10 de Junho. Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, e antigamente também designado por “Dia da Raça”.
Sendo este dia Feriado Nacional todos os Portugueses festejam, à sua maneira, o dia do seu País. Seja acompanhando em directo ou pela Televisão as comemorações oficiais, seja participando em qualquer tipo de evento alusivo ao 10 de Junho, ou seja simplesmente a descansar, cada um decide o que fazer para celebrar condignamente o dia de PORTUGAL.
E o “Trail Runner Solitário” das LEBRES E TARTARUGAS decidiu, à semelhança dos dois anos anteriores, evocar o dia de Portugal fazendo aquilo de que mais gosta, em termos desportivos falando. Pelo terceiro ano consecutivo foi até à zona de Torres Vedras para participar no Extreme Trail Cucos. Sendo totalista nesta prova, e depois de uma primeira participação na versão mais curta, nessa altura em companhia do Frederico, o Carlos Gonçalves voltou a desafiar o Trail longo com uma distância maior e um grau de dificuldade acrescido.
No primeiro dia de um fim-de-semana XL para a maioria dos Portugueses, e XXL em particular para os Lisboetas, o atleta teve de madrugar para se preparar em condições para o grande dia que iria ter pela frente. Eram seis da manhã quando o despertador tocou. Num ápice o atleta abandona o aconchego do leito e lança-se às tarefas prioritárias: organização da mochila com todo o equipamento necessário e ingestão de um pequeno almoço que deveria ser naturalmente mais frugal. E, como acontece no dia de uma qualquer corrida, há necessidades fisiológicas que têm de ser satisfeitas para não vir a ter qualquer contratempo em plena actuação do “artista”.
Às sete e um quarto o atleta senta-se ao volante do seu automóvel e parte em direcção a Torres Vedras. Por ser bastante cedo, e principalmente por ser fim-de-semana, a viagem não deveria levar mais do que quarenta e cinco minutos. Há muito que o Sol já brilhava. Atravessando o rio Tejo pela bela Ponte 25 de Abril disfrutamos de imagens de rara beleza da nossa magnífica cidade de Lisboa. Nada melhor para começar bem um dia que se previa fantástico e cheio de emoções.
Chego às antigas Termas dos Cucos e a animação já é grande.
Nas provas de “Trail Running” os atletas optam por chegar mais cedo. Além do levantamento dos dorsais há que ultimar os preparativos para que nada falte. O espírito é diferente, menos competitivo e mais de interacção entre os atletas. Mais do que competirem a grande maioria dos “trailistas” está ali essencialmente para se divertir.
Tiram-se as habituais fotografias de circunstância. E como o atleta das LEBRES E TARTARUGAS está sozinho tem de pedir a alguém para lhe tirar uma foto com o antigo edifício das Termas como pano de fundo. Ainda tentou encontrar alguma “lebre” disponível para esta tarefa. Mas como todas pareciam estar ocupadas teve de pedir ajuda a um atleta masculino.
Comunica por “WhatsApp” com os seus familiares: “Pronto para mais um Trail Run”. Começam a chover as perguntas de quem já está acordado e perto do telemóvel: “Foste sozinho? Boa Prova”.
Faltava um quarto para as nove e começa o “briefing”. São-nos transmitidas informações úteis para a corrida. Desde do tipo de traçado, às fitas e setas sinalizadoras do percurso, e aos alertas para algumas zonas mais complicadas, todos tomam, se é que não tinham já tomado, consciência daquilo que os espera. Os primeiros quinze quilómetros (que mais tarde verifiquei serem apenas pouco mais do que treze) são os mais acessíveis. À passagem pelas Termas dos Cucos os atletas do Trail longo deverão seguir o seu caminho tendo pela frente um percurso com cerca de noventa por cento de trilhos mais técnicos e necessariamente mais exigentes. “É a melhor parte da prova”, como refere o “speaker” da organização.
Segue-se um curto aquecimento coordenado por um animador do Kalorias, ginásio de Torres Vedras.
Quando é dado o sinal de partida partem em simultâneo tanto os trailistas como os caminheiros. Parte do traçado é o mesmo do ano passado. Mas a organização encarregou-se de introduzir algumas alterações cirúrgicas para não só trazer novidades relativamente a 2015 mas também para aumentar um pouco o grau de dificuldade do “trail curto”. Devido a uma maior concentração de atletas os congestionamentos são maiores sempre que há algum estrangulamento no percurso. Muita conversa e muita fotografia conferem uma animação só visível em corridas de trilhos. Os que querem ganhar algum prémio há muito que despareceram. Para trás ficam os que se querem divertir, ou seja a maioria.
No regresso às Termas dos Cucos os atletas do Trail Curto dão por terminada a sua prestação. Os mais ousados e mais corajosos lançam-se à segunda parte da corrida conscientes do que os espera. Só para começar temos logo uma subida íngreme, com degraus pelo meio, e como que a meter-nos em “sentido”. Apesar das dificuldades, e que foram muitas, os quilómetros até parecem não custar a passar. Num constante “sobe e desce” vamos ultrapassando os vários obstáculos. E se as escaladas pedem para darmos tudo aquilo que temos, e o que não temos, há algumas descidas em que controlar cada passo é deveras complicado se não quisermos estatelarmo-nos ao comprido e com grandes mazelas. Dei comigo a pensar que por vezez é preferível uma subida, mesmo das mais exigentes, às descidas que quase tive de fazer de gatas pois os meus já gastos ténis apresentavam uma tracção idêntica à de umas sapatilhas de estrada.
No último Posto de Abastecimento chego à conclusão, tal como no ano passado, que afinal o trail longo não chegaria aos trinta quilómetros. Ainda bem. “Mais vale a menos do que a mais”, como digo a um atleta que já só pensa em desistir. Há muito que as forças tinham desaparecido e a vontade de terminar era pouca. Tento animá-lo e convencê-lo a levar a prova até ao fim. Pela minha experiência de há um ano, e sem saber se a partir daquele ponto o percurso seria o mesmo, convenço o colega de que o mais difícil já tinha ficado para trás. “Vemo-nos na meta". Mas sinceramente não fiquei muito convencido de aquele companheiro levaria em conta as minhas palavras.
Com o andar da prova chego à conclusão que a parte final do percurso se mantém inalterável relativamente a 2015.
Reencontro o troço de uma ribeira seca e cheia de pedregulhos. E um pouco mais à frente reencontro o atleta que tinha ameaçado desistir no Posto de Abastecimento. Ainda bem e ele agradeceu-me por lhe ter incutido o ânimo necessário para levar de vencida a etapa final.
Uma última subida, ligeira e curta em comparação com o que já tínhamos feito, leva-nos à ribeira que antecede a chegada à zona Termal dos Cucos. Este ano o caudal de água é maior dificultando substancialmente as últimas centenas de metros. Forma-se um pequeno grupo de três atletas em que cada um tenta animar os outros o melhor que pode e que consegue. A palavra de ordem é tentarmos terminar a corrida abaixo das seis horas.
Prova superada. E afinal, pelo menos no meu Garmin, constato que os trinta quilómetros do Trail Longo se ficaram por apenas vinte e seis.
“Terminei. Foi muito mas MUITO BOM”. Comunico aos meus familiares a conclusão da prova.
“Estás bem?” perguntam-me. “Estou bem. Apenas um pouco cansado. Já comi uma sopa, vou mudar de camisola e partir para casa”.
Tinha terminado mais uma aventura, daquelas de que gosto mais. Mas também fico com a certeza de que voltarei em 2017 para a quarta edição do Extreme Trail Cucos, se possível com a companhia de mais algum TARTARUGA.
Atletas que concluiram a prova: 90
Vencedor: FÁBIO FONTOURA (Turres Trail Clube) - 2:55:22,4
CARLOS GONÇALVES (Dorsal Nº 46)
Classificação Geral: 81º - Classificação no Escalão M60: 4º
Tempo Oficial: 5:51:39/Tempo Cronometrado (Tempo do Chip): Não divulgado
Tempo médio/Km: 11m:43s <=> Velocidade média: 5,12 Km/h (*)
(*) - O Tempo médio/Km e a Velocidade média foram calculados em função dos tempos cronometrados (tempo do chip)
Calendário para o Mês de Junho
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. MEIA MARATONA DE S. JOÃO ...