cada passagem mais estreita e mais técnica com maior cuidado certamente que que nos sujeitaríamos a alguma queda mais aparatosa e, provavelmente, com consequências mais graves. Este cenário tem sido uma constante em todas as edições. Mas quem se abalança a um “Trail” espera tudo menos facilidades. Aliás nem as procuramos.
Terminada a prova fazem-se as despedidas dos outros atletas nossos conhecidos. E também nos despedimos da Vila Nova da Erra com um “até para o ano”.
[Carlos Gonçalves]
A Serra de Monsanto tem vindo a afirmar-se como um local de culto para a prática do tão popular “running”. Seja na vertente das provas de estrada, seja na cada vez mais popular versão de “Trail”, de ano para ano aparecem novas corridas com a vantagem de atrair a esta enorme zona verde mais pessoas, Atletas e Caminheiros.
A Corrida da Água tem como ponto alto a travessia do Aqueduto das Águas Livres, ex-libris da Cidade de Lisboa e com todas as lendas e histórias associadas a esta magnífica obra de engenharia essencialmente dedicada ao abastecimento de água à cidade de Lisboa.
Em 2012 não se realizou esta prova. Mas foi por pouco tempo. Em 2013 regressou com ligeiras alterações no traçado, mas mantendo a sua essência e com a passagem pelos locais mais emblemáticos. Não se perdeu o espírito e mantiveram-se os mesmos atractivos das edições anteriores.
Preocupados com as questões ambientais a organização tentou minimizar o desperdício das garrafinhas de plástico normalmente distribuídas por volta do quilómetro cinco, bem pertinho das instalações dos Pupilos do Exército. Com este intuito fazia parte do “kit” de atleta um recipiente reutilizável que os atletas poderiam encher no habitual ponto de abastecimento. Também poderiam partir logo com uma reserva de água que até não causava grande transtorno, principalmente para quem não lutava por um lugar no “podium” e procurava simplesmente usufruir e disfrutar dos encantos da Serra de Monsanto. Mesmo assim ao quinto quilómetro ainda distribuíram as habituais garrafas para permitir a todos que não ficassem sem água, se bem que o calor não fosse grande ameaça para uma manhã típica do final do mês de Novembro.
Após termos percorrida toda a ciclovia desde Pina Manique até às imediações de Campolide enfrentámos a parte mais difícil da prova. A subida da rua de Campolide mostrou-se, uma vez mais, bastante demolidora. Mas, no final, temos a bem merecida recompensa com a entrada no Aqueduto das Águas Livres. Durante a travessia veio-me à ideia o nome de Diogo Alves, o lendário Assassino do Aqueduto das Águas Livres que, depois de assaltar as pessoas e lhes roubar os seus pertences, forçava-as a atirarem-se do Aqueduto estatelando-se mortas lá em baixo. Terrível e que nos provocam algum susto no momento da nossa passagem pelo local.
Mas lendas são lendas.
A Meta está bem próxima num local diferente das edições anteriores.
Foi mais uma edição da Corrida da Água que esperamos que se mantenha no calendário das provas de atletismo popular de estrada.
Sozinho assumi a inscrição do nome das LEBRES E TARTARUGAS em mais uma prova. Aguarda-se o regresso da nossa equipa em força.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
E vão quatro em quatro.
Neste fim de semana de 19 de Novembro realizou-se a quarta edição do Oeiras Trail tendo eu participado em todas elas. A organização optou este ano pelo regresso às instalações da antiga Fábrica da Pólvora, depois de em 2021 e 2022 a Partida e a Chegada terem tido como cenário os NIRVANA STUDIOS.
Quando decidi inscrever-me no Oeiras Trail tinha como propósito participar no Trail Longo com uma distância de cerca de 20 quilómetros. A minhas anteriores experiências tinham-me mostrado percursos típicos de Trail medianamente acessíveis com um outro local mais exigentes mas nada de extramente complicado e só alcance dos mais bem preparados.
Ainda com a memória do Trilhos dos Moinhos Saloios decidi consultar a lista dos inscritos na versão longa tendo verificado que a esmagadora maioria dos atletas pertencia a escalões estários mais novos do que o meu. Daí perceber que, dificilmente, fugiria dos últimos lugares da classificação. Não que este seja um pormenor que me preocupe de sobremaneira. No entanto o mais provável era ter pela frente uma corrida com largos troços sem qualquer companhia.
Assim decidi inscrever-me no Trail Curto K10.
O Trail Longo partiu mais cedo pelo que tive a oportunidade de confirmar que os atletas desta prova apresentavam uma preparação bem mais avançada do que a minha. Concluí que tinha sido acertada a minha decisão na hora da inscrição.
O Oeiras Trail foi uma prova com grande adesão. Soube pela organização que no total das duas provas de Trail e da Caminhada estavam inscritos perto de mil atletas.
À minha chegada à antiga Fábrica da Pólvora de Oeiras verifiquei um grande movimento de atletas. Cheguei com uma hora de antecedência relativamente à hora prevista para a Partida do Trail Curto e da Caminhada .A tarefa de estacionar o meu carro já foi um pouco mais difícil do que previa.
A manhã apresentava-se com um nevoeiro bastante denso embora se previsse o aparecimento do Sol mais perto das onze da manhã.
O percurso do Trail Curto era formado por troços já meus conhecidos dos outros anos. Tinha pontos de maior dificuldade, ou não fosse uma prova de trail, a exigir alguma técnica mas nunca me senti desafiado para além dos meus limites. Ficou um pouco aquém do que esperava. A ausência de lama contribuiu para uma prova mais ligeira e de menor exigência. Em contrapartida toda a prova foi feita em companhia. Como já tenho referido em outras provas consegue-se um bom ritmo se formos estabelecendo pequenos objectivos de acompanhamento, ou até de ultrapassagem, de atletas mais adiantados. Analisando segundo este aspecto até acabou por ser uma boa corrida.
Mas soube-me a pouco. Mesmo assim valeu a pena e foi uma manhã de Domingo bem passada.
O principal ponto menos bom foi o facto de ter participado nesta prova sem a companhia de qualquer um dos meus colegas das LEBRES E TARTARUGAS. Mas é um cenário a que tenho de me habituar, principalmente em corridas de trilhos.
No próximo ano voltarei a responder à chamada para o Oeiras Trail. E quem sabe se não voltarei a abalançar-me para o Trail Longo.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
A vida é feita de momentos. E por vezes são os pequenos momentos que fazem com que a nossa vida tenha e faça mais sentido.
Temos o dever, para não dizer a obrigação, de procurar constantemente motivos para que a nossa vida seja plenamente preenchida e para que mais tarde não nos arrependamos de não termos ousado um pouco mais e de termos deixado por fazer acontecer a nossa vida.
Tudo isto vem a propósito da nossa participação no Sintra Trail Monte da Lua.
Em 2022 participei com o Frederico na segunda edição do Sintra Trail Monte da Lua. Mais do que um trail curto teve a particularidade de se realizar à noite no deslumbrante cenário da Serra de Sintra. Sintra é mágica como já tem sido profusamente referido. Tem uma envolvência e um encanto indescritíveis adorado não só pelos Portugueses mas também pelos muitos cidadãos de outros Países que muitas vezes escolhem esta pacata Vila para visitar ou, até mesmo, para assumirem como a sua residência habitual.
A nossa participação em 2022 no Sintra Trail Monte da Lua guardou um lugar no nosso coração assumindo-se como uma prova a não perder.
Este ano vi-me sozinho na inscrição nesta prova. Sozinho ou acompanhado era obrigação minha inscrever o meu nome na terceira edição do Sintra Trail Monte da Lua. Mas decidi incentivar mais alguém a fazer-me companhia. Podia até não ser no Trail de 10 quilómetros, mas, pelo menos, teria companhia na noite de 21 de Outubro na deslocação a Sintra.
Foi assim que consegui uma representação mais alargada nesta aventura com a inscrição de três pessoas na Caminhada de cinco quilómetros: Ana Luísa, Catarina e Belmira, colega de Escola da Ana Luísa.
Ainda tinha inscrito o Pedro, o Afonso e o António, mas compromissos ou imprevistos de última hora impediram-me de poder contar com eles.
Mesmo assim já partia para Sintra com uma comitiva mais composta.
As provas em que estávamos inscritos eram apenas o pretexto para nos deslocarmos a Sintra numa noite de Outono em que a chuva prometia marcar presença.
Chegámos com bastante tempo de antecedência. A primeira prioridade era encontrar um lugar para estacionar o nosso carro. Tarefa fácil para quem costuma habitualmente marcar presença em provas com Partida em Sintra. E ir a Sintra e não visitar a Casa Piriquita para comprar as tradicionais Queijadas e Travesseiros é como ir a Roma e não ver o Papa.
Como tínhamos margem de manobra ainda tivemos tempo para um curto lanche à base de Café e de um dos tradicionais doces de Sintra.
Ofereci-me para ir deixar as nossas compras no nosso carro. Não fazia sentido fazer a Corrida ou a Caminhada com os doces nas nossas mochilas, ainda por cima com a perspectiva de chuva para aquela noite.
Às oito horas da noite partem os atletas do Trail de Dez quilómetros. Após uma volta inicial voltamos a passar pela casa da Partida onde, no lado esquerdo e junto à vedação, encontro as minhas companheiras da Caminhada. Foi um até já. Eu tinha de percorrer o dobro da distância das minhas companheiras. Mas quem chegaria primeiro?
Logo no início presenciamos o espectáculo maravilhoso das luzes das lanternas/frontais dos muitos atletas. Parecem iluminações de Natal. Um cenário fabuloso apesar de habitual em provas disputadas à noite.
Um pouco mais à frente entramos definitivamente na Serra de Sintra e em modo de Trail. Foi um percurso substancialmente diferente do do ano passado. Talvez até mais exigente. O Ponto alto foi a passagem pela Quinta da Regaleira e pelo seu tradicional poço.
A expectativa manteve-se em alta.
A chuva marcava presença logo desde o início. Mas Sintra sem chuva não é muito normal.
Todo o Trail foi feito sempre em companhia de outros atletas. No total, e no conjunto das várias modalidades, eram cerca de duas mil pessoas. Esperava, mas nunca aconteceu, cruzar-me algures com os participantes das caminhadas à semelhança da edição do ano passado.
Passava pouco mais da hora e meia de corrida quando corto a meta. Tinha de enfrentar com alguma resistência a espera pelas atletas da Caminhada curta. A sopa e o chá quentes que nos deram no final da prova contribuíram para amenizar a situação.
Cerca de uma hora e vinte minutos após a partida chegam as minhas atletas caminheiras. A felicidade estava espelhada nos respectivos rostos. Tinham gostado e muito. E no próximo ano querem voltar a marcar presença. Até pode ser que o Afonso, o António e o Pai Pedro também apareçam.
E até uma colega da Ana e da Belmira, quando lhe contaram as peripécias deste programa em Sintra, fez questão de nos acompanhar em 2024.
Até lá ainda podem surgir outras oportunidades de convívio com a Natureza.
Foi Bom, MUITO BOM.
[Carlos Gonçalves]
Correr e completar uma Maratona é o supremo desejo de qualquer atleta adepto das Corridas de Estrada. Poucos são os que se abalançam de “peito feito” a esta tremenda aventura que, quando completada, nem que seja apenas por uma vez, servirá de algo que mais tarde podemos transmitir aos nossos filhos, ou mesmo aos nossos netos. E este é um tema que podemos também abordar em conversas com amigos salientando o nosso feito ao termos conseguido terminar uma ou mais Maratonas.
Fazer uma Maratona não é uma tarefa fácil. Não podemos considerar que é o mesmo que fazer duas Meias-Maratonas de seguida. Longe, muito longe, disso.
Quando me dispus a fazer uma Maratona lembro-me de ter lido, num daqueles muitos artigos que encontramos na Internet, que o nosso organismo não está fisiologicamente preparado para concluir a mítica distância dos 42,195 quilómetros. É necessário seguir com algum rigor um Plano de Treino com uma duração entre três a quatro meses. A disciplina é um dos trunfos necessários a quem se dispõe a abraçar uma prova desta envergadura.
No meu currículo conto com doze Maratonas repartidas entre Lisboa e Porto e com uma acção na Maratona de Sevilha em 2019. Daí para cá segue-se um longo interregno motivado pela cirurgia ao Menisco no meu joelho esquerdo que me impediu de marcar presença na Maratona de Lisboa em Outubro de 2019 e em Sevilha em Fevereiro de 2020 provas nas quais estava inscrito.
O Covid19 veio a contribuir para a anulação de muitas provas pelo que só agora começamos a entrar na normalidade.
O meu regresso à Maratona de Lisboa deveu-se, essencialmente, à minha vontade em testar o comportamento do meu joelho após a acima indicada intervenção cirúrgica. Mais do que concluir novamente uma Maratona, este desafio assumia uma particular importância. Será que com os meus sessenta e sete anos de idade, e com uma operação pelo meio, ainda seria capaz de abraçar novamente esta aventura?
No final de Julho peguei num dos Planos de Treino para a Maratona que já tinha encontrado há alguns anos e decidi meter “mãos à obra”. O facto de coincidir maioritariamente com o meu período de férias dava-me alguma vantagem. Porém nem sempre consegui cumprir as diferentes etapas do Plano de Treinos. Mas foi melhor do que nada fazer. Sim porque treinar para uma Maratona não é só fazer algumas corridas de média distância. É necessário algo mais.
E foi com o meu pensamento no dia 8 de Outubro que me aventurei ao cumprimento do meu Plano de Treinos. Não fixei qualquer objectivo em termos de completar a prova em determinado tempo. Terminar, e sempre em passo de corrida, era aquilo a que me propunha. Tudo o que conseguisse a mais era para mim já uma grande vitória.
E, finalmente, chegou o grande dia. Aguardava com alguma, para não dizer grande, ansiedade pelo dia da corrida. Era a prova dos nove para a preparação que consegui levar à prática.
No final da tarde do Sábado, véspera da Maraton,a começam a surgir notícias versando a antecipação da hora de partida para as 7 da manhã, ou seja, uma hora mais cedo do que o previsto. A temperatura elevada prevista para Domingo lançava alguns alertas. Esperava-se uma temperatura elevada cujos efeitos maiores se deveriam repercurtir quando a maioria dos atletas estivesse sensivelmente a meio da prova. Consultada a página oficial da Maratona não encontrava nada sobre este tema. Fosse nas Redes Sociais, fosse nos órgãos da Comunicação Social, a antecipação da hora de partida era dada como um dado adquirido. No entanto optei por me manter tranquilo e considerar que não iria haver qualquer alteração na hora de partida, até que recebesse alguma informação por “email” ou por SMS.
No próprio dia de Sábado tinha ido levantar o meu dorsal e estava bem assinalada a hora da partida para as oito da manhã. Até indicação em contrário as oito da mahã eram a minha hora de partida. Mantive-me tranquilo. Com os filhos e netos em minha casa o tema Maratona passava para segundo plano. Tudo tranquilo.
Já perto das nove da noite recebo finalmente uma mensagem avisando-me para a antecipação da hora de partida da Maratona para as sete da manhã. Em simultâneo cai na minha Caixa de Correio Electrónico a informação sobre esta alteração da hora de partida da Maratona.
Olá Carlos,
Perante as temperaturas elevadas previstas para amanhã, dia 8, as partidas da EDP Maratona de Lisboa, da Luso Meia Maratona e da EDP 8K foram antecipadas. Assim as partidas serão:
EDP Maratona de Lisboa: 07h00 da manhã
Luso Meia Maratona: 09h00 da manhã
EDP 8K: 09h00 da manhã
Também os tempos limites para terminar as provas foram revistos. O tempo limite para terminar a Maratona é de 5 horas e o tempo limite para terminar a Meia Maratona e a 8K é de 2 horas e meia.
Esta antecipação das partidas tem como objetivo proteger os participantes das horas mais quentes. Relembramos que a organização reforçou os abastecimentos de água e chuveiros ao longo do percurso.
No total a EDP Maratona de Lisboa terá 13 abastecimentos e três chuveiros, a Luso Meia Maratona quatro abastecimentos e três chuveiros e a EDP 8K um abastecimento, no final da ponte, e dois chuveiros (comuns à meia-maratona). Na meta, será também entregue água a todos os finalistas.
Os comboios da CP de Lisboa para Cascais partem do Cais do Sodré às 05h15, 05h30 e às 06h00 da manhã.
Os autocarros para a partida da Luso Meia Maratona e da EDP 8k, na ponte Vasco da Gama, estarão disponíveis entre as 07h00 e as 08h00 da manhã, na Gare do Oriente.
Agradecemos a sua compreensão e pedimos-lhe que se hidrate e tenha atenção aos sinais do corpo.
Dada a questão logística derivada do facto dos locais de Partida e de Chegada serem em pontos opostos apenas tive de antecipar a minha hora de saída de casa.
Tinha preparado tudo para deixar o meu carro em Algés e depois apanhar um dos primeiros comboios da manhã com destino a Cascais.
Acertei o meu despertador para as três e meia da manhã. O meu objectivo era chegar com alguma margem de manobra a Algés para procurar lugar de estacionamento “à borla” e relativamente próximo da Estação da CP.
Não sei se foi por algum nervosismo o certo é que a partir das três da manhã acordei, ainda antes do sinal do despertador, e não mais voltei a adormecer.
Optei por me levantar calmamente e equipar-me com toda a tranquilidade do Mundo. De véspera já tinha deixado tudo devidamente organizado: Equipamento de Corrida e Suplementos alimentares.
Saio de casa ainda de noite e chego a Algés por volta das quatro horas e um quarto. Exagerei. O comboio que me propunha apanhar deveria passar por volta as 5 e 41 e ali estava eu seguramente com mais de uma hora de avanço. Mas é uma característica minha preferir chegar cedo do que em cima da hora.
Àquela hora da manhã nota-se o movimento daqueles que ainda estão a gozar a “noite Lisboeta”. Para eles a Maratona é outra coisa.
Quando chego à plataforma da Estação de Comboios da CP de Algés encontro os primeiros atletas. Tudo muito estranho para aquela hora, não fosse a circunstância de se ir realizar a Maratona de Lisboa.
O comboio oriundo do Cais do Sodré chega a Algés já bastante cheio. Mesmo assim ainda conseguiu albergar mais uns quantos atletas.
O ambiente dentro do comboio é uma mistura de dois grupos. Por um lado temos os “habitués” da Noite que regressam a casa para o merecido, na opinião deles, descanso. Destoando temos os Maratonistas que em vez do descanso aproveitam para se alimentarem, aquecerem as articulações ou ainda se hidratarem.
Presenciamos um cenário bastante curioso.
Chegamos a Cascais ainda noite cerrada.
O movimento nas ruas não é nada consentâneo com aquela hora. Ainda por cima o equipamento desportivo daquela imensa mole humana contribui para um ambiente bastante estranho.
A chegada ao Hipódromo de Cascais acaba por ser o aquecimento da maioria dos atletas. Nem precisámos do aquecimento promovido por uma equipa do “Holmes Place”.
Os atletas aguardam impacientemente pela partida da Grande Prova. Ainda não se faz sentir a luz do dia. Estranho quando estas provas têm o seu início já depois do nascer do Sol. São as consequências das medidas tomadas pela Organização. Um atleta mostrou-me o seu desagrado, mas digo-lhe que o Maratona deve ter preferido tomar estas medidas mais drásticas para evitar, dentro do possível, algum acidente mais desagradável. Lembro-lhe que na Meia Maratona de Lisboa em Março deste ano um atleta estrangeiro morreu após cruzar a meta em, Belém Também nesse dia se fez sentir uma onda de calor. Assim considero que foi acertada esta decisão.
O traçado da Maratona de Lisboa foi o mesmo das últimas edições. A única novidade teve a ver com a hora de partida. Regressados a Cascais, depois de uma incursão rumo ao Guincho, com o ponto de viragem por volta do quilómetro 6,5, começa a nascer o dia. Um pouco mais à frente, após a passagem pelo Estoril começamos a ter a companhia do Sol. Temos pela frente uma longa caminhada praticamente plana até à Praça do Comércio.
Contrariando as previsões o tempo manteve uma temperatura bastante agradável. Ao longo da Marginal tivemos sempre como nossa aliada uma brisa ligeiramente fresca.
Os locais de abastecimento estiveram à altura das necessidades. Se no início tivemos abastimentos de líquidos a cada cinco quilómetros quando a temperatura começou a subir a frequência passou para dois a três quilómetros. Cinco Estrelas.
À chegada ao Dafundo preparamo-nos para a “tenebrosa” recta até à Meta que parece nunca mais ter fim. Sem sombras e com a ausência de qualquer brisa mais fresca. Só a zona de chuveiros amenizava um pouco o calor. Por ser já nossa conhecida de outras provas talvez tenha contribuído para abordarmos estes quilómetros finais com maior ânimo.
A passagem pelo pórtico indicando a distância da Meia Maratona dá início à contagem decrescente. Já falta menos do que percorremos. A partir dos 32 quilómetros tenho pela frente uma simples corrida de dez quilómetros. É a distância típica de uma habitual prova de estrada.
Ânimo que o fim está próximo.
Nesta edição da Maratona de Lisboa cumpri todos os concelhos habituais. Hidratei-me bem, apesar de já não suportar o sabor a plástico das garrafinhas de água que nos iam entregando. Pedia sempre duas garrafas, uma para arrefecer os músculos e a outra para ir bebendo à medida que ia correndo. A alimentação, normalmente responsável por momentos de quebra dos atletas, não foi por mim descurada. Desde as barras energéticas até às pastilhas de Isostar para prevenir cãibras tudo contribuiu para que conseguisse chegar ao fim sem qualquer sobressalto. Procurei sempre manter um ritmo constante ao longo dos quarenta e dois quilómetros.
O único ponto negativo foi chegar à meta e verificar que gastei mais cerca de uma hora do que o habitual nas minhas últimas maratonas. Mas foi também a minha primeira corrida nesta distância desde que fui operado ao joelho esquerdo em 2019. Desistir não está no meu horizonte e já penso na próxima Maratona.
E vão treze…
[Crónica de Carlos Gonçalves]
Quando o meu amigo Catela me desafiou a correr a Meia Maratona de S. João das Lampas imediatamente despertou em mim a vontade de marcar presença numa das mais emblemáticas provas na distância de 21,0975 quilómetros.
Há já alguns anos que me tinha desligado desta prova. Pelo meio ainda participei no Trilho das Lampas, uma prova de “Trail” disputada ao final da tarde com o grande interesse de ser disputada, em grande parte, já noite dentro.
Em fase de preparação para a Maratona de Lisboa verifiquei no meu plano de treinos que para este fim de semana específico estava prevista a participação numa Meia Maratona.
Perfeito. Tinha o pretexto para me juntar ao meu amigo/colega das LEBRES E TARTARUGAS neste fim de semana.
Num ápice formalizei a minha inscrição e organizei o meu Sábado para estar em S. João das Lampas às Cinco da Tarde.
Esta foi, é, uma prova mítica na distância da Meia Maratona.
Segundo a informação disponível na página oficial da organização a Meia Maratona de S. João das Lampas é a segunda prova mais antiga em Portugal nesta distância.
Mas outros factores contribuem para que esta Meia Maratona seja única. Contrariamente às provas de Fundo de estrada a Meia Maratona de S. João das Lampas não é uma corrida plana apresentando-se com fortes pendentes ao longo do traçado. Assemelha-se mais a uma etapa de uma prova ciclista de estrada com várias contagens para o Prémio da Montanha .Há também quem a apelide de Meia Maratona de S. João das “Rampas”. Os atletas não têm descanso ao longo de toda a corrida. A maioria dos declives marcam presença essencialmente na primeira metade da corrida até passarmos pela primeira vez pela zona da meta.
Uma prova desta natureza é também palco para competições dentro da prova principal. Após a primeira e mais desgastante subida estabelecem-se diferenças nas classificações momentâneas dos diferentes atletas. E é a hora de começar a recuperar posições. Fixa-se um, ou uma, atleta que nos deixou para trás e que, lá mais para frente, nos propomos ultrapassar. A pouco e pouco adquirimos um ritmo mais constante e só assim ganhamos ânimo para a segunda parte da corrida.
Por volta dos 13 quilómetros passamos pela zona da Meta. E como, psicologicamente , este momento pode revestir-se de algum desânimo. Vemos ali bem perto a tão desejada meta… Mas ainda não é para nós. E, para maior desespero, vemos os primeiros atletas precisamente a completarem a Meia Maratona. Como são diferentes os rtimos…
Se bem que um pouco mais acessível ainda temos algumas pequenas rampas para cumprir. Não temos descanso.
Se bem que menos exigente não podemos descansar de todo. Os últimos nove quilómetros estão longe de ser um belo passeio. Sendo a dureza uma imagem de marca desta corrida temos, por outro lado, um aspecto bem mais agradável.
Com a hora de partida marcada para as dezassete horas vamos fazer toda a prova tendo como pano de fundo o tão agradável e romântico ambiente associado ao pôr do Sol. Mais nos apetece baptizar esta corrida como Meia Maratona “Sunset” de S. João das Lampas. E com o Verão a queimar os últimos cartuchos, conseguimos, de certa maneira, escapar a temperaturas altas. Mesmo assim na primeira metade da corrida ainda se fez sentir algum calor. Mas nada de verdadeiramente insuportável.
Cada um no seu ritmo os dois atletas das LEBRES E TARTARUGAS completaram, uma vez mais, a Meia Maratona de S. João das Lampas.
Mais uma corrida para alimentar o nosso já bem recheado rol.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
Uma semana após o Lisboa Green Trail eis-me regressado ao meu ambiente predilecto de corridas. Se a minha médica que me operou ao menisco soubesse das minhas aventuras e do meu completo desrespeito pelos seus conselhos certamente que me dava um valente raspanete.
Pois. Mas há valores mais altos que me fazem desviar do caminho certo. Ou talvez não. Acima de tudo há que manter um “astral” em alta. E para manter um astral em alta nada melhor do que uma boa prova de Trail.
A Corrida de Trail permite-nos fazer uma limpeza ao cérebro. Os longos momentos em que me encontro em profundo isolamento, normalmente quando não vejo atletas à minha frente ou atrás de mim, são uma boa oportunidade para apreciar tudo o que me rodeia e o lado belo da vida.
As corridas de Trail são tudo menos provas tranquilas. Os nossos limites são continuamente colocados à prova. A nossa força mental é muito importante para vencer os diversos obstáculos.
O Trail dos Moinhos Saloios tem sido uma corrida que, ao longo dos sete anos de existência, tem conseguido atrair os atletas que, deste modo, regressam anualmente à freguesia da Venda do Pinheiro e de Santo Estêvão das Galés para contribuírem para um ambiente muito colorido e de grande animação.
Mas ao longo deste tempo a dificuldade do percurso tem vindo a aumentar, que por outro lado, tem vindo a registar um decréscimo no número de atletas, principalmente no Trail Longo.
O gráfico da altimetria é, por si só, assustador.
Mas é normalmente assim nesta variante das corridas. Nada que nos assuste verdadeiramente.
No entanto na hora da partida há outro motivo de apreensão da minha parte. O reduzido número de atletas é um mau prenúncio de como vai ser difícil escapar ao último lugar. Após ter percorrido os 400 metros iniciais ainda dentro do Parque Urbano da Venda do Pinheiro, e quando nos começamos a entrar no ”trail” propriamente dito, olho para trás e… não vejo alguém atrás de mim. Vais ser uma corrida difícil. Mas tudo bem.
Após a primeira subida ainda consigo recuperar três lugares, mas sinto que a fuga ao último lugar vai ser o meu constante desafio ao longo dos cerca de 25,5 quilómetros da prova. Esqueço este pormenor a dedico-me a disfrutar ao máximo a beleza do percurso.
Alguns troços já eram meus conhecidos das edições anteriores nas quais participei, uma delas com o meu colega destas andanças Frederico. Mas a maioria do percurso era nova para mim. Este pormenor revela um esforço da organização em inovar todos os anos.
Como era de esperar faço grande parte do “trail” em completo isolamento. Algo que me é habitual. E, num raro momento em que me passou pela cabeça poder desistir de terminar a corrida, chega um elemento tão apreciado por mim. O tempo tinha estado até aquela altura um bocado encoberto. Foi então que o Sol marca presença num céu completamente despido de nuvens dando espaço para o aparecimento do calor de que eu tanto gosto. Ganhei novo ânimo e fiquei na minha cabeça com a certeza de que iria chegar até ao fim. Nada, apenas algum acidente, me faria desistir do meu ojectivo.
E ganhei também outro ânimo quando, após inúmeras vezes ter olhado para trás à procura de algum atleta mais atrasado, vejo dois companheiros de luta a uns escassos cem metros atrás de mim. O meu ritmo de corrida aumentou e vi ali um desafio para me empurrar até à meta. Este foi o apoio de que eu tanto precisava.
Os últimos cinco quilómetros foram os mais difíceis de toda a corrida. Pelo menos para mim. Após o último abastecimento começamos com o “quilómetro vertical”. Um elemento da organização alerta-me para a dificuldade desta parte final e aconselha-me a descansar e adoptar um ritmo mais calmo.
Fiquei preparado para o que me esperava.
Após o último controlo de passagem dos atletas dizem-me que faltavam cera de dois quilómetros. Até à Vacaria era sempre a descer terminando com uma pequena subida de cerca de 100 metros já mesmo antes de regressar ao Parque Urbano da Venda do Pinheiro. Entro num carrossel final, já conhecido de anos anteriores, que completo em ritmo vivo. Numa das descidas mais exigentes apercebi-me que os meus sapatos tinham começado a dar sinais de alguma falência com a sola a querer separar-se do resto da sapatilha. Mas, mesmo com este contratempo, consigo terminar a prova em bom andamento deixando bem para trás os outros atletas que chegaram, momentaneamente, a “ameaçarem-me”.
Quando entro nas derradeiras centenas de metros vou ainda buscar forças às minhas reservas e faço o meu “sprint” final habitual. Olho para trás e não vejo qualquer “ameaça”. Alguns minutos mais tarde cortam a linha da meta os outros dois atletas. Verifico que um deles era o “Vassoura”.
Em termos de curiosidade adianto que terminram setenta e um atletas tendo desistido dois dos que iniciaram o Trail Longo
Desloco-me para o meu carro e o um elemento da organização estava com a Ana ao telefone a perguntar por mim. Digo-lhe que me encontrava bem não sem levar um grande, e talvez merecido, raspanete da minha mulher por não ter respondido à chamada que me tinha feito. Digo-lhe que estava naqueles dois quilómetros finais nos quais procurava distanciar-me dos dois últimos atletas ao mesmo tempo que desejava que os meus Ténis não falissem de vez.
Já no período de recuperação muscular verifico que tinha gasto mais de cinco horas quando pensava demorar pouco mais de três horas.
E para o, ano há mais. Mas, de futuro, tenho de tomar mais atenção ao número de atletas inscritos e à sua média de idades. Talvez deva optar então pelo “Trail Curto”.
Mas tenho também outra certeza. Não vou desistir desta modalidade de corrida. E dou comigo a pensar que se tivesse de fazer de novo este Trail dos Moinhos Saloios não viraria a cara ao desafio do Trail Longo.
Haja condições físicas.
Mais um capítulo terminado. E que venham outros.
Soube também que o meu colega “estradista” Carlos Teixeira tinha participado na Corrida de Santo António. Foi mais um fim de semana de grande actividade da equipa das LEBRES E TARTARUGAS.
[Crónica de CARLOS GONÇALVES]
Na ressaca da Festa da conquista do 38º título de Campeão Nacional de Futebol pelo meu Benfica apresentei-me na Alameda Keil do Amaral, na Serra de Monsanto, para cumprir mais uma edição do Lisboa Green Trail. Desta vez a camisola oficial das LEBRES E TARTARUGAS foi substituída pela do clube do meu coração. As emoções da véspera foram de tal modo fortes que decidi fazer a minha homenagem ao meu clube, depois de ter estado no Estádio da Luz a torcer e a comemorar um título que nos escapava há quatro anos.
Que me desculpem os meus colegas de equipa. Mas como também estava sozinho considero que não fiz uma grande ofensa às Lebres e Tartarugas.
O resultado da véspera contribuiu, de sobremaneira, para me apresentar de peito cheio. Nem quero imaginar qual seria o meu estado de espírito se, por qualquer ironia do destino, o SLB visse escapar no último jogo do campeonato um título que tanto ambicionava.
A Serra de Monsanto tem vindo nos últimos anos a ocupar um espaço de eleição para os amantes do desporto, sejam as corridas de Trail, as Caminhadas ou o BTT.
O aparecimento de provas competitivas na variante de todo-o-terreno tem contribuído para que seja dado a conhecer uma miríade de trilhos outrora desconhecidos seja para a maioria dos Lisboetas seja para os habitantes dos arredores da Capital.
A Serra de Monsanto dá-nos um pouco de tudo o que os atletas de “Trail” mais gostam.
A Werun, organizadora do Lisboa Green Trail, esteve, uma vez mais, à altura das expectativas. Quase que me apetece dizer que foi uma prova cinco estrelas. A dificuldade do percurso, e refiro-me apenas ao “Trail Longo” que foi aquele em que participei, foi digna de uma prova desta categoria.
A diversidade de cenários contribuiu para que o Lisboa Green Trail fosse um êxito contribuindo para que as expectativas dos atletas fossem amplamente cumpridas.
Após a Partida no anfiteatro Keil do Amaral mergulhamos de imediato no paraíso da Serra de Monsanto.
São cada vez menos os trilhos completamente desconhecidos. E facilmente constatamos que partilhamos os trilhos da Serra de Monsanto com a classe dos amantes do BTT. Este é, cada vez mais, um dos seus “Santuários”. Existe um estado de boa convivência entre todos.
Um dos pontos mais interessantes do percurso culminou com a dupla passagem pelo Aqueduto das Águas Livres. A meio da travessia invertemos a marcha passando pelo interior do próprio aqueduto e atravessando a conduta de água que, nos seus primórdios, fazia o abastecimento a Lisboa.
O percurso do Lisboa Green Trail é um misto dos vários trilhos existentes na Serra de Monsanto. Ao longo da corrida vamos identificando as setas das diferentes rotas existentes e que fazem as delícias principalmente dos Caminheiros.
Um pormenor sempre demasiadamente importante, mas às vezes desprezado, é o da sinalização do percurso. Os atletas querem abraçar a prova, mas sem se perderem. E neste aspecto a organização esteve à altura. Quando não se vislumbrava qualquer fita bastava olhar para o chão e lá encontrávamos pedras ou raízes pintadas de um laranja bem visível. Se estas marcas não existiam só tínhamos de levantar a cabeça e procurar alguma fita sinalizadora da Werun indicando-nos que não estávamos perdidos e qual o caminho a seguir. Gratificante.
Podíamos ficar aqui a enaltecer o encanto da Serra de Monsanto. Mas o melhor mesmo é dedicarmos algumas horas de um fim de semana de descanso a percorrer algumas das várias rotas existentes. E a Serra de Monsanto tem sempre alguma surpresa à nossa espera.
Foi mais um “trail” com a presença de atletas das LEBRES E TARTARUGAS. E que se mantenha por muitos anos.
Já depois de terminada a minha participação vim a saber que um outro atleta das LEBRES E TARTARUGAS tinha participado na Corrida de Belém. Longe dos trilhos o Carlos Teixeira deu preferência a uma prova de estrada com o aliciante de começar e terminar na Pista de Atletismo do "velhinho", mas encantador, Estádio do Restelo.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
Mais uma Corrida do 1º de Maio. Igual como sempre, bela como nunca. Provavelmente a mais bonita corrida de 15 Km.
LEBRES E TARTARUGAS sempre presentes.
Desde 2010, ano da nossa primeira participação, que os elementos da nossa equipa têm contribuído para o colorido e para a grande adesão à Corrida evocativa do Dia Mundial dos Trabalhadores.
Tal como aconteceu com todas as manifestações de índole desportiva durante a pandemia, a CGTP viu-se forçada a suspender as edições de 2020 e 2021. Pelo meio ainda realizámos uma Corrida do 1º de Maio “virtual” com seis dos nossos atletas a participarem, separadamente, cada um em seu local.
Mas logo que foi possível a Corrida do 1º de Maio foi reactivada. Temia-se que a paragem forçada levasse a que, como em outras situações, esta prova fosse suspensa durante um tempo indeterminado. Mas, felizmente, que isso não aconteceu.
A Corrida do 1º de Maio já não é o que era quando assistíamos a uma grande adesão de atletas estrangeiros. Mas os Portugueses, pelo menos os mais indefectíveis, continuam a fazer de questão de se associarem a uma prova que, apesar de ter uma carga política importante como a celebração do Dia do Trabalhador e o facto de ser organizada por uma Central Sindical umbilicalmente ligada ao Partido Comunista Português, não deixa de ter algum encanto e alguma pureza principalmente numa época em que este Partido tem cada vez menor importância e representatividade no espectro político português. Para os atletas a política está relegada para segundo plano. A tradição ainda é o que era. Ainda podemos sonhar.
“E o sonho comanda a vida”.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
A EDP Meia Maratona de Lisboa é considerada como a prova rainha de todas as corridas que se realizam em Portugal nesta distância.
A Meia Maratona é a antecâmara para a participação na mais mítica distância das corridas de fundo. Quem ousa participar e concluir uma Meia Maratona tem, inevitavelmente no seu imaginário, de candidatar-se a concluir uma Maratona.
No final de cada Meia Maratona a maioria dos atletas candidatos a Maratonistas faz, invariavelmente, o seguinte raciocínio: para realizar uma Maratona é “só” repetir o que acaba de fazer. "Mas será que conseguirei? Se me custou tanto a cumprir estes vinte e um quilómetros será que estarei em condições de realizar a façanha de terminar uma Maratona?" A experiência prova-nos que ,afinal, não é simplesmente assim. Com um plano de treino adequado tudo se torna mais fácil.
Mas regressemos à Meia Maratona de Lisboa. O facto de se atravessar a pé a bela Ponte 25 de Abril constitui um dos muitos atractivos para a maioria esmagadora dos atletas que, ano após ano, se deslocam a Lisboa para participarem nesta prova, sejam eles estrangeiros ou Portugueses. Esta tem sido a nossa prova rainha em cada ano e que só por qualquer imprevisto é que algum dos atletas das LEBRES E TARTARUGAS não marca presença.
Escusado será dizer que foi precisamente neste ambiente que foi dado o pontapé de saída para a formação da nossa equipa.
Este ano temos a assinalar a estreia do Gonçalo Gonçalves na Meia Maratona de Lisboa. A distância não era uma novidade para ele. Todavia o aliciante de atravessar a pé pela primeira vez a Ponte sobre Tejo foi motivo mais do que suficiente para se inscrever.
Gonçalo Gonçalves, Carlos Teixeira e Carlos Gonçalves encontraram-se no sítio habitual, na rotunda que antecede a descida para a Praça da Portagem. Antes ainda tiveram um controlo de atletas para verificar se possuíam dorsal válido e se não se faziam acompanhar por algum objecto que pudesse pôr em risco a integridade física dos restantes. Parecia o controlo de entrada para um estádio de futebol. Não sabemos se esta medida foi da iniciativa da Polícia ou da própria Organização da Corrida. Estranha-se quando é por demais sabido que os amantes do Atletismo são pessoas pacíficas e com um comportamento bastante civilizado.
Os nossos três atletas conversam animadamente sobre as experiências anteriores e sobre as suas expectativas para a prova. O Gonçalo, na sua qualidade de estreante, era o que estava mais ansioso pelo começo da aventura.
A quantidade de participantes foi bastante grande.
Após o tiro de partida, e já depois dos atletas de Elite terem iniciado a prova em Lisboa, os semi-maratonistas lançam-se com grande entusiasmo à travessia da Ponte 25 de Abril. Os candidatos à prova de 10 quilómetros partem mais tarde.
O Gonçalo estava perfeitamente entusiasmado com o ambiente que estava a viver pela primeira vez. Começou por correr em cima da zona da grade. Mas, ao olhar para baixo, ficou com algumas vertigens pelo que, logo que pôde, refugiou-se nas zonas em alcatrão.
Após a travessia do Rio Tejo, e quando os atletas se preparavam para encetarem a descida para Alcântara, temos a primeira novidade. Devido às obras em curso na zona de Santos o percurso foi esticado ao longo da Avenida da Ponte, quase até ao desvio para as Amoreiras.
Após termos cumprido quatro quilómetros e meio dá-se a inversão no sentido da corrida. Estamos na fase mais agreste da prova. A temperatura, aliada à ausência de qualquer brisa e à poluição que se fazia sentir de sobremaneira, são um sério revés para os atletas. E até à saída para Alcântara é sempre a subir.
Não esperávamos um início tão duro como este.
Ao invés das edições anteriores não chegamos até ao Cais do Sodré pelo que a longa recta até ao Dafundo desta vez acabou por ser um pouco menos longa. E foi nesta fase que o Sol despontou em todo o seu esplendor contribuindo para uma temperatura pouco recomendável para a maioria dos atletas.
Nos últimos quilómetros deparamo-nos com três atletas deitados no chão e a receberem assistência da equipa médica de apoio à prova. Infelizmente situações como esta repetem-se todos os anos. E não estamos a falar de atletas com uma idade mais avançada. São, sobretudo, “jovens” sem qualquer preparação para uma prova com a dureza de uma Meia Maratona.
Concluída a prova os atletas das LEBRES E TARTARUGAS reúnem-se junto à entrada para o Museu da Marinha, tal como tinham planeado previamente.
Cada um fez a sua corrida dentro das suas perspectivas. O Gonçalo era o mais encantado com a Meia Maratona de Lisboa. Nunca tinha participado numa corrida com tanta gente. Aliás a edição de 2023 foi, certamente, uma das mais concorridas de sempre. E já se sente preparado para novos desafios.
Ganhámos mais um atleta para acompanhar com maior regularidade os restantes membros da nossa equipa.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
Não são dez, não são quinze e não são vinte. Desde 2013 que a Corrida das Lezírias passou a ter uma distância oficial com um número nada redondo de 15,5 Km.
Normalmente, e no que às provas de estrada diz respeito, é habitual que a distância oficial se enquadre numa das provas mais tradicionais. Só a Maratona, e por arrasto a Meia Maratona, tem uma distância oficial com uma precisão que vai até ao metro. Mas isto tem a ver com a origem histórica da Maratona.
Bem sabemos que, na esmagadora maioria das situações, os atletas correm sempre um pouco mais do que o anunciado. Talvez o facto de uma maioria assinalável dos atletas utilizarem actualmente relógios “inteligentes” que medem em tempo real as distâncias das corridas nos permita aferir a diferença entre a distância oficial e a real.
A Corrida das Lezírias tem tido a “assinatura presencial” de atletas das LEBRES E TARTARUGAS. Faça chuva ou faça Sol é habitual que os nossos atletas se desloquem num fim de semana de Março a Vila Franca de Xira para participar numa corrida que continua a ter a aceitação de um grande número de atletas.
A paisagem envolvente é simpática com a corrida a desenrolar-se aos longo das duas margens do Rio Tejo.
O piso é composto por uns três quilómetros iniciais e finais em alcatrão. Depois de atravessarmos a Ponte Marechal Carmona em direcção à margem esquerda do Tejo viramos à direita e entramos na lezíria Ribatejana. Um piso em terra batida, mas bem compacto, dá lugar a algumas zonas com pequenas poças de água, maiores ou menores consoante a quantidade de chuva que caiu nos últimos dias anteriores à prova. Mais à frente, e após o primeiro abastecimento de água por volta do quilómetro oito, entramos num segmento em que o piso é mais mole e, por vezes, bastante enlameado. É, na minha opinião, a melhor parte da corrida. Aqui os atletas já estão em velocidade cruzeiro e adquirem um ritmo mais vivo que lhes permite atacar com maior confiança e fulgor a parte final em alcatrão até ao pavilhão Gimnodesportivo no Parque Urbano do Cevadeiro.
Com a meta à vista alguns atletas fazem o “sprint” final seja para ganharem algumas posições seja para terminarem em beleza a Corrida das Lezírias.
Devido à circunstância de se realizar a uma distância de uma semana da Meia Maratona de Lisboa esta corrida pode também ser encarada como um bom treino para os 21,0975 quilómetros que aí vêm.
Assim se mantenha o percurso e certamente que continuará a ter uma larga adesão dos atletas populares de estrada.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
O início do ano de 2023 foi de grande actividade para os nossos corredores com a participação em três provas de dificuldade e distância acima da média.
Foram três domingos de seguida. Depois da Meia Maratona de Torres Vedras e da Corrida do Fim da Europa foi a vez de regressarmos a uma clássica das corridas de fundo em Portugal. A Meia Maratona de Cascais, outrora 20 quilómetros de Cascais, fechou este ciclo de maior intensidade em comparação com o nosso passado mais recente. Longe vão os tempos em que víamos os atletas das LEBRES E TARTARUGAS fins de semana consecutivos em tudo o que fosse prova de estrada.
Não direi que o nosso abrandamento se deva principalmente à nossa idade, mas sim à nossa preocupação em não ganhar lesões que, nesta fase, são de mais difícil recuperação. Mas também temos de evitar entrar em saturação. Devemos encontrar alternativas que nos permitam “limpar” a cabeça e assegurar que mantenhamos uma actividade física regular tão necessária como essencial.
A Meia Maratona de Cascais continua a atrair muitos atletas. Sem alterações de percurso comparativamente com as edições anteriores aplica-se o princípio de não mexer numa fórmula que se tem afirmado como vencedora.
A partida, em frente ao Hotel Baía, foi algo confusa em virtude de ser o palco do início das várias modalidades previstas: Corrida das Crianças, Corrida de 5 Km, Prova de 10 Km, para os menos afoitos e menos preparados para grandes distâncias e, finalmente, a Meia Maratona.
Como já é habitual os atletas dos 21 quilómetros foram divididos em diferentes blocos de partida consoante o tempo previsível para a conclusão da corrida.
A confusão parecia estar instalada tal era o aglomerado de atletas que não conseguiam entrar para o seu compartimento de partida. Mas, “despachadas” as provas mais curtas, a Organização conseguiu que tudo decorresse com a normalidade possível para o início da prova principal.
A diferença em tempo entre as partidas da corrida de dez quilómetros e da Meia Maratona evitou que se gerasse algum conflito entre os atletas das duas provas com andamentos bem diferentes. Quanto mais longa é a distância menor é o ritmo imposto pelos atletas. Os participantes da Meia Maratona apenas se juntaram aos da distância de cinco quilómetros mas durante pouco tempo.
Feita a separação entre os participantes nestas duas provas os semi-maratonistas atacam o troço mais longo que os leva até às imediações do Guincho. É, talvez, a parte do percurso mais agradável com a vista do Oceano Atlântico na sua imensidão e grandeza. Estamos na Costa Oeste da Europa. Mas é também uma zona onde a nossa força psicológica é mais colocada à prova dado que, por mais que fixemos o nosso olhar na estrada, nunca mais vemos o tão almejado ponto de viragem. Ultrapassada a antigamente muito temida subida entre os quilómetros dezassete e dezanove, passamos pela zona do hipódromo. Sabemos que o fim está próximo e que, mais à frente, temos as últimas centenas de metros que antecedem a meta. É sempre a descer em que a maioria faz a “sprintar” dentro das suas capacidades físicas.
A grande surpresa foram as condições meteorológicas. Depois de semanas em que o frio se fez sentir de sobremaneira a Meia Maratona de Cascais presenteou-nos com um tempo mais primaveril. E, por mais estranho que pareça, a temperatura mais alta fez-se sentir no segmento da estrada do Guincho. Com a inversão do sentido da corrida apareceram algumas rajadas de vento mais frio tornando a temperatura mais apetecível e estabelecendo condições mais agradáveis para uma corrida com a distância de uma Meia Maratona.
Mais uma participação a juntar-se ao nosso bastante extenso currículo.
Há situações que um atleta nunca deseja encontrar numa no decorrer de uma qualquer prova. A principal é não aparecer uma lesão, antiga ou recente, que pode mesmo levar à desistência. A outra são as famigeradas cãibras que surgem quando menos se espera e que são resultado de um esforço mais intenso e para o qual não estávamos preparados. Por último, e com a qual nunca contamos, é, de repente, surgir um dor de barriga que tem tudo de inesperada como de resolução difícil. Foi o que sucedeu a um dos nossos atletas. Aliás já à partida tinha alguns sintomas mas que esperava que passariam à medida que a corrida fosse avançando. Mas o contínuo movimento só faz aumentar aquele suplício. Foi mais um obstáculo que tinha de ultrapassar.
Apesar de ter estabelecido como objectivo concluir esta Meia Maratona com um tempo inferior ao que tem conseguido nas últimas corridas nesta distância a sua preocupação passou a estar focada em controlar aquela situação inesperada e terminar os cerca de vinte e um quilómetros nas melhores condições possíveis. Depois de cortada a meta logo se veria.
Foi, sem dúvida, um grande teste à capacidade de superação do atleta.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
Há tradições que se vão mantendo. E a participação na Corrida do Fim da Europa é uma delas. Esta prova, a par da Corrida do 1º de Maio, é uma das que pertence ao nosso grupo de favoritas nas quais as LEBRES E TARTARUGAS fazem sempre questão de marcar presença.
Apenas por motivo de lesão é que algum dos nossos atletas do grupo Fundador não compareceu à chamada. E que o diga o Frederico que, não estando em condições de desafiar o frio da Serra de Sintra em pleno mês de Janeiro, fez questão de comparecer e de contribuir para engrossar o lote de corredores presentes à partida. Aliás o Frederico é o nosso único totalista em participações nesta Corrida.
A manhã apresentava-se bastante fria de tal modo que até o Frederico considerou que a temperatura era mesmo baixa. Felizmente que o Sol apresentava-se em grande força e sem a presença de vento. É preferível o frio à chuva, pelo menos na hora da Partida.
A Corrida do Fim da Europa começou mais cedo com a deslocação de véspera a Sintra para deixarmos um carro na Azóia que se destinava a transportar os nossos atletas no regresso no dia seguinte após terminarem a corrida.
Ano após ano há duas certezas. Uma é a de que o percurso não muda nem um milímetro. A outra é a forte adesão popular àquela que tem sido apelidada como a Corrida Mais Bonita do Mundo. De assinalar que dos 2458 atletas inscritos terminaram 2029. Nada mau.
A Corrida do Fim da Europa tem mantido uma vitalidade ao longo dos anos tendo sobrevivido a tudo, mormente à pandemia de má memória. Contrariamente ao que tem acontecido nas anteriores edições este ano não vimos caras conhecidas. Este facto significa que a Corrida está a atrair novos atletas substituindo os que vão desistindo. A manter-se esta tendência podemos ficar descansados que a Corrida do Fim da Europa tem a sua sobrevivência garantida.
Tudo o que há dizer sobre a Corrida do Fim da Europa já foi praticamente dito. O ambiente mágico da Serra de Sintra contagia-nos de tal modo que quase não damos conta das dificuldades. O início, com perto de três quilómetros sempre a subir, e com uma forte pendente negativa, faz com que os atletas rapidamente aqueçam. E nem mesmo a terrível “parede” entre os quilómetros 9,5 e 10,5 consegue abalar os atletas. Uma inclinação de 15% é bastante exigente mesmo para os mais experimentados e mais bem preparados. Mas a tudo resistimos. Só queremos chegar ao Cabo da Roca e juntar mais uma corrida ao nosso já extenso currículo.
E para o ano voltaremos.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
Sempre à descoberta de novas emoções a equipa das LEBRES E TARTARUGAS adere a tudo o que é novidade.
Foi assim que em 2022 inscrevemos dois atletas na primeira edição da Meia Maratona de Torres Vedras ficando a representação da nossa equipa a cargo do Carlos Teixeira e do Carlos Gonçalves. Este último atleta desistiu à última hora em virtude de um imprevisto que o impediu de fazer companhia ao outro elemento das LEBRES E TARTARUGAS.
Em 2023 a nossa equipa decidiu inscrever-se novamente nesta prova que encarna os ingredientes típicos de uma Meia Maratona com um percurso maioritariamente plano, mas com a diferença de se desenrolar em terra batida. E, além dos dois Carlos, contámos ainda com um atleta de peso na nossa equipa. O Gonçalo Gonçalves encarna o verdadeiro espírito da nossa equipa não dizendo não a um novo desafio. Foi a sua segunda Meia Maratona e já se perfila para a Meia Maratona de Lisboa com a travessia da Ponte 25 de Abril em Lisboa.
Esta prova tem o formato de corrida em linha com partida e chegada em locais distintos. Assim a organização colocou à disposição dos atletas vários autocarros transportando-os desde Torres Vedras até à Praia de Santa Cruz de modo a minimizar ao máximo os constrangimentos dos participantes sem terem de mobilizar duas viaturas, uma junto da Partida e outra próxima da chegada, e com a obrigatoriedade de se deslocarem novamente até Santa Cruz para recolher o outro carro.
Entrámos num dos autocarros estacionados junto ao Pavilhão da Expo Torres que nos levaria até ao local da partida. Como sempre acontece nestas situações os diferentes atletas aproveitam para colocar a conversa em dia salientando as suas proezas, nomeadamente relatando a participação recente em diferentes Maratonas e Meia Maratonas em vários Países, da Europa e não só.
E para fazer bom ambiente o motorista do nosso autocarro encarregou-se de colocar na instalação sonora umas músicas de duvidoso gosto que tinha numa “playlist” no seu telemóvel.
A longa espera pela partida, aliada à deficiente qualidade dos assentos do autocarro, contribuiu para alguma impaciência dos atletas e para chegarem ao local da Partida um pouco “moídos”.
A manhã apresentava-se fria, bastante fria até. Mas, ao contrário do ano passado, desta vez a chuva não marcou presença. Apenas um vento um pouco agreste não fosse o facto de estarmos junto à Praia de Santa Cruz em plena costa atlântica. E o Sol fez questão de marcar presença ao longo de toda a prova amenizando um pouco a baixa temperatura que se fazia sentir, acompanhado, de vez em quando, por umas lufadas de ar mais frio.
Antes da hora da partida os nossos atletas refugiam-se no bastante simpático e acolhedor Café “O Veleiro” onde pudémos satisfazer as nossas necessidades fisiológicas e aquecer com um esplêndido café matinal.
A hora do começo da prova aproxima-se. Não são muitos os atletas à partida. Talvez umas três centenas, adiantamos. E verificamos também que a média de idades é, aparentemente, baixa. o que pode ser uma preocupação para quem não deseja terminar a Meia Maratona nos últimos lugares.
E aproveitamos para nossa habitual foto da equipa.
Às dez e meia é dado o “tiro” de partida.
E, para aquecer, começamos logo com uma subida de respeito. Uma autêntica parede que contribui para o desmembrar do pelotão. Os mais rápidos e mais bem preparados desparecem num ápice. São cerca de quatrocentos metros demolidores. Provavelmente o maior obstáculo de toda a prova.
O percurso é o mesmo de 2022. Sendo maioritariamente plano obriga os atletas a “puxarem” constantemente do princípio ao fim. E, na realidade, e analisando o registo nos nossos relógios “inteligentes”, constatamos que, tirando a “parede” inicial, e um “muro” por volta dos quinze quilómetros e meio, o percurso foi pouco acidentado mas com uma pendente positiva.
O ambiente em redor era tipicamente de uma lezíria Ribatejana com muitas zonas alagadas a acompanharem o nosso percurso. A inexistência de grandes acidentes permite-nos ver mais longe outros atletas mais adiantados. Este pormenor até pode ser considerado como um incentivo a mantermos um bom ritmo e, quiçá, tentarmos diminuir a distância aos corredores mais adiantados.
A Meia Maratona de Torres tinha a presença dos chamados “Pacers” que marcam diferentes ritmos de corrida e que ajudam os atletas a manterem um andamento constante acompanhando estas “lebres”. A presença dos “pacers” normalmente contribui para um desempenho superior ao que conseguiriam em condições normais. Por isso são sempre bem-vindos.
Os nossos três atletas posicionaram-se ao longo de toda a prova tendo como referência a atleta dos 6 minutos por quilómetro, um à frente e os outros dois atrás. E conseguiram realizar a corrida num ritmo de Meia Maratona, mas em alcatrão. O Carlos Teixeira conseguiu terminar a prova abaixo da barreira das duas horas enquanto os restantes elementos das LEBRES E TARTARUGAS ficaram um pouco mais atrás, na casa das duas horas e sete e duas horas e nove minutos.
Terminada a corrida os nossos atletas conseguem, apesar do cansaço, apresentar sinais de felicidade e de sentimento de dever cumprido.
E para terminar em beleza o nosso atleta mais velho obteve um meritório terceiro lugar no escalão de mais de sessenta e cinco anos. Quando se preparava para ir tomar banho ouviu na instalação sonora que iriam distribuir os prémios para o último escalão de Veteranos e disse para o filho: “espera que vão entregar os útimos troféus e talvez possa ser comtemplado com lugar de destaque e com direito a prémio”. E assim foi tendo de subir ao pódio para receber o prémio em causa.
Para aqui que ninguém nos ouve só terminaram três atletas deste escalão. Mas o que fica para a posteridade foi a subida ao pódio.
De realçar que numa prova em que terminaram trezentos atletas os nossos corredores ficaram com mais quarenta atrás deles. Foi um feito digno de registo tendo em consideração o reduzido número de atletas e que a esmagadora maioria era bastante mais nova e que aparentava uma boa preparação.
Para terminarmos em beleza esta nossa participação na Meia Maratona de Torres Vedras fomos recuperar energias num óptimo Restaurante que tinham aconselhado ao Gonçalo. Dificilmente nos esqueceremos do Páteo do Faustino onde celebrámos a nossa corrida na companhia das nossas “Personnal Trainers”. O Carlos Teixeira não nos pôde fazer companhia devido a compromisso familiar que o obrigava a regressar mais cedo a casa. Fica para a próxima.
Segue-se a Corrida do Fim da Europa já com a companhia do Frederico e do João Valério.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
O ano civil encerra, desportivamente falando, com a participação numa qualquer Corrida São Silvestre existente por este País fora.
A nossa equipa tem marcado presença na Corrida São Silvestre de Lisboa habitualmente apoiada pelo El Corte Inglés, prova esta que não se realizou durante a pandemia do Covid 19.
Em 2021 a prova de Lisboa passou a contar com um novo patrocinador mantendo-se o traçado habitual bem como a realização no último Sábado antes do NATAL.
Com o regresso praticamente à normalidade na realização de provas desportivas, o ano de 2022 assistiu ao nascimento de uma nova São Silvestre em Lisboa e com o El Corte Inglés de novo a dar-lhe o nome e a realizar-se no último dia do ano num horário mais cedo.
De novo as LEBRES E TARTARUGAS marcaram presença na São Silvestre de Lisboa agora com um novo patrocinador – LIDL - contando com quatro elementos já habituais nesta prova.
O Carlos Teixeira não pôde estar presente em virtude de ter um compromisso inadiável marcado para este Sábado dia 17 de Dezembro. Assim vai carregar com a responsabilidade de representar a nossa equipa na São Silvestre El Corte Inglés,
As Corridas São Silvestre de Lisboa mais do que uma prova competitiva são, principalmente, um convívio de milhares de pessoas que decidem percorrer, em corrida ou a andar, algumas artérias do centro da cidade e num percurso que não tem registado significativas alterações nos últimos anos. Na realidade este ano houve uma pequena mudança no trajecto em virtude da abertura de uma cratera na Rua da Prata na sequência do mau tempo que se tem sentido um pouco porto todo o País e ao qual a Capital Lisboa também não escapou.
Manteve-se, contudo, a tradicional subida da Avenida da Liberdade rumo ao Marquês de Pombal e com a competição do último quilómetro. Com mais de sete quilómetros nas pernas custa um pouco esta parte final. No entanto, sabendo que os últimos mil metros são feitos num ritmo desenfreado contra o tempo, até parece que não custam muito a passar. Este ano na fase de subida ao Marquês os atletas mostravam um semblante mais animado do que é habitual. Sabiam bem o que os esperava do outro lado da Avenida da Liberdade.
E assim decorreu mais uma São Silvestre de Lisboa realizada pelas LEBRES E TARTARUGAS.
É tempo de descanso e de cometer as habituais loucuras gastronómicas na época natalícia com os excessos tanto na comida como na bebida.
E o ano de 2023 já nos espera para colocarmos a nossa saúde física e mental em ordem.
Resta-nos desejar uma boa São Silvestre de Lisboa El Corte Inglés para o nosso atleta Carlos Teixeira.
Feliz Natal e um excelente ano de 2023 para todos os nossos atletas e para a comunidade desportiva em geral.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
Há quanto tempo que não víamos os quatros "Veteranos" da equipa das LEBRES E TARTARUGAS juntos e em acção. Foi em Janeiro deste ano que estes quatro atletas se juntaram pela última vez em Sintra para a Corrida do Fim da Europa. Daí para cá cada um tem seguido o seu caminho participando em provas isoladamente ou com um ou dois dos restantes membros da nossa equipa.
Os tempos são outros. Antigamente quando um de nós optava por se inscrever numa qualquer corrida os outros íam logo atrás. Agora somos um pouco mais criteriosos na escolha das provas nas quais vamos participar. Talvez sejam os reflexos da pandemia a pesar nas nossas escolhas.
A edição deste ano da Meia Maratona dos Descobrimentos trouxe algumas novidades.
Em primeiro lugar os atletas foram colocados em diferentes blocos de partida de acordo com o tempo expectável para a Meia Maratona.
Habitualmente qualquer Meia Maratona que se realize em Lisboa tem como pontos comuns os locais de partida e de chegada nas imediações do Centro Cultural de Belém. E invariavelmente o traçado desenrola-se maioritariamente ao longo do eixo Avenida 24 de Julho/Avenida da Índia com retorno nas imediações da Estação de Santa Apolónia, e sem esquecer a zona de empedrado entre o Cais do Sodré e o Terreiro do Paço. É uma zona que provoca um desgaste adicional onde todo o cuidado é pouco para evitar qualquer entorce e queda acidental que pode deixar marcas na integridade física dos Corredores.
Os primeiros dois quilómetros são uma espécie da aquecimento com uma ida até Algés onde se dá a primeira inversão de marcha.
Pelo meio ficaram algumas pequenas alterações de percurso motivadas pelas obras em curso na região de Santos.
E o regresso inclui também uma ligeira subida pela Rua da Prata em direcção ao Rossio.
Já na Avenida 24 de Julho temos uma longa recta até à Meta. Só que este ano já não tivémos de ir até ao Dafundo e viramos logo à direita em direcção ao Museu da Marinha.
Foi uma prova toda ela muito plana e que contou com a presença de muitos atletas, alguns deles estrangeiros que aproveitam a realização da Meia Maratatona dos Descobrimentos para fazerem uma visita a Lisboa. Juntam o útil ao agradável.
A edição da Meia Maratona dos Descobrimentos de 2022 parecia, á partida, não ter o mesmo impacto das anteriores edições. O levantamento dos dorsais era normalmente feito no exterior das instalações do Centro Cultural de Belém onde também se realizava uma Feira do Desporto com "stands" de venda de material desportivo e de divulgação de outras provas em Portugal ou no estrangeiro. Este ano a entrega dos "kits" de atletas foi feita de forma um pouco envergonhada numa pequena sala junto ao Pequeno Auditório do CCB. E mais estranho ainda foi o facto de serem aceites inscrições no próprio dia da proa.
Estranho tudo isto. Mas ao longo da prova verificámos que a adesão de atletas foi grande na linha do que aconteceu nas anteriores edições.
Foi uma prova simpática e que, para além da competição, pode ser encarada como um treino dominical com um pouco mais de intensidade.
Agora os nossos quatro atletas só se voltarão a encontrar na próxima Corrida do Fim da Europa em 29 de Janeiro de 2023. Pelo meio ainda teremos participações nas corridas São Silvestre de Lisboa que em 2022 conta com duas provas distintas mas que em nenhuma delas participaremos os quatro em simultâneo.
E o fim do ano aproxima-se com os nossos atletas já a fazerem planos para o ano que aí vem.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
Foram 20 Km de Sol, muita Lama e muitas subidas e descidas.
As previsões meteorológicas apontavam para um domingo com chuva elemento natural em corridas de trail e tão da preferência do nosso atleta Frederico. Aliás penso que foi com algum desalento que os nossos dois atletas partiram para esta prova. O Sol é bom, principalmente para quem se dá bem com o calor. Mas nesta altura do ano esperávamos outro tipo de condições. Mas não foi a ausência de chuva que afectou o Oeiras Trail. Até porque choveu bastante nos últimos dias contribuindo para um piso bastante lamaçento e do qual os Trailistas tanto apreciam.
Costuma-se dizer que em equipa que ganha não se mexe. O mesmo se aplica às organizações de eventos desportivos. Quando a fórmula resulta em sucesso não se deve mexer muito nas edições seguintes. Mas não é o que tem acontecido no Oeiras Trail.
Em três edições do Oeiras Trail a organização tem alterado todos os anos o percurso e a tecnicidade da corrida. Não se acomodaram arriscando à procura de um modelo que vá ao encontro do interesse dos participantes nas diferentes modalidades.
No que à opção do Trail 20 K+ diz respeito, que foi aquela em que se inscreveram os dois atletas da equipa das LEBRES E TARTARUGAS, a edição deste ano foi talvez a mais equilibrada.
Ao longo de toda a prova fomos verificando que o trajecto era substancialmente diferente do do ano passado. Apenas encontrámos alguns troços conhecidos mas que foram feitos em sentido contrário.
A corrida começou à hora marcada e sem as antigamente obrigatórias máscaras durante as fases mais críticas do Covid19.
Aos poucos a vida vai reentrando na normalidade.
Em andamento bastante vivo os atletas começam a atacar os 20 Km do Oeiras Trail. A partida é separada para cada distância.
Decorridos cerca de dois quilómetros temos um primeiro engarrafamento com o atravessamento de uma pequena ribeira imediatamente complementada com uma subida bastante exigente tendo em conta a lama existente que tornava o piso bastante escorregadio e com a necessidade de ser atacada em modo de tracção total.
A partir deste ponto entramos num carrocel de subidas e descidas, umas mais exigentes e outras nem tanto.
Por volta do quarto quilómetro temos novo congestionamento com a entrada num túnel bastante baixo. Em alguns locais quase que temos de andar de gatas para não batermos com a cabeça no tecto. Ao nosso lado direito corre um pequeno curso de água. Ainda pensámos se seria esgoto mas a ausência de qualquer cheiro levou-nos a concluir que se tratava apenas de uma linha de águas pluviais. No final desta travessia encontramos o porquê para as constantes paragens dentro do túnel. Aguardáva-nos uma pequena mas difícil escalada só possível com a ajuda de uma corda com nós estrategicamente colocada pelos Bombeiros que davam uma ajuda a quem mais dela necessitava.
Voltamos à superfície para, cerca de um quilómetro depois, termos o primeiro ponto de abastecimento.
Uma característica da prova deste ano foi o equilíbrio entre a condição física e o andamento dos atletas, sem contar com os que lutavam pelos melhores lugares da classificação. Ao longo de todo o percurso andamos praticamente sempre acompanhados o que motiva um andamento mais vivo com constantes ultrapassagens entre atletas. Um dos problemas de andar em grupo é fixarmo-nos apenas no atleta que vai mais à nossa frente descurando a observação das fitas sinalilzadoras do percurso. É um primeiro passo para nos enganarmos no caminho a seguir. Se o que vai mais à frente se engana aí vão todos os "cordeirinhos" atrás dele. E foi o que aconteceu por duas ou três vezes. Faz parte das provas de Trail.
Com o aproximar do fim os atletas começam a fazer a contagem decrescente dos quilómetros que ainda falta percorrer. Parece que cada quilómetro é mais comprido no final. E começa também a sensação de andarmos às voltas e aos ziguezagues até à meta.
E só mais uma subida, logo seguida por uma descida até nova escalada antes de reentrarmos nas instalações dos Nirvana Studios.
Das três edições já realizadas esta foi, sem dúvida, a mais equilibrada.
Terminámos, uns em melhor estado, outros nem tanto.
Um curiosidade final.
O número do meu dorsal coincidia com a minha idade: 66.
Os astros estavam alinhados. Daí a prova ter-me corrido tão bem.
Se houver uma quarta edição cá estaremos de novo.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
SINTRA TRAIL MONTE DA LUA
“Foi bem melhor do que estava à espera”.
Esta frase foi proferida pelo Frederico e pelo Carlos Gonçalves no final do Trail Sintra Monte da Lua disputado à noite numa das melhores envolvências do nosso País.
Por mais de uma vez que os atletas das LEBRES E TARTARUGAS de deslocam a Sintra para participar numa qualquer prova, donde se destaca a Corrida do Fim da Europa que habitualmente se realiza no último fim de semana de Janeiro.
Esta prova era um “Três em Um”.
Passo a explicar.
Reunia três dos ingredientes mais apetecidos para os nossos dois atletas. Era uma corrida disputada na Serra de Sintra, na sempre desejada modalidade de “Trail” e à Noite. Estavam assim reunidas as condições para um desafio imemorável. A forte chuva que se previa não era um pretexto minimamente válido para não comparecermos em Sintra para um Trail que se antevia apetitoso.
A descrição do percurso na página oficial da prova dava a ideia que iríamos correr maioritariamente pelas ruas de Sintra. O gráfico da altimetria podia causar alguma apreensão com vários picos para vencer. Mas tudo dependia da escala utilizada.
Nada de medos.
Com a partida prevista para as oito da noite cedo começaram a chegar a Sintra as várias centenas de atletas inscritos, fosso nas modalidades de corrida – 5 e 10 quilómetros – fosse na Caminhada com o mesmo percurso e distância do “Trail Curto”.
A habitual dificuldade em encontrar um lugar para estacionar o carro levam a que os atletas chegam mais cedo para ficarem o mais próximo possível da zona da Partida e da Chegada junto ao Palácio de Sintra. E, se possível, fugir aos parqueamentos pagos e encontrar um lugar “à borla”, mas legal.
Com uma margem de tempo aceitável os nossos dois atletas encontram-se junto à Linha de Partida para as habituais fotografias de grupo destinadas, a melhor delas, a ser incluída na crónica da corrida presente no nosso Blogue.
Estas crónicas, mas do que uma descrição da corrida, são a nossa memória futura para o nosso álbum de recordações.
A chuva decidiu dar uma ar da sua graça perto da hora da partida. Tudo bem. E como a temperatura ambiente estava um pouco mais alta do que seria de esperar podíamos ter ali um refrescante para quando, nas primeiras subidas, começássemos a suar um pouco. Parecia que estava tudo previsto.
As luzes dos frontais dão uma envolvência fora do comum. A escuridão da noite desaparece principalmente nas zonas onde há uma maior aglomeração de atletas.
Depois de uma primeira volta pelas ruas de Sintra entramos finalmente em ambiente de Trail. Vamos ter de tudo a que temos direito num Trail. Subidas mais ou menos acentuadas, degraus bastante escorregadios a apelar à atenção dos atletas e até uma subida/escalada com recurso a uma corda e a ajuda, quando necessária dos elementos da organização presentes nestes pontos mais difíceis.
Aliás a organização da prova esteve em grande plano. O percurso estava bastante bem sinalizado e nos pontos de bifurcação, ou de algum troço a exigir mais atenção, lá estava alguém a zelar por que não nos enganássemos no percurso e que tudo corresse bem.
Melhor é difícil.
Os quilómetros passaram-se sem que nos apercebêssemos.
Estava previsto um único abastecimento por volta do quilómetro 7,5. Foram colocadas bananas à disposição dos atletas. Só que estavam um pouco verdes. Abastecimento de água não foi necessário dado que o desgaste tinha sido razoável.
Reentramos na Vila de Sintra para acelerar até à Meta.
Só temos boas recordações deste Sintra Trail Monte da Lua, “by night".
Prova a repetir em próximas edições.
E agora ficamos a aguardar pela abertura das inscrições para a Corrida do Fim da Europa.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
Férias são para descansar, para recuperar as energias necessárias para o regresso à nossa actividade diária que se vai estender nos próximos onze longos meses.
As Férias são a oportunidade ideal para recuperar dos dias mal dormidos, apesar dos especialistas afirmarem que nunca recuperamos o sono perdido. Mas se assim não o é em termos fisiológicos pelo menos recuperamos em termos psicológicos. Não há nada como uma noite bem dormida para se começar um novo dia cheios de energia para podermos fazer tudo o que nos apetece.
É em Férias que pomos algumas leituras em dia. É também em Férias que avançamos um pouco mais naquele livro que estamos a tentar escrever, mas que não lhe conseguimos dedicar o tempo suficiente no final de cada dia da nossa rotina diária de trabalho.
E as Férias são a boa oportunidade para visitar aqueles locais que temos vindo a adiar.
É também em Férias que recuperamos algumas amizades que fomos esquecendo ao longo do ano. E é também nesta altura que visitamos aqueles familiares mais afastados e com os quais habitualmente apenas contactamos por telefone.
Mas as Férias também podem ser uma óptima oportunidade para recuperar a forma física e eliminar aqueles indesejáveis “quilitos” extra que vamos ganhando ao longo do ano.
E podia ficar aqui a desfiar um rol de coisas às quais nos dedicamos durante Férias.
Estando a gozar uma semana de descanso na maravilhosa “Paisagem Protegida da Serra do Açôr”, aproveitei para participar na nona edição do Benfeita Trail, prova da qual guardo boas recordações da minha participação em 2015.
Quando verifiquei que já tinha terminado o prazo das inscrições enviei por volta da meia-noite de domingo uma mensagem para a organização da prova a solicitar que aceitassem a minha inscrição. Como não obtive resposta na segunda-feira de manhã liguei para o telemóvel de um elemento da organização. A resposta foi positiva. Enviei de imediato um SMS com todos os elementos necessários.
O Benfeita Trail tinha três Modalidades:
Como é meu hábito, e com alguma inconsciência pelo meio, atirei-me sem qualquer pejo para o Trail 22 K. Em 2015 fiz a prova de 28 quilómetros sem problemas de maior pelo que considerei que uma distância inferior estaria perfeitamente ao meu alcance.
No Sábado, véspera da prova, desloquei-me à Benfeita para levantar o meu dorsal. Foi então que comecei a ficar um pouco apreensivo quando me avisaram que ao longo do Trail 22K nos estavam reservados alguns “mimos” havendo mesmo uma “hora de corte” a partir da qual não seria permitido aos atletas seguirem até ao final da prova atacando o último grande desafio.
Fiquei toda a noite a pensar nisto. Quando acordei a minha disposição para a prova não era muito grande tendo mesmo pensado em não comparecer à partida.
A Ana, minha mulher, sugeriu-me mudar para o Trail 12K, que certamente estaria à minha altura. E assim fiz.
Quando chegámos à Benfeita a animação já era grande, aliás demasiado grande para esta pacata freguesia do concelho de Arganil e uma das “Aldeias de Xisto”.
A cada minuto que passava considerava como acertada a minha decisão. Aliás houve mais atletas que trocaram o Trail mais longo pelo mais curto. Olhando em redor verificava que a esmagadora maioria dos atletas apresentava um perfil de alta competição. Se me incluísse naquela prova com grande certeza que seria relegado para o fim fazendo praticamente toda a corrida sozinho. E este é precisamente o ambiente oposto ao que se encontra habitualmente em corridas de Trail.
Antes da partida tem lugar o habitual “briefing” sendo dado destaque à tal barreira horária por volta do quilómetro dezoito.
O perfil altimétrico era um pouco assustador.
Finalmente começam as hostilidades. O primeiro terço da prova, se assim lhe podemos chamar, são coincidentes para os dois Trails. Os primeiros três quilómetros começam logo a exigir o máximo dos atletas. Desde subidas quase a rastejar, até descidas muito técnicas, mostravam que estávamos a participar numa corrida de trilhos a sério. As paisagens são deslumbrantes e percorremos trilhos que habitualmente não estão acessíveis a quem passa por esta zona. Em determinada altura entramos para zonas mais interiores. Subitamente passamos por um pequeno passadiço. À esquerda deparo-me com uma meio escondida cascata, uma espécie de miniatura da ultraconhecida “Fraga da Pena”. Ainda pensei tirar uma foto com o meu telemóvel, mas, com o receio de perder o contacto com alguns atletas com os quais seguia, optei por avançar por uma pequena ribeira por onde escoava a água daquela cascata. Mais tarde tentarei voltar a este local.
De regresso à Benfeita chegamos ao primeiro abastecimento que é, simultaneamente, o ponto de separação dos dois Trail.
Um pouco mais à frente chega-se à tal “barreira horária” do Trail Longo. Daí para a frente temos o último desafio que virá também a ser percorrido pelos atletas do Trail 22K. Fiquei satisfeito pois normalmente é hábito reservarem-nos para o final grandes surpresas. E eu gostava de as conhecer.
Quando cheguei a Pais das Donas concluo que, afinal, este último segmento até era perfeitamente fazível sem problemas de maior.
No último abastecimento sou ultrapassado pelo primeiro atleta dos 22 quilómetros. Boa. Deste modo posso aferir qual o andamento destes “profissionais” coisa que sempre desejei, mas que nunca tive tal oportunidade. Realmente têm uma diferença de ritmo assinalável, mesmo depois de dezasseis quilómetros nas pernas.
A última parte, antes da descida final, é feita em estradões de montanha sem grande dificuldade ou inclinação. A paisagem é magnífica. Parece que estou no topo do Mundo. Tudo está abaixo de mim. Em Luadas está uma placa bastante animadora indicando que devemos virar à direita e que a Meta está a 1 Km. E é nesta parte final, um pouco mais à frente, que alguns atletas se enganam no percurso fruto da deficiente marcação meio escondida no chão.
A derradeira descida é um pouco de cortar a respiração. É nela que sou ultrapassado por vários atletas da competição maior. Enquanto tento equilibrar-me, e evitar quedas desagradáveis, os “prós” até parece que voam.
Retorno à Benfeita e ao ponto de partida. Corto a meta com uma sensação de dever cumprido. Mas também acho que tinha reservas para muito mais. Talvez até conseguisse fazer o Trail Longo e sem ser barrado. Uma certeza tenho. Provavelmente faria toda a prova sozinho.
Talvez para o ano, mais bem preparado, ganhe coragem para me inscrever no Trail mais longo.
Percorre-me um sentimento de alguma culpa. Mais uma vez contrariei os conselhos da minha médica que me operou ao menisco. Continuo a dedicar-me mais às Corridas de Trilhos, embora com maiores precauções.
Não vejo a Ana. Ainda estava na Portela da Cerdeira. Pouco tempo depois reencontramo-nos e assistimos à chegada de muitos atletas de ambos os Trail.
Ao longe vemos os atletas a iniciarem a última descida.
Reparamos, particularmente, num atleta que desce muito lentamente dentro da segurança possível. Era o atleta responsável por fechar o pelotão de todas as provas. Terminou em boas condições, sempre com a ajuda do seu bastão.
Regresso a casa para recuperar.
Foi um final de férias em beleza.
[Cr+onica de Carlos Gonçalves]
O Trail dos Moinhos Saloios foi a minha última prova de trilhos antes da operação ao menisco e da pandemia, no longinquo ano de 2019. Por estes motivos era grande a minha expectativa ao voltar pela terceira vez a uma prova que me deixou boas recordações mas também pela sua exigência em termos físicos para aferir a minha condição actual.
O gráfico da altimetria era um pouco assustador.
É verdade que os desníveis não são vencidos em linha recta pelo que, na realidade, a situação não é assim tão dramática. No entanto é sempre com respeito, e alguma crença em como tudo vai correr bem, que abordamos estas situações.
À chegada à Venda do PInheiro, e após o levantamento do meu dorsal, olhei em redor à procura de caras conhecidas. Encontrei alguns/algumas atletas habitualmente presentes em provas de trilhos e que, para satisfação minha, marcaram o ponto mostrando que continuam aí para as curvas, no que às provas de trilhos diz respeito. Mas, ao mesmo tempo, constacto que não são muitos os atletas presentes. Uma centena, ou talvez duas, mas a dividir pelo "Trail Longo e pelo "Trail Curto", e com o aspecto de atletas bem preparados. Assim corria sérios riscos de vir a ser ultrapassado por todos. É verdade que não é a classificação que me move para a participação em corridas, principalmente na modalidade de trilhos. Mas que não é muito agradável ficar em último é uma certeza. Ainda por cima vejo o atleta "Vassoura" que, curiosamente, também se chamava Carlos Gonçalves. Olá, será que vão terminar a prova dois atletas em conjunto com o mesmo nome? Verifiquei, pela cor azul do Dorsal, que, afinal, era o "Vassoura" mas do Trilho Curto. Fiquei um pouco mais descansado.
Parti para a minha prova com o mesmo espírito de sempre. Divertir-me, disfrutar ao máximo de toda a envolvência, e terminar a prova com um mínimo de dignidade e de alguma frescura física, se é que se pode falar em frescura física após vinte e cinco quilómetros de luta em ambiente de "Trail".
O gráfico da altimetria não mentia. Iríamos ter pela frente uma corrida em contínuo "sobe e desce". Com um percurso bastante renovado, pelo menos em comparação com a edição de 2019, nem por isso deixou de se mostrar à altura. Esta realidade tem sido uma constante no Trilho dos Moinhos Saloios. Nas três vezes em que participei nesta corrida o percurso nunca foi o mesmo. Este ano só mesmo o início e o fim foram os mesmos de há três anos, assim como a terrível subia ao Poste de Alta Tensão.
Poucos troços planos e, curiosamente, até fiquei com a sensação de que eram mais longas as descidas do que as subidas. Até pode ser sido verdade em termos de distância. Talvez as subidas tenham sido curtas e duras mas, no final, tendo regressado exactamente ao ponto de partida, significa que os desníveis acumulados positivo e negativo compensaram-se.
Quando chegamos a um ponto alto vemos paisagens de grande beleza. É nestes momentos que no sentimos pequeninos no meio daquela vastidão de montes e vales. Mas não podemos concentrar muito a nossa atenção na paisagem pois o piso não é regular e facilmente podemos tropeçar nalguma pedra e darmos um valente trambolhão.
Ao longo da corrida vão-se definindo posições entre os atletas de diferentes andamentos. E vão-se também começando pequenas competições entre atletas que têm um andamento idêntico ao nosso.
Tendo já sido ultrapassado pelos mais rápidos começo a ter a presença constante na minha retaguarda de uma atleta munida de bastões e que ora se aproximava de mim, nas subidas, ora se afastava nos troços planos ou a descer dado que nessa altura retomo o meu passo de corrida. Vou aguardar pelo fim para ver quem irá vencer esta pequena competição.
Em determinada altura, e após ter entrado numa estrada alcatroada, começo uma subida bastante íngreme que me leva até ao Alto do Urzeira. Após ter percorrido cerca de cento e cinquenta metros reparo que não há qualquer fita sinalizadora indicando o caminho a seguir. Ter-me-ei enganado ao entrar no alcatrão? Inverto o andamento e verifico que devia ter virado à esquerda ao invés de seguir pela estrada alcatroada.
Com este engano perdi o contacto com a minha "parceira" de corrida. Mas como me estava a sentir bem encarei com espírito positivo os quilómetros finais e as últimas e terríveis escaladas. Reparei, através do gráfico de desníveis do meu relógio de corrida SUUNTO, que num pequeno troço, subida ultrapassei mais de cem metros de desnível em pouco tempo. Já sabia que as subidas eram duras.
Continuei o meu "passeio" sozinho. Estava a sentir-me bem e, contrariamente ao que muitas vezes acontece, nunca falei mal da corrida e nunca me apeteceu desistir apesar de estar em completo isolamento. De outros atletas nem vivalma. Apenas me cruzava com alguém nos últimos abastecimentos ou nos Postos de Controlo.
Tinha gravado na minha cabeça o mapa da altimetria. Tinha consciência de que, por volta do quilómetro vinte e dois, mais coisa menos coisa, tinha de atacar a última "parede". A partir desse ponto era sempre a descer até à meta. Psicologicamente estava bem preparado para este último desafio.
"Só mais uma pequens subidinha e depois é sempre a descer até ao Parque Desportivo da Venda do Pinheiro", avisou-me um membro da organização que, como muitos outros, estava colocado num ponto estratégico para impedir que seguisse por caminhos errados.
Terminei bem. Maior foi a minha satisfação quando soube que ainda havia alguns atletas mais atrasados.
Em jeito de conclusão considero que este Trilho dos Moinhos Saloios foi uma prova com a distância e a dureza correctas para o meu actual estado de condição física. Mesmo o meu joelho esquerdo não refilou muito comigo após algumas descidas que fiz de forma mais violenta e mais arriscada do que devia. Se a minha médica que me operou ao mesnisco ali estivesse certamente que me teria dado bem na cabeça. Mas prometo que não vou exagerar tanto como antigamente.
Para a organização atribuo uma classificação de "Cinco Estrelas". O único reparo e sugestão que fiz foi de na próxima edição partirem em primeiro lugar os atletas do Trilho Curto e só depois os da prova mais longa.
Antes de me dirigir ao meu carro dediquei algum tempo a exercícios de alongamentos tão necessários e aconselháveis em face do esforço dispendido. Retirei mesmo algumas pedras de gelo, que estavam num alguidar a arrefecer garrafas de Coca-Cola, para massajar convenientemente os músculos das pernas.
Mesmo assim não me livrei de, alguns quilómetros mais à frente, me ver obrigado a parar a minha viatura devido a um ataque de cãibras que me impediam de conduzir em segurança até casa. São os ossos do ofício.
E para o próximo ano, se houver esta prova, cá estarei de novo. E terei companhia de alguns dos meus colegas?
[Crónica de Carlos Gonçalves]
Mais uma “clássica” a regressar após dois anos de anos de ausência devido à pandemia do Covid19.
Habitualmente agendada para o final de Março, a edição de 2022 foi deslocada para o mês de Maio com o objectivo de minimizar os riscos existentes em termos de pandemia e diminuir os constrangimentos relacionados com grandes ajuntamentos de pessoas.
Com este adiamento corria-se sérios riscos de a prova vir a realizar-se com uma temperatura um pouco mais amena do que a habitual, contribuindo para aumentar a dificuldade dos atletas em cumprirem os 21,0975 quilómetros em condições próximas das ideais.
E confirmaram-se as piores expectativas. Para azar da maioria dos participantes a Meia Maratona Lisboa 2022 realizou-se debaixo de um calor pouco propício para uma corrida com uma distância assinalável.
A organização poderia ter minimizado um pouco a situação se tivesse marcado a hora da partida para uma hora mais cedo. Mas todos sabemos como a logística desta prova é complicada. Para permitir a sempre apreciada travessia da Ponte 25 de Abril a pé, a maioria dos atletas, oriundos de Lisboa, é obrigada a apanhar bem cedo o comboio da FERTAGUS rumo à Estação do Pragal o que não se afigura nada fácil. E para aqueles que optam por deixar de manhã o carro nas imediações de uma estação do comboio têm um problema acrescido no final da Meia Maratona dado que a mais próxima é bastante longe da meta. Mas esta é uma realidade já bem conhecida de todos e não é por este motivo que a Meia Maratona de Lisboa deixa de ter largos milhares de atletas.
Não há entrega de dorsais no próprio dia da corrida pelo que os atletas têm de se deslocar de véspera à Feira do Desporto situada numa tenda nas imediações do Centro Cultural de Belém.
Em primeiro lugar temos de levantar o dorsal mediante a apresentação do comprovativo da inscrição de cada atleta. Cumprida esta primeira formalidade temos de nos dirigir até à zona de entrega da camisola oficial da prova que este ano tem um "design" diferente do habitual, estando em grande destaque a imagem da Ponte sobre o Tejo, verdadeiro “ex-libris” da Meia-Maratona de Lisboa.
Como é habitual a animação é bastante grande e estabelece-se um primeiro contacto com os atletas das duas provas competitivas. Facilmente se percebe que muitos são os atletas de outros Países que, uma vez mais, visitam a nossa Capital. Conseguem assim juntar a visita a uma das cidades mais bonitas da Europa com a participação na Meia Maratona mais rápida do Mundo. Esta adesão dos estrangeiros é assinalada por uma colaboradora da Xistarca que estava a dar apoio à entrega do “kit” de participante.
“Finalmente tenho portugueses à minha frente. Durante toda a manhã só me têm aparecido estrangeiros”.
Vários são os “stands” de venda de material desportivo ou até de promoção de entidades que apoiam a prova. Aproveito para comprar umas meias para estrear no dia seguinte na corrida. Aprovadas, tendo corrido o risco de fazer uma prova desta envergadura com material novo ainda não testado.
Com o Frederico ainda a recuperar da pneumonia que o atirou para o estaleiro, responderam à chamada o João Valério, o Carlos Teixeira e o Carlos Gonçalves. O ponto de encontro dos dois Carlos foi a rotunda na zona do Pragal e imediatamente antes da descida para a Praça da Portagem. Ambos os atletas deslocaram-se utilizando o comboio da Fertagus.
Bem cedo se nota uma grande animação. Àquela hora da manhã as carruagens são esmagadoramente ocupadas por atletas com o dorsal ao peito. Logo à saída da Estação de Comboios do Pragal encontramos uma primeira banda contribuindo para a criação de um ambiente de Festa.
Calmamente as pessoas deslocam-se até ao local da respectiva partida. Crianças e Adultos dão um colorido especial.
O primeiro encontro entre atletas das LEBRES E TARTARUGAS dá-se quando o João Valério aparece na companhia de dois amigos e com os quais vai correr a prova da Meia-Maratona. Cerca de quinze minutos mais tarde surge o Carlos Teixeira com um ar um pouco apreensivo em face da expectativa de vir a ter uma corrida debaixo de um Sol abrasador e com uma temperatura demasiado alta para as suas aspirações. Escusado será dizer que o Carlos Gonçalves era, muito provavelmente, dos poucos que via com bons olhos o cenário de calor que a todos aguardava.
Às dez e vinte começa a prova da Meia Maratona. Trinta e cinco minutos mais tarde dar-se-ia o tiro de partida para a corrida de dez quilómetros.
Apesar da separação das duas provas a travessia da Ponte 25 de Abril é feita um pouco aos soluços com muitos “empatas” a dificultarem a vida a quem almejava obter uma boa marca. Já não bastava o calor que se fazia sentir quanto mais muitos atletas que, em virtude de um ritmo mais lento, dificultavam a fluidez da travessia.
Deixamos para trás a Ponte sobre o Tejo e rumamos ao Cais do Sodré. O traçado é o mesmo desde há muitos anos pelo que não há grandes surpresas. Do outro lado da Avenida 24 de Julho vemos os principais candidatos à vitória na prova já a correrem em sentido contrário. Como o andamento é bem diferente do da maioria dos restantes participantes.
Nesta fase ainda sentimos, por vezes, uma agradável brisa fresca.
Depois da primeira inversão de sentido preparamo-nos para atacar a longa recta até ao Dafundo onde, ao quilómetro dezassete, fazemos a viragem para o troço final só parando na Meta junto ao Centro Cultural de Belém. Até Algés ainda temos algumas sombras retemperadoras aproveitadas pela maioria dos atletas. Da Estação de Comboios para a frente entramos na parte mais difícil por ser de uma aridez pouco desejada pela maioria.
Mas também presenciamos, aqui ou ali, alguns atletas caídos no alcatrão e com equipas médicas a tentarem a sua recuperação. É certo que estava muito calor, mas chegamos à conclusão de que há muitos atletas partem sem preparação minimamente adequada para uma corrida com este grau de dificuldade. Uma regra de ouro em provas de longa distância é adoptarmos um ritmo constante, talvez até mais lento daquilo que conseguimos em circunstâncias normais, mas que nos permita cumprir os cerca de vinte e um quilómetros sem grandes sobressaltos. E, para surpresa de todos, os atletas que vimos com assistência médica eram todos de uma faixa etária na casa dos trinta e poucos anos. Dá que pensar. Soube-se mais tarde que um atleta dos Países Baixos veio a falecer após ter cumprido a Meia-Maratona de Lisboa.
Em face da dureza da prova, tendo em consideração a distância e a alta temperatura, deve-se salientar a existência de bastantes abastecimentos com água, bebidas isotónicas e até suplementos alimentares. Uma vez mais a organização esteve à altura dos seus pergaminhos.
Valeu a pena. Foi mais uma corrida que fica nas nossas memórias.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
Em tempo de tentativas de regresso à normalidade já faltava a Corrida do 1º de Maio.
Se bem que longe do fulgor dos tempos de pré-pandemia, a Corrida do 1º de Maio voltou a trazer o colorido, a diversidade de atletas e a animação às ruas de Lisboa. Menos atletas e, sobretudo, menos, muito menos, estrangeiros que têm dado o toque de internacionalização a esta Corrida que a CGTP põe de pé há 39 anos, não beliscam em nada o passado desta prova. Não precisamos de recuar muito no tempo para que encontremos mais atletas do que os que marcaram presença este ano no Estádio 1º de Maio para comemorar, à sua maneira, o Dia do Trabalhador.
Em jeito de balanço basta-nos visitar as estatísticas dos últimos dez para verificarmos que, com a presença de 678 atletas que cruzaram a Meta, a edição de 2022 significou um “desconto” da ordem dos quarenta por cento em face dos mais de 1000 atletas que marcaram presença nas últimas dez edições.
Sem dois dos seus mais activos atletas em terras lusas, a equipa das LEBRES E TARTARUGAS esteve representada pelo “grupo” dos Carlos – Teixeira e Gonçalves – marcando, uma vez mais, presença numa das mais populares corridas de estrada e, ainda por cima, com uma distância pouco habitual. Ou há as corridas de dez quilómetros ou há as mais extendidas Meias-Maratonas e Maratonas. Quinze quilómetros é que não é uma distância muito usual no que a prova de estrada diga respeito.
O Frederico ainda esteve representado, e muito bem, embora de forma indirecta, com o seu dorsal entregue à Mónica Miguéis, uma colega de trabalho do Carlos Teixeira. Assinale-se que esta atleta é uma “habituée” das provas de Fundo normalmente em representação da equipa “Run 4 Fun”.
Diversas vezes temos referido que a Corrida do 1º de Maio mantém um êxito digno de registo se tivermos em linha de conta que, pelo menos no passado mais recente, não tem havido alterações dignas de “monta”. Começando e terminando na Pista de Atletismo do Estado 1º de Maio, o traçado desenvolve-se ao longo de dois dos principais eixos viários que cruzam a cidade de Lisboa. Por não haverem surpresas talvez este seja o motivo pelo qual os atletas se entregam de corpo e alma a esta corrida. Não têm de se preocupar com as eventuais dificuldades do percurso guardando o seu pensamento para total fruição deste encontro entre “pares” de um mesmo “hobby”.
Algumas caras conhecidas que teimam em abandonar o seu desporto de eleição. A vida continua e muito em breve, também neste capítulo, poderemos afirmar com mais convicção que regressámos à normalidade. Alguém ainda se lembra das restrições do Covid 19 que nos obrigavam a comparecer à partida escondidos atrás de uma qualquer máscara protectora? Já faz parte do passado.
E já no próximo fim de semana as LEBRES E TARTARUGAS voltam à estrada e ao local onde tudo começou. Falamos precisamente da Meia Maratona EDP de Lisboa com partida na Praça da Portagem e com a travessia da Ponte 25 de Abril. Um pouco mais tarde do que é habitual, talvez para aguardar por fase de maior abrandamento da pandemia que nos assolou, os atletas vão voltar a encontrar a animação que normalmente envolve esta Meia Maratona.
E espera-se bom tempo com o Sol bem lá ano alto estando afastado todo e qualquer cenário de chuva e com a temperatura do ar a aproximar-se de valores mais próximos do Verão.
[Crónica de Carlos Gonçalves]
. CORRIDA DO FIM DA EUROPA ...
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